sexta-feira, 15 de novembro de 2019

UMA QUESTÃO DE HERMENÊUTICA



Desde há muito venho discordando da transcrição de um trecho de uma das principais orações do ecumenismo cristão, O  Pai Nosso, recorrente em praticamente todas os encontros religiosos:
Nesta oração, costuma-se dizer: “Não nos deixei cair em tentação...” que, particularmente,  sempre preferi compreender e pronunciar como “Não nos deixeis caídos em tentação...”, considerando que cair é um ato decorrente do processo da aprendizagem para caminhar (neste caso, em direção ao coração do Pai Celestial).
Faço isto, em concordância com o que foi descrito no Evangelho de São João 8: 1-11, onde Jesus, ao se negar a condenar a mulher que lhe fora apresentada como adúltera,  reconheceu que todos são passíveis de cometer pequenos deslizes e que, nem por isso, são pessoas condenáveis, sendo o importante, neste caso, não persistir no erro.
Faço isto, também, corroborado pelo estudo exegético dos Textos de Santo Agostinho, De Civitate Dei (A Cidade de Deus) onde, em  9: 1, podemos ver que ele coloca, textualmente: “Dado não haver fiéis, cuja vida, por irrepreensível que seja, às vezes não ceda aos instintos carnais e, sem cair na enormidade do crime, no abismo da libertinagem, não se abandone a certos pecados, raros ou cometidos com frequência inversamente proporcional à gravidade...”
Assim, ainda que pairem opiniões discordantes, solicito aos crentes e estudiosos do assunto, uma profunda reflexão sobre o tema, principalmente em uma época repleta de Fake News e de opiniões xenofóbicas, preconceituosas e racistas, que nada mais fazem além do que separar irmãos e promover a discórdia entre os “homens de boa vontade”.

Professor Orosco

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