segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

PARABÉNS AO POVO DO PARÁ

Ontem, dia 11 de Dezembro de 2011, foi realizado um plebiscito para que o povo do estado do Pará decidisse sobre a divisão de seu território e a criação dos novos estados, que seriam chamados Tapajós e Carajás.
Numa demonstração de civilidade e de brasilidade, os paraenses deram ao resto do Brasil uma aula sobre convivência pacífica e chamaram a atenção da nação para seus anseios e problemas.
Para nós, aqui mais ao sul do Equador, distantes a muitas léguas da região, o assunto certamente tinha uma conotação especial.
Para nós, o problema seria, talvez, muito mais de caráter econômico ou de caráter político, preocupados que estávamos em custear, ainda que proporcionalmente, mais 6 (seis) novos senadores da república, novas estruturas administrativas e ver reduzida ainda mais a nossa força no Congresso Nacional, onde a esmagadora população que habita o sul do país já se sente proporcionalmente mal representada quando comparada à do norte.
As informações que temos sobre este importante estado brasileiro, o único representado na Bandeira Nacional acima do dístico “Ordem e Progresso”, são tão poucas e, quase sempre, distorcidas por uma mídia interessada em produzir notícias sensacionalistas e muito pouco representativas, levando-nos a erros de interpretação e julgamento, principalmente quando estas notícias são ligadas à violência, a exploração das riquezas naturais e até mesmo de sua soberania frente a um Capital internacional, de caráter especulativo.
Com o livre exercício do voto, apesar das inúmeras correntes, principalmente as de caráter econômico, o povo do Pará soube manifestar sua opinião sobre o assunto e por isso, é merecedor de todo o nosso respeito e admiração.

O CONTRATO SOCIAL

Segundo Thomas Hobbes (Inglaterra 1588/1679), o teórico do Contrato Social, em um “estado de natureza”, sem a força civilizadora da sociedade e a obrigação política, não existe “conhecimento de face da terra; nem contagem de tempo; nem artes; nem letras; nem sociedade; e, o pior de tudo, o medo contínuo, e o perigo de morte violenta; e a vida do homem, solitária, pobre, vil, bruta e curta”
Desta forma, o homem totalmente livre, em “estado de natureza” seria governado tão somente pelo mesmo tipo de leis aplicadas ao estado físico.
Assim, sem freios sobre as liberdades das pessoas, vivendo em “estado de natureza”, o conflito seria inevitável; uma vez que a liberdade absoluta permitiria que as pessoas tivessem liberdade para matar outros seres humanos, se, de alguma forma, isto facilitasse seus fins.
Para escapar de tal situação, com certeza, qualquer pessoa racional concordaria em abrir mão desta liberdade e em seu lugar, contentar-se em ter tanta liberdade em sua relação para com outros homens quanto permitiria que estes tivessem em relação a elas.
Isso exige que todos aqueles que busquem proteção assinem um “contrato social”, que, de fato, transfira a liberdade absoluta de todas as pessoas para uma única pessoa, ou grupo, que então usa esse poder para manter a paz e garantir a segurança de todos.
