Tão
velho quanto o próprio desenvolvimento da sociedade humana, a ideia de tribo e
de preservação mutua dos vizinhos, dos valores comuns, costumes, patrimônio etc.,
está tão arraigada à cultura popular, que é impossível separá-la do seio do povo.
A
própria concepção de nação, de pátria, de bairro e até do time de futebol está
intimamente ligada à ideia de pertencimento a um ou a outro grupo humano.
Pelo
próprio princípio da autodefesa, da defesa da prole e dos valores socialmente
construídos, é compreensível, embora não justificável, que os homens cheguem a
pegar em armas para defender aquilo que acham certo, contra possíveis
agressores. Não fosse isso, não haveria guerras.
Justifica-se,
portanto, a repulsa à invasão estrangeira, ainda que distante poucos quilômetros
de nossa casa, que vem acompanhada de outros costumes, conflitantes com aquilo
que aprendemos a valorar.
Fomos
educados, desde pequenos, a respeitar os mais velhos, a ser solícitos com
pessoas idosas ou deficientes, cedendo-lhes o assento num ônibus, trem ou outro
transporte coletivo. Aprendemos que eles (os veículos de transporte de massas) são
um bem público, portanto de todos nós, pelo qual deveriam ser cuidados e preservados
e que, ainda que privados, são mantidos por todos, inclusive pelos impostos que
pagamos. O mesmo se poderia dizer do passeio público, das calçadas, ruas,
postes, bocas de lobo.
Não
é, portanto, de se estranhar, que nos cause revolta, ver bárbaros (todos
aqueles que não falam grego) sujarem nossas ruas, dormirem em nossas praças,
urinarem nas paredes dos prédios, queimarem a grama de nossos parques e
portarem-se como bestas imundas que se recusam a banhar-se, ainda que o
governo, com nossos impostos, ofereça lugares para isso.
Aprendemos,
na nossa luta diária, que o trabalho enaltece o homem e que, somente através dele,
pode-se construir um futuro seguro, alicerçado em uma boa educação.
Não
é, portanto, de se estranhar, que nos cause ojeriza, a vadiagem e o
desinteresse pelo trabalho e ou educação que boa parte destes estrangeiros, da
tribo do lado de lá, da montanha que vejo em meu horizonte próximo, insistem em
praticar.
Aprendemos
que crianças, todas elas, precisam ser cuidadas, protegidas e educadas, pois
representam o futuro de nossa nação.
Não
é, portanto, de se estranhar, que censuremos todos aqueles que têm mais filhos
do que os olhos podem mirar, limitados pela própria natureza aos dois do pai e
aos dois da mãe, desconsiderando-se é claro, os outros olhos do corpo humano
que, fisiologicamente, não contemplam a visão e que, permitem que seus filhos
fiquem jogados ao léu, à mercê de traficantes, de aliciadores e de outros delinquentes.
Aprendemos
que ser pobre, é condição transitória da vida, da mesma forma que é mola
propulsora para nossa jornada em busca do “El Dorado”, e que o nosso esforço
precisa ser direcionado, de forma perseverante, para superar nossas
dificuldades.
Não
é, portanto, de se estranhar, que não consigamos compreender todos aqueles que
gastam seus momentos de folga, embebedando-se em bares, quando as bibliotecas
estão vazias, ou pior, sofrendo a ação de vândalos.
Aprendemos
a respeitar os símbolos nacionais, ícones da terra, que espelham nossos sonhos
e orgulhosamente ostentam nossas conquistas.
Não
é, portanto, de se estranhar, que quando animais humanoides queimem nossa
bandeira em plena rua, chutem a imagem de nossa padroeira, achincalhem nosso
hino, sejam classificados como inimigos hediondos e merecedores das mais
violentas formas de repressão.
Aprendemos
o valor moral da frase de Tiradentes, que condenado à morte exclamou: Se dez
vidas eu tivesse, dez vidas eu daria para defender meus companheiros.
Não
é, portanto, de se estranhar, que o desejo que brota em cada um daqueles que se
sente agredido, humilhado, espezinhado e até ridicularizado por esta horda de
bárbaros que querem violentar nossa civilização, vagabundos que não querem
trabalhar, sanguessugas das conquistas alheias, seja o revide violento.
Aquele
lábaro estrelado, verde e amarelo, e aqui falando como indivíduo, que jurei
defender com o sacrifício de minha própria vida, que vi ser queimado por um
bando de marginais e arruaceiros em um protesto sem sentido, me faz compreender
o velho grego Xenófobus, pelo que sinceramente declaro: Estivesse eu armado e presente
na hora e local, independentemente das conseqüências morais e legais advindas
de meus atos, aquele infeliz eu teria mandado pro inferno.
Professor
Orosco.
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