Todos reconhecemos que o processo de alfabetização de crianças é extremamente complexo e dinâmico.
No entanto, baseado em Piaget e Vigodsky, sabemos que também é um processo que pode ser dividido em fases, segundo a idade e o ambiente em que a criança começa a perceber, Freirianamente, o seu mundo circundante.
Sabemos, também, como defende Silvio Galo, que é um processo que precisa ser, antes de mais nada, sedutor ao estudante.
Assim, o antigo método de silabação, quando corretamente adotado, para mim, ainda é a melhor maneira para iniciar este processo educacional.
Fazer com que aprendam foneticamente o som das vogais e na sequência as consoantes (letras que se somam ao som das vogais), cantando e associando cada sílaba, na formação das palavras, assegura às crianças, um bom alicerce para a formação de orações, com as quais elas constroem o seu pensamento.
Infelizmente, em boa parte das escolas, por conta da "modernidade acadêmica" pulamos alguns degraus e tentamos começar a construção da casa (do conhecimento) pelo telhado.
Abandonamos a "Cartilha" e partimos diretamente para a dissertação, para a narração, para a descrição, esperando que a criança consiga entender osmoticamente as diversas relações textuais.
Como resultado, na prática, produzimos analfabetos desmotivados que são incapazes de expressar-se corretamente ou compreender textos com alguma complexidade.
Retiramos, como defende a "escola italiana" o lúdico do processo e mecanizamos os resultados, sem perceber que, com isso, "tiramos o mel" com o qual atraíamos os jovens para a leitura.
Tentamos ensinar Wagner antes de terem ouvido Straus, Tchaikovsky, Mozart ou Bach.
Abandonamos a música, os jogos do "faz de conta", as encenações coreografadas e tudo o mais que teria essa função, substituindo este modelo por jogos eletrônicos que matam a imaginação.
Nossos jovens nunca ouviram "O trenzinho do caipira" do saudoso Villa Lobos que, aliás, nem sabem quem foi.
Fazemo-los assitir ao filme sem antes terem lido o livro no qual se inspirou.
Como no "Exterminador do Futuro" matamos a Emilia, a Tia Anastácia, o Visconde de Sabugosa e, junto com eles a poesia e o desejo de aprender.
O resultado, todos conhecem...
Professor Orosco
sábado, 16 de novembro de 2019
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
UMA QUESTÃO DE HERMENÊUTICA
Desde há muito venho discordando da transcrição de um trecho
de uma das principais orações do ecumenismo cristão, O Pai Nosso, recorrente em praticamente todas os
encontros religiosos:
Nesta oração, costuma-se dizer: “Não nos deixei cair em
tentação...” que, particularmente, sempre
preferi compreender e pronunciar como “Não nos deixeis caídos em tentação...”,
considerando que cair é um ato decorrente do processo da aprendizagem para
caminhar (neste caso, em direção ao coração do Pai Celestial).
Faço isto, em concordância com o que foi descrito no
Evangelho de São João 8: 1-11, onde Jesus, ao se negar a condenar a mulher que
lhe fora apresentada como adúltera, reconheceu
que todos são passíveis de cometer pequenos deslizes e que, nem por isso, são
pessoas condenáveis, sendo o importante, neste caso, não persistir no erro.
Faço isto, também, corroborado pelo estudo exegético dos
Textos de Santo Agostinho, De Civitate Dei (A Cidade de Deus) onde, em 9: 1, podemos ver que ele coloca, textualmente:
“Dado não haver fiéis, cuja vida, por irrepreensível que seja, às vezes não
ceda aos instintos carnais e, sem cair na enormidade do crime, no abismo da
libertinagem, não se abandone a certos pecados, raros ou cometidos com frequência
inversamente proporcional à gravidade...”
Assim, ainda que pairem opiniões discordantes, solicito aos crentes
e estudiosos do assunto, uma profunda reflexão sobre o tema, principalmente em
uma época repleta de Fake News e de opiniões xenofóbicas, preconceituosas e
racistas, que nada mais fazem além do que separar irmãos e promover a discórdia
entre os “homens de boa vontade”.
Professor Orosco
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