É óbvio que existem problemas com esta concepção, uma vez que a idéia de investir o poder absoluto em uma única pessoa é um pouco perturbadora, muito embora seja comumente aceita, por exemplo, numa relação familiar onde o “pai”, provedor e protetor, o ser fisicamente mais forte, determina regras e formas de conduta aos filhos pequenos.
Mesmo aceita por um considerável período de tempo, o fortalecimento natural e vigoroso dos filhos associado à decrepitude e envelhecimento do pai, provocam, também de forma natural, o questionamento desta forma de liderança, absoluta e consentida.
Já, a idéia de investir o poder absoluto em um grupo de pessoas, pai e mãe, por exemplo, minora as resistências individuais e os conflitos, uma vez que a força passa a ser apenas uma das formas de exercício do poder, agora aliada à beleza, fazendo brotar a sabedoria, a idéia do senso comum, da negociação e da flexibilização dos valores em prol do coletivo.
Apesar disto, o investimento de poder absoluto para um grupo de pessoas, não evita os conflitos naturais do crescimento individual, acarretando quase sempre na ruptura dos acordos pré-estabelecidos, onde, por exemplo, o filho ao tornar-se adulto, abandona o lar materno e vai constituir sua própria família.
Para garantir os valores mínimos de liberdade individual, que seja aceito por todos, com a divisão de tarefas, o exercício desta liberdade e o próprio grau de liberdade permitida a cada membro do grupo em relação aos demais, obrigatoriamente precisam ser estabelecidos em um contrato social, de convivência.
Este contrato, flexível ao longo do tempo, aceita a redistribuição de tarefas e dos graus de liberdade oferecida para cada elemento do grupo, como forma de manter coesa a unidade familiar, de tal forma que, mesmo após o filho deixar a casa paterna, os laços umbilicais com os pais se mantenham de forma harmônica e respeitosa.
Extrapolando-se o exemplo para uma sociedade mais complexa, a elaboração de uma “Carta Constitucional”, de um Contrato de Convivência, precisa contemplar a possibilidade de sofrer alterações capazes de contemplar os anseios do grupo à medida que este cresce, metafisicamente falando, e dizer, ser capaz de contemplar aspirações que necessariamente não precisam ser materialistas, pautadas exclusivamente pela razão.
“Os materialistas pensam que todas as entidades existentes são feitas de matéria, ou são atributos da matéria, por exemplo: um pensador estritamente materialista vai negar que fenômenos mentais, como a dor de um dente inflamado, de fato existam.”
O poder delegado para o exercício da liberdade absoluta, por pessoa ou grupo de pessoas, para que possam ser os agentes capazes de atuarem como condutores e promotores da paz e do desenvolvimento, necessariamente precisa ser referendado pelo coletivo, de forma periódica e sistêmica, a fim de garantir que os anseios do grupo sejam atendidos, se não plenamente, pelo menos na maioria de seus desejos.
A alternância no exercício deste poder, de igual forma, sempre referendada pelo coletivo, deve ser igualmente aceita e contemplada neste Contrato Social.
A democracia participativa, até prova em contrário, apesar dos defeitos, ainda é a melhor forma de viver em comunidade.

