quarta-feira, 27 de novembro de 2013

MEU BRASÃO FAMILIAR

NOVA GAIA

       Ao iniciarmos o mês de Dezembro, vemos renovarem-se os sonhos, desejos e esperanças de uma nova oportunidade. 
        Não é por acaso que, já nos primeiros dias do mês, dentre as inúmeras comemorações que antecedem o natal, reserva-se, por todo o planeta, um pequeno espaço de tempo para refletir sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e sobre o quão longe ainda estamos de lhes proporcionar a verdadeira inclusão.      
   Para não deixar passar em branco esta oportunidade, transcrevo abaixo um pequeno artigo que elaborei, submetendo-o à crítica ou deleite dos leitores. 

       “NOVA GAIA” 

     Em uma galáxia distante, perdida na imensidão do Cosmos, encontramos desenvolvendo-se de forma exponencial, em uma Federação de Planetas, uma civilização que já há milhares de anos vêm, de forma gradativa, galgando seu lugar junto ao panteão dos deuses no Universo, chegando quase a aproximar-se do próprio Intelecto, citado por Plotino. 
      Heterogênea em sua formação e ocupando um significativo número de planetoides, o que confere a seus ocupantes, dadas as condições existentes em cada um, certas características particulares, predominantes que, apesar da diversidade de formas, mantém a essência, o Eidos da espécie. 
      Existe, por exemplo, um planeta onde não há luz. 
     Seus ocupantes, diferenciando-se, sem contudo distanciar-se, daquilo que compreendemos na Alegoria Platônica do Sol, aprendem a ver com olhos diferentes dos nossos. 
    Percebem os diferentes matizes, sentindo na pele, as diferentes ondas eletromagnéticas irradiadas pela matéria dos corpos, segundo sua cor espectral, inerente à sua massa. 
    Percebem a forma, a distância, entre objetos e obstáculos, valendo-se de apurado sentido da audição.        
   Veem além do sensível, alcançando a matemática transcendente que emana da mensagem transmitida pela coisa em si. 
    Percebem o movimento, sentindo de forma tátil, os diferentes comprimentos de onda, emitidos pela luz latente, contida nos corpos que se aproximam ou afastam. 
   Em outro planeta, dadas às suas características atmosféricas mui peculiares, o som não se propaga.              Assim, quase que da mesma forma que no vazio do espaço, as palavras não podem ser ditas, já que não há, no ar, aquilo que as transporte. 
   Seus ocupantes, para poder comunicar-se, valem-se da telepatia, o que, de certa forma, obrigou a todos, sem exceção, a pensarem e a praticarem o bem. 
  Como não há segredos, em seu lugar, desenvolveram um apurado senso ético e moral, onde a individualidade, os desejos íntimos de cada um, são por todos respeitados, o que, de certa forma, lhes é suficiente e os tornam felizes. 
    Existe ainda outro, onde a superfície irregular e inacessível, inóspita, obriga os habitantes a se deslocarem por pequenos corredores que conseguiram construir, a duras penas, sobre terrenos arenosos. 
   Pela pouca resistência do solo, tudo por lá é baixo, e o desejo de alcançar o firmamento, as coisas do alto, transformou-se, para eles, numa força solidária que os une e mantém coesa a sua sociedade. 
    Em outro, não há terra, ou melhor, só há pântanos. 
   O curioso lá, é que a água abundante, tal qual a encontrada na fonte de Ponce de León, impede seus habitantes de envelhecer. 
    Eternas crianças, gozam da plenitude da vida, de forma harmônica e integrada com as coisas da natureza, de tal sorte que deixaria o próprio Diógenes com inveja, ou que tornaria Zenão e Epicuro entusiastas candidatos ha mudarem-se para lá. 
    Mas, nem tudo são flores por lá. 
    Existem planetas onde não há chão. 
   Os habitantes movem-se escalando penhascos onde, qualquer queda lhes pode quebrar os ossos e tornar-se fatal. 
   Só conseguem sobreviver, amarrados uns aos outros, compartilhando perigos e oferecendo uma mão amiga àqueles que se cansam da escalada. 
    Apesar disto, nesta galáxia, nas reuniões do Senado, as questões levantadas pelas delegações planetárias, invariavelmente tratam dos assuntos de forma propositiva, solidária, objetivando a expansão da raça; sonhando poder alcançar lugares nunca antes visitados. 
    Nutrem a esperança de encontrar uma "Nova Gaia" que os possa abrigar. 
    Irradiada por brilhante Sol, onde a diversidade de tipos fosse vista, não como alienígena, mas como forma de acelerar o processo de emancipação da espécie. 
    Tão forte é este sentimento entre eles que, na nossa escala de tempo, comemoram festivamente a tarefa por pelo menos uma semana. 
    Algo que, na data da Terra, se inicia lá pelo 3 de Dezembro, mas que, diferentemente daqui, não termina sete dias depois.

Professor Orosco