Professor Orosco



terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Teoria das Conspirações II

Analisando as últimas alterações promovidas na Esplanada dos Ministérios, com a saída de Carlos Lupi da pasta do Trabalho, onde já há alguns anos demonstrava competência e aptidão ( nenhum outro deu tanto trabalho para sair ) pergunto-me se a presidente “PresidentA Dilma” estaria realmente com tanta “bala” assim.
Lembrei-me que o referido ministro alardeou aos quatro ventos que só deixaria o cargo “à bala”, fazendo brotar em minha lembrança a figura de outro trabalhista que deixou o cargo abatido por uma bala, só que desferida contra o seu coração, através de um pijama listrado que, coincidentemente poderia servir de uniforme para boa parte dos moradores da Capital.
Como à época de Getúlio e mais tarde à época de Jânio, as forças ocultas sempre estiveram presentes nos bastidores do governo e até mesmo muito antes deles, fazendo reacender novamente a Teoria das Conspirações.
Segundo Antonio Gramsci em sua célebre obra Cadernos do Cárcere que acabou sendo adotado pelo PT, outrora marxista, o caminho da transformação social passaria pelo potenciamento do termo médio, a sociedade civil, enfraquecendo o Estado e a sociedade econômica.
Numa primeira fase, econômico corporativa, seria necessário organizar o partido das classes subalternas, lutar pelo estado democrático e pela ampliação das franquias democráticas, abrindo espaço e condições para o desenvolvimento de uma ação política revolucionária.
Numa segunda fase, lutar pela hegemonia das classes subalternas sobre a sociedade civil, tornando-a dirigente e criando condições para a tomada do poder.
Numa terceira fase, estatal, tomar o poder, impor a nova ordem e estabelecer o socialismo, etapa provisória e anterior à passagem para o comunismo.
Durante o governo do Dr. Luiz Inácio Lulla da Silva (Doutor Honoris Causa pela Fundação Sciences-Po em Paris), o exercício do poder estava ligado ao seu “primeiro ministro”, o chefe da “Casa Civil” José Dirceu, a quem Lulla deveria entregar o poder.
Malograda esta opção pela intervenção do dono da marca trabalhista (PTB), não restou ao grupo governante outra opção além de conduzir à pasta, outra pessoa que, desconhecida do povo, pudesse ser “o fiel soldado” capaz de dar continuidade ao projeto gramsciano do PT.
Dilma Rousseff, da Casa Civil, sucedendo José Dirceu, é eleita presidente do Brasil e indica Antonio Palocci para comandar as ações do governo, que, por não se mostrar tão afinado com a proposta ideológica pregada por Dirceu, foi o primeiro a cair.
Na seqüência, um atrás do outro, uma fila de ministros deixou o cargo, quase todos denunciados por irregularidades e malversação do dinheiro público, repetindo-se a mesma história.
Os mais alarmistas poderiam até associar isto a “um dedinho” de José Dirceu, digamos que, como forma de troco pelo seu infortúnio no caso do Mensalão.
Já deixaram o poder, além de Palocci (PT), Wagner Rossi da Agricultura, Nelson Jobim da Justiça, Pedro Novais do Turismo, todos do PMDB, Alfredo Nascimento dos Transportes (PR), Orlando Silva dos Esportes (PCdoB), Luiz Sérgio (PT) convidado a deixar as Relações Institucionais e ir “Pescar” e agora Carlos Lupi do Trabalho (PDT).
Acredita-se que estejam a caminho da aposentadoria  Fernando Haddad (PT) que deixaria a pasta da Educação para tentar a prefeitura de São Paulo, Mário Negromonte (PP) Ministro das Cidades, e Edson Lobão das Minas e Energia.
Outros ainda poderiam deixar suas pastas no remanejamento e eliminação dos ministérios, prevista para ocorrer no próximo ano.
Até mesmo Paulo Bernardo do Planejamento chegou a ser ameaçado, sendo momentaneamente blindado pela Casa Civil, cujo comando está ocupado por sua esposa.
Quem acha que estas possibilidades são muito fantasiosas, pode dar uma olhadinha na garagem do Planalto e encontrar José Dirceu despachando com a maior naturalidade.
Se o general encarregado de sua segurança pessoal permitir, talvez se consiga até uma entrevista ou foto com ele.


Professor Orosco

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A São Paulo Pós Apocalipse

Considerando a real possibilidade de que o mundo venha a acabar no dia 21 de Dezembro de 2.012, conforme previsões pautadas no intrincado calendário Maia / Asteca e, considerando que, salvo novas atitudes anti-democráticas que possam vir a ser implementadas em caráter de emergência e pelo bem da Pátria nesta nosso BraZIL varonil, atrevo-me a pensar que a atual gestão municipal pode ser a última que nós, pobres paulistanos, veremos.
Desta forma, fazer uma breve reflexão sobre a Prestação de Contas que nossos administradores (atuais ou antigos) precisarão fazer ao tentarem ingressar exibindo seu Bilhete Único nos portões do Céu, caso se confirmem tão fúnebres possibilidades, seria, no mínimo, contribuir com o Guardião para que ele possa avaliar corretamente aqueles que pretendem conseguir sua permissão para entrar.
Admito que este trabalho também demonstre, ao menos de minha parte, uma real tentativa de Puxar o Saco do porteiro e conseguir sua benemerência para comigo, um servo ávido por poder descansar na eternidade em um local onde correm rios de Hidromel e onde possa desfrutar da companhia de Mil Virgens, que espero poder transformar em 999, 998, 997, etc.
Sobre os fatos passados, a avaliação já está registrada no livro e, embora alguns antigos gestores continuem a afirmar que “Não era eu” ou “Este aí na foto pode até se parecer comigo e estar na cama junto com minha am... secretária, mas afirmo categoricamente que não sou eu”, sabemos que o que vale é o que foi registrado e teve sua firma reconhecida na Inicial do Processo.
Aquela afirmação de que “De Boas intenções o Inferno está Cheio” só vale se o advogado do postulante for incompetente ou que o Inquérito tenha sido mal conduzido, coisa que sabemos ser extremamente rara neste nosso país, com leis e sentenças tão duras e pouco complacentes com os ilícitos praticados.
Assim, discursar sobre os Planos Existentes para que se pudesse executar a melhor administração pública deste nosso município será sempre a melhor defesa para justificar eventuais apontamentos contrários ao ingresso de todos aqueles que almejam entrar no paraíso (não o paraíso fiscal, onde muitos já compraram cadeiras cativas e vitalícias).
Todos os cidadãos sabem que, há bem da verdade, existem vários níveis de decisão e que também existem vários Planos a serem observados por todos aqueles que compõem a gestão pública, quer como membros do executivo, do legislativo e até mesmo dos fiscais do judiciário.
Existem os Planos Estratégicos, com previsão para os próximos 30, 40 ou 50 anos, onde tudo é permitido.
Existem os Planos Diretores, com previsão para os próximos 10 anos, facilmente corrigíveis a cada novo exercício ou a cada nova legislatura.
Existem os Planos de Metas, tão bem detalhados nos períodos de campanha eleitoral.
E, finalmente, existem os Planos Orçamentários, que realmente tentam justificar o injustificável, explicando os contingenciamentos na Saúde, na Educação, na Infra-estrutura Urbana, etc., para que se pudesse realizar este ou aquele evento cultural, midiático, ou até mesmo aquele viaduto que atenderá a estrada que será construída futuramente.
Isto tudo é claro, devidamente atualizado para explicitar à população aquilo que foi feito e garantir que o Tribunal de Contas, em suas modestas instalações, possa aprovar e legitimar tudo que foi gasto, conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Todo este preâmbulo foi necessário para que finalmente eu pudesse comentar sobre o Plano Estratégico SP 2040, tão brilhantemente apresentado no dia de hoje, em um fórum internacional organizado pela prefeitura, nas belas instalações do Ibirapuera, que contou com ilustres representantes de organizações estrangeiras que vieram contribuir trazendo suas experiências sobre “Cases” de sucesso em várias cidades do mundo.
Foram feitas dissertações sobre as Tendências da Cidade sob a ótica de vários quesitos, tipo habitação, poluição, transporte e qualidade de vida, caso se mantenham os atuais modelos e sobre a cidade que desejamos construir para 2040, indicando caminhos possíveis para alcançar estes objetivos.
Rios Vivos, uma das primeiras metas, indicando um excepcional compromisso com a recuperação de córregos e rios, com a implantação dos parques lineares, já em curso na cidade, que nos enche de orgulho e traz à tona todo o saudosismo de quem já pescou nas margens do Tietê.
Dentre outros, apenas para ater-me ao primeiro, faltou explicitar ações que podem obrigar à prefeituras vizinhas ( Guarulhos por exemplo ) a tratar seu esgoto e evitar que o nosso principal rio entre morto na nossa cidade.
O mesmo eu diria para o município de Mauá, que já fere o Tamanduateí logo na nascente e o entrega agonizante para Santo André e São Caetano que se incumbem de matá-lo.
Com um discurso municipalista, poderíamos, apenas para exercer o direito de apresentar uma proposta para o tema, processar estas cidades e cobrar delas, judicialmente, ações que não viessem a ferir o nosso direito de gozar a beleza de ter um rio caudaloso e limpo.
O que achei importante nas colocações sobre as intervenções de sucesso que ouvi dos interlocutores e que pude constatar serem verdadeiras em algumas das cidades citadas, foi o fato de que as propostas partiram da Sociedade Civil Organizada, elaborando um programa e apresentando-o aos candidatos aos futuros pleitos eletivos, forçando-os a assumirem o compromisso de manterem os cronogramas assumidos para seu cumprimento.
Assim, somente para o caso dos Maias estarem equivocados, seria prudente que todo cidadão paulistano atentasse para este plano que será publicitado brevemente, cobrando daqueles que pretendem eleger-se no próximo ano seu compromisso com as metas ali estabelecidas.
Como a esperança que ficou esquecida na Caixa de Pandora e que por isso mesmo foi a última a morrer, vale a pena sonhar com uma São Paulo mais bela, mais justa, que respeite seus habitantes.
Votar pensando na qualificação de nossos gestores, com visão de estadistas e não de meros políticos casuístas, é fazer a sua parte.

Professor Orosco

sábado, 9 de julho de 2011

DIA NACIONAL EM HOMENAGEM ÀS LOIRAS

Neste dia 9 de Julho comemora-se nacionalmente o “Dia das Loiras”, não sei se propositalmente ou apenas por coincidência, tal o respeito e veneração que nosso povo dedica ao intelecto e conhecimento cívico destas beldades sobre as coisas de nossa terra.
Após votar entusiasticamente na enquete sobre a Loira mais bonita num site da Internet, descobri que, curiosamente, o feriado paulista comemorado neste 9 de julho, nada tem a ver com as Loiras. Hoje se comemora os 79 anos da data que marcou o início da Revolução de 1932, a data cívica mais importante do estado de São Paulo e considerada pelos paulistas como sendo o maior movimento cívico de sua história.
Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas e o último grande conflito armado ocorrido no Brasil, deflagrada como uma resposta paulista à Revolução de 1930, que acabava com a autonomia de que os estados gozavam durante a vigência da Constituição de 1891.
A Revolução de 1930 impediu a posse do ex-presidente (atualmente denomina-se governador) do estado de São Paulo Júlio Prestes na presidência da República e derrubou do poder o presidente da república Washington Luís colocando fim à República Velha, invalidando a Constituição de 1891 e instaurando o Governo Provisório, chefiado pelo candidato derrotado das eleições de 1930, Getúlio Vargas.
São Paulo, depois da revolução de 32, voltou a ser governado por paulistas, e, dois anos depois, uma nova constituição foi promulgada, a Constituição de 1934, que iria durar até 1937, quando um novo golpe militar chefiado por Getúlio Vargas novamente rasgou a Constituição e implantou a ditadura no Brasil.
Nos dias que antecederam à revolta, destaca-se a figura de alguns estudantes que organizaram protestos contra Getúlio Vargas e que foram vitimados pela violenta repressão do Estado.
Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade.
Três deles já se encontravam mortos ao final do confronto de 23 de Maio, o quarto morreu em virtude dos ferimentos, algum tempo depois. Um quinto ferido, o estudante Orlando de Oliveira Alvarenga, morreu cerca de três meses depois e, por este motivo, não teve seu nome associado ao movimento.
As iniciais de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo serviram para formar a sigla MMDC que passou a representar uma organização civil clandestina, que, entre outras atividades, oferecia treinamento militar para realizar uma guerrilha que pretendia resistir à ditadura.
Alguns historiadores utilizam a sigla MMDCA em homenagem a Orlando de Oliveira Alvarenga, ferido juntamente com seus colegas Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, mas que veio a falecer em agosto de 1932 em razão dos ferimentos.
À minha vez, como bom paulista, comemoro a data festiva, juntinho a minha Cara Metade que também é Loira, saboreando um belo almoço e bebendo um bom Cabernet e desejando um bom feriado aos meus amigos.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

DAR OU RECEBER?



Durante toda a nossa vida aprendemos que a relação de convivência entre duas ou mais
pessoas baseia-se numa estreita relação de troca.

Baseia-se em dar, oferecer, conceder alguma coisa em troca de receber ou aceitar alguma
coisa, que pode ser de caráter material ou imaterial; concreto ou abstrato; mensurável ou não; ser fruto ou consequencia de uma atitude ou de um sentimento.
Esta relação de troca pode ainda ocorrer de forma harmônica ou de forma antagônica.
Ocorrerá de forma harmônica se a reação for complementar, mesmo que em intensidade
diferente, à ação que a provocou, e ocorrerá de forma antagônica se ocorrer de forma contrária ou em intensidade incompatível com a ação que a provocou. 
Um sorriso respondido com outro sorriso, um abraço com outro abraço, são exemplos harmônicos. 
Uma gentileza respondida por uma grosseria, ou vice versa, é sinônima de reação antagônica que tendem a provocar uma mudança comportamental no ente gerador da ação.
O não pagamento de uma dívida, por exemplo, gera a suspensão do crédito ou de novos fornecimentos. 
A indiferença gera indignação ou provoca animosidade, antepondo-se à intenção inicialmente desejada pela parte geradora da ação. 
E assim por diante. 
Para que uma relação de troca possa ocorrer de forma harmônica é preciso, também, existir certa compatibilidade emocional entre as partes envolvidas, ou ao menos, certa cumplicidade de interesses, e dizer: 
“Alguém precisa querer dar e alguém precisa querer receber”. 
Segundo James Redfield, em sua obra “Profecias Celestinas”, as pessoas, como entes sociais, ao se relacionarem umas com as outras, buscam exercer alguma forma de controle sobre a relação. 

Alimentam-se da energia (metafisicamente falando) uma das outras, fato este que pode facilitar ou que pode dificultar a relação entre elas. 
Esta atitude, natural e negativa, dos homens pode criar antagonismos, ou melhor, incompatibilidades, também naturais, entre os seres de características semelhantes, da mesma forma que pode aproximar pessoas com características diferentes, o que Redfield chamou de “Dramas de Controle”.
Segundo ele, as pessoas ao se relacionarem podem ser divididas em quatro grandes grupos, conforme a postura que adotam.
Podem ser intimidadoras; podem ser distantes; podem ser interrogadoras ou podem adotar uma postura mais defensiva, optando por ser o “coitadinho de mim”. 
Como forças de cargas iguais se repelem e forças com cargas diferentes se atraem, duas pessoas com postura intimidadora sentem dificuldade para se relacionarem, ao passo que uma pessoa intimidadora se sente atraída e realmente necessitando do “coitadinho de mim”.
Cada um, à sua forma, busca drenar a energia do outro, o que pode ocorrer de forma consentida (harmônica) ou de forma conflitante (antagônica). 
Pode ainda ocorrer de forma diferenciada para uma mesma pessoa conforme ela se relaciona com vários indivíduos, e dizer, distante com um, interrogador com outro, etc. 
A correta administração destas energias pelo coletivo consciente pode produzir fenômenos muito positivos (uma sincronicidade), como a egrégora maçônica, por exemplo, onde todos adotando uma posição de doador, acabam por receber muito mais, já que recebem de todos.

Inversamente, quando todos adotam uma postura de recebedor, de “coitadinho de mim”, o ambiente torna-se pesado, desagradável e desconfortável, como num velório, por exemplo, chegando a causar mal estar ao desavisado. 
A exposição ou manutenção deste estado negativo por um coletivo ao longo do tempo acaba por potencializar um fenômeno autodestrutivo nos indivíduos, até como forma de fuga, fazendo aflorar posturas, ou fazendo com que adotem atitudes, socialmente reprováveis. 

Exemplos destas atitudes podem ser cotidianamente observadas em jovens oriundos de lares mau estruturados, indo desde a reprodução de atos violentos (delinqüência juvenil) ao surgimento de transtornos de personalidade. 
Dentre os transtornos de personalidade mais comuns, encontramos: 
O transtorno explosivo intermitente, caracterizado por episódios distintos de fracasso em resistir a impulsos agressivos, resultando em agressões ou destruição de propriedades;
O amor patológico, caracterizado por sintomas de abstinência na ausência do parceiro, onde o indivíduo abandona as atividades antes valorizadas para controlar as atividades do parceiro;  

A cleptomania, caracterizada pelo fracasso recorrente em resistir a impulsos de roubar objetos desnecessários para uso pessoal ou em termos de valor monetário;
A piromania, caracterizada por um padrão incendiário por prazer, gratificação ou alivio de tensão; 
A trocotilomania, caracterizada pelo ato de puxar de forma recorrente os próprios cabelos, como forma de alívio de tensão, acarretando uma perda capilar perceptível;  

O jogo patológico, caracterizado por um comportamento mal adaptativo, recorrente e persistente relacionado a jogos de azar e apostas; 
Automutilação, caracterizado por qualquer comportamento intencional envolvendo agressão direta ao próprio corpo; 
Compras compulsivas, caracterizadas por um excesso de preocupação e desejos relacionados com aquisição de objetos; 
Compulsão sexual, quando o indivíduo necessita cada vez mais sexo para conseguir a mesma satisfação que antes; 
Dependência de jogos eletrônicos ou da internet, caracterizada por uma inabilidade do indivíduo controlar o uso, ou até mesmo da 
Vigorexia, transtorno no qual os indivíduos realizam praticas esportivas continuamente, provocando uma imagem corporal distorcida e uma insatisfação com o próprio corpo. 
Todos estes distúrbios de personalidade, valendo-se dos mesmos critérios descritos por Redfield, são possíveis de tratamento utilizando-se coletivamente o método da doação consentida, que pode ser obtida através da oração (fenômeno associado à recuperação de um delinqüente aprisionado pela prática da religião) ou da adoção de medidas sócio educativas onde o amor e a paciência são ingredientes fundamentais. 
De qualquer forma, o conhecimento e a percepção do “Dar” ou do “Receber” como consequencia natural na relação entre as pessoas, propiciam aos interlocutores uma real possibilidade de crescimento interior e de elevação espiritual.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

POR UMA GESTAÇÃO RESPONSÁVEL

Segundo dados estatísticos estima-se que devam nascer aproximadamente 500 mil novas crianças por ano (de primeira ou segunda gestação) no Estado de São Paulo, sendo quase metade delas nascidas na Região Metropolitana da Capital.

Também, segundo estes mesmos dados estatísticos, estima-se que dentre estas crianças, aproximadamente 50 mil podem apresentar alguma deficiência ao nascer (física, motora, intelectual ou até múltipla), representando algo como 10% da população (o último censo de 2000 indicava um percentual de 14,5% de pessoas com deficiência).

Sabe-se que, na maioria dos casos, estes números de pessoas nascidas com deficiência podem ser consideravelmente reduzidos, algo como entre 60 e 70%, apenas pela aplicação de medidas preventivas, todas elas de baixo custo e de fácil execução, como uma simples consulta médica antes da concepção pelo casal que deseja conceber uma criança.

Nesta consulta o médico poderá fornecer uma orientação aos futuros pais sobre cuidados especiais que devem ser observados, mesmo antes da concepção propriamente dita, como por exemplo: atualizar a lista de vacinas, tipo Rubéola e Tétano, além de outras; realizar os exames de compatibilidade sanguínea; identificar eventuais problemas de ordem genética familiar, etc.

Também, em caráter preventivo, tomar o ácido fólico, nome químico do ácido peteroilglutâmico, pertencente ao grupo das vitaminas B (mais especificamente da vitamina B9), que pode reduzir em até 70% as deficiências provocadas pela má formação do tubo neural e da mielomeningocele, que representam mais de 50% de todas as causas de deficiência conhecidas, excetuando-se aquelas decorrentes do mau atendimento ou de problemas eventuais na hora do parto.

O ácido fólico pode ser obtido naturalmente em vegetais verdes, cereais (principalmente milho velho), frutas, fígado, feijões, gema de ovo, farinha de trigo (decreto governamental).

O ácido tetrahidrofólico, o qual é a forma ativa dos folatos no organismo, atua como uma coenzima em numerosas reações metabólicas essenciais. Têm um papel importante no metabolismo dos aminoácidos, os constituintes das proteínas. Está também envolvido na síntese dos ácidos nucléicos, as moléculas que transportam a informação genética nas células, bem como na formação das células sanguíneas e de alguns dos constituintes do tecido nervoso. O ácido fólico é assim essencial para o crescimento correto e para o funcionamento ótimo do sistema nervoso e da medula óssea.

Recomendações para uma ingestão diária de folatos têm sido formuladas em 27 países, sendo que muitos deles seguem as recomendações do Comitê de Alimentação e Nutrição do Conselho de Investigação Nacional americano. No seu guia de 1989, esta organização já recomendava uma ingestão diária de 20-35 mg de folatos na dieta alimentar para bebês, 50-150 mg para as crianças, 180 mg para as mulheres e 200 mg para os homens. Para cobrir as necessidades acrescidas durante a gravidez e a amamentação, recomendava-se, respectivamente, 400 mg e 260-280 mg por dia. Alguns especialistas, incluindo um grupo sob os auspícios da Organização Mundial de Saúde, recomendavam uma ingestão de 600 mg diários durante a amamentação.

Ocorre que 80 a 90% deste ácido fólico, extremamente instável e sensível ao aquecimento, se perde pelo aquecimento natural da cocção ou manipulação destes alimentos, somando-se ao fato de que quando um produto fica estocado por mais de 3 dias, perde 70% da sua atividade de folato, evidenciando que a simples adição do ácido fólico à farinha de trigo, como manda a lei, não é suficiente para suprir esta deficiência, afinal ninguém come Milho Velho e Cru.

É necessária a suplementação medicamentosa, sempre indicada por um médico responsável, aos futuros país, já que ele acumula além dos conhecimentos técnicos necessários para a prescrição, outros, igualmente importantes, para a manutenção da saúde da criança e da mãe.

Via de regra, a posologia para prevenção recomendada é de 0,4 a 0,5 mg/dia, por via oral, desde 1 mês antes da concepção até a 12ª semana da gravidez.

Reforçando a necessidade de medidas preventivas, repassamos apenas para ilustrar, dados fornecidos pela AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), que informa serem, dos casos de PC (Paralisia Cerebral) registrados, 35% dos pacientes tidos como paraplégicos, 28% tetraplégicos e o restante tidos como hemiplégicos, pessoas com atraso psicomotor, atetóides (pessoas que não controlam certos movimentos) e atáxicos (pessoas que não tem coordenação dos movimentos musculares voluntários), etc.

Torna-se, portanto, urgente investir na prevenção destas ocorrências, basicamente pela divulgação das informações e cuidados necessários para garantir um bom nascimento, em geral desconhecidas da maior parte da população, principalmente a de baixa renda, não se excluindo, contudo, as de classe econômica mais favorecida, igualmente desinformada.

Cabe a cada um de nós fazer a sua parte.

Colabore, ajude na divulgação, encaminhando pessoas de seu conhecimento que desejem ter filhos para uma consulta médica preventiva.

As futuras gerações lhe serão gratas.

Professor Orosco

domingo, 23 de janeiro de 2011

ESTRANGEIRO OU BRASILEIRO ?

Segundo as regras gramaticais utilizadas na maioria das línguas de origem latina, particularmente na língua portuguesa, o sufixo adjetival “eiro” deve ser utilizado quando se deseja designar uma profissão, por exemplo: carpinteiro, marceneiro, pedreiro, padeiro, engenheiro, etc.

Embora não seja o único que possa referenciar uma profissão (existe o sufixo “ista” além de outros), é seguramente o mais utilizado para este fim.

Segundo as mesmas regras gramaticais das línguas latinas, o sufixo “ano” deve ser empregado quando se desejam definir ou determinar um país de origem, do local de nascimento ou da nacionalidade.

Assim, quem nasce na Itália é italiano; quem nasce na Espanha (região de Castela) é castelhano.

Quem nasce em Portugal é lusitano; quem nasce na América é americano e por aí vai.

Boliviano; peruano; venezuelano; colombiano; equatoriano, cubano, etc.

No Brasil, dada a característica extrativista de nossa colonização acabamos por utilizar erroneamente o sufixo “eiro” para designar nossa origem, assumindo desta forma que todos nós somos filhos da terra de onde se extraía o Pau Brasil.

Em Portugal, a palavra brasil era empregada para representar coisas comuns e de pouca valia, abundantes na natureza ou que não necessitavam muito trabalho para ser obtida, daí o nome desta planta, vinda de uma colônia distante, do além mar, da qual se retirava um corante avermelhado e de bom valor comercial, ser associada às coisas que vinham daquela terra, cujos colonos eram ignorantes e serviçais da Coroa Portuguesa, sem muito valor, apenas brasileiros.

Para corrigir esta inconformidade gramatical, quem nasce no Brasil deveria ser chamado brasiliano, assumindo a Pátria Brasil, inclusive aceitando a forma como já somos tratados no exterior quando nos apresentamos fato tão bem retratado na canção “La Gioconda” cantada pelo nosso maior tenor, Vicente Celestino, nas décadas de 40 e 50.

Brasileiro é um vocábulo que poderia ser utilizado para designar o estrangeiro (estranho + eiro), que veio aqui para trabalhar e aqui ficou, fixando residência, constituindo família, trabalhando e pagando impostos, merecendo assim o direito de poder gozar de um dos valores mais elementares da vida civilizada: o de poder expressar-se e de opinar sobre as coisas que lhe dizem respeito,



Explicando melhor, estrangeiro seria aquele imigrante recém chegado ao país.

Quando fixasse residência, conseguisse emprego, constituísse família, adquirisse propriedade e tivesse acumulado um período de permanência não inferior a 16 anos (três lustros + um ano) em terras do Brasil, ascenderia à condição de brasileiro, podendo exercer o direito de votar, de modo facultativo, e ajudar a escolher os destinos da nação que o acolheu.

Dezesseis anos, e de modo facultativo, porque este é o mesmo direito concedido a todo jovem que nasce aqui (brasiliano), assumindo-se que este tempo seja o mínimo necessário para que ele adquira uma consciência cidadã. Possa dominar a língua, que tenha noções de leis, que conheça seus direitos e deveres, que possa começar a trabalhar e que “preferivelmente” já possa pagar impostos.

Meu pai, um imigrante castelhano, chegou ao Brasil trazido por meus avôs, com quatro anos de idade.

Nunca saiu daqui.

Aqui cresceu, trabalhou, constituiu família e teve filhos, a quem ensinou a “amar a terra” dizendo sempre que “o Brasil é um lugar abençoado por Deus e o melhor lugar do mundo para se viver”.

Aqui morreu e aqui foi sepultado.

Como brasiliano, sou obrigado a confessar que me faltam muitos anos ainda para alcançar a mesma idade de Brasil (anos de permanencia), que este brasileiro, a quem orgulhosamente chamo de pai, viveu aqui.



Professor Orosco