Se você é uma daquelas pessoas que não sai de casa sem antes
consultar seu horóscopo ou ainda, mesmo que não acreditando muito nisso, não
deixa de consultar as previsões para o seu signo zodiacal impressa num dos
vários periódicos disponíveis nas bancas de jornais, e agora até mesmo no
formato on-line, este artigo pode ser do seu interesse.
A
astrologia, como ciência, remonta aos princípios da civilização humana, onde,
nos seus primórdios, tinha uma característica de astrolatria, pois os homens
atribuíam características divinas aos astros que viam no céu. Assim, apenas
para exemplificar, o Sol (Hélios), na mitologia grega, personificando o astro
diurno, era filho do titã Hipérion e da titânia Téia, que esposou a oceânida
Perse e com ela ele teve Circe, Estes, Pasífae e Perses. Sua principal função
consistia em trazer luz e calor aos homens, o que fazia partindo da Etiópia, no
Oriente, e percorrendo o céu num carro de fogo puxado por quatro velozes
cavalos brancos que soltavam fogo pelas narinas, até alcançar o Ocidente,
quando atingia o país das Hespérides e mergulhava no oceano. A Lua, filha do
Sol, uniu-se a Júpiter e teve uma filha, Pândia. Assimilada à Diana, costumava
ser representada como uma bela jovem que percorre o céu num carro de prata
puxado por dois cavalos. Marte, o nome latino de Ares, era o deus da guerra.
Uma das doze divindades do Olimpo, filho de Júpiter e Juno. Vênus era Afrodite,
outra das doze divindades olímpicas, a deusa do amor e da beleza, e assim por
diante.
Posteriormente,
com a classificação das Constelações,
feitas pelos povos primitivos que viviam na Mesopotâmia, a pouco mais de 4 mil
anos atrás, a astrologia passou a
desempenhar um papel importante no desenvolvimento das nações, pois a posição
delas indicava o momento adequado para a semeadura dos campos, o momento da
colheita, o período das chuvas ou da proximidade do inverno. Mesmo assim, ainda
era influenciada por mitos e superstições, como no exemplo da Constelação de
Órion (Libra) onde na mitologia grega temos a passagem em que a divina caçadora Diana, para punir o caçador
Órion, que estava interferindo em suas atividades, escolheu o escorpião para
matá-lo. No entanto, não conseguiu realizar seu intento, porque Órion sempre
conseguia fugir do escorpião, uma vez que quando as estrelas da constelação do
escorpião estão aparecendo de um lado do céu, as estrelas da constelação de
Órion desaparecem do outro lado do horizonte.
Uma
curiosidade sobre o assunto, é que o nome da cada constelação pode variar de
acordo com a região, como por exemplo, onde a constelação de Escorpião, nas
ilhas do Pacífico Sul é chamada de Palmeira.
Diante de tantas estrelas e de tantas
constelações, a astrologia escolheu doze delas para compor o ano zodiacal. Isso
ocorreu por volta do século V a.C. e só muito mais tarde, ou seja, só bem recentemente,
a astrologia ganhou um status premonitório, individualizado segundo o grupo de
pessoas nascidas sob a édige de uma destas constelações.
É importante ressaltar que neste
período de nossa história, a teoria cosmológica reinante era de que a Terra era
o centro do Universo e que todos os astros vinham visita-la, com maior ou menor
regularidade. A própria ideia da duração do ano não era consensual, pois segundo
a região ou escola estudada, oscilava entre 364 e 365 dias e mais, até o
período de dominação romana, o ano era dividido em dez meses, tendo sido os
meses de Júlio e Agosto acrescidos como homenagem aos respectivos césares.
Conforme
registrado por Theo de Esmirna, um neo-pitagórico da primeira metade o século
II de nossa era, foi Oinópides, um astrônomo e matemático grego que viveu entre
os anos de 490 e 420 a.C, o primeiro a descobrir a obliquidade do círculo
zodiacal, determinada pela posição das constelações em relação à eclíptica do
Sol, ou seja, a constatação de que as constelações eram vistas segundo o plano
do eixo terrestre, inclinado em relação ao plano estabelecido pelo movimento de
translação da Terra ao redor do Centro de Massa do sistema solar, fator
determinante para estabelecer as estações do ano (verão no hemisfério norte
=> inverno no hemisfério sul).
Com o
advento do cristianismo, as datas oficiais passaram a levar em consideração todos
estes fatores e, por meio de uma bula papal, o equinócio de inverno (para o
hemisfério sul) foi determinado para o dia 21 de março, assim permanecendo até
hoje, já que uma bula papal não pode ser alterada.
Ocorre que,
na prática, observou-se que a paridade entre o período de luz e de escuridão
determinada pelo equinócio, estava sofrendo uma pequena alteração que,
somando-se ao longo dos anos chegou a alcançar uma diferença de dez dias, o que
obrigou a igreja a rever seus conceitos para o assunto, de tal sorte que no ano
de 1582, após muitos estudos e cálculos, o papa Gregório XIII, por meio da bula
Inter gravíssima, substituiu o calendário Juliano (implantado por Júlio Cesar)
utilizado até então, por um novo, Gregoriano, utilizado até hoje. Para isso,
nesta bula, foi determinado que todas as pessoas iriam dormir no dia 04 de
outubro e acordar no dia 15 de outubro.
Ao fazê-lo,
reconheceu uma pequena diferença entre o ano Tropical (período de revolução da
Terra em torno do Sol com relação ao Equinócio Vernal) e o ano Sideral,
corresponde ao período de revolução da Terra em torno do Sol com relação às
estrelas, também chamado de translação. Uma diferença de aproximadamente 20
minutos e 23 segundos por ano entre eles.
Com isso,
acertamos o calendário, mas esquecemos da astrologia, cujos signos zodiacais
continuaram a ser pautados pelo calendário Juliano, fazendo com que os meses
correspondentes em nosso calendário atual, já não correspondessem à posição
inicial das constelações quando foram catalogadas a pouco mais de quatro mil
anos atrás. E dizer, as constelações que vemos hoje nos céu, não representam
mais o período ao qual foram atribuídas. Esta distorção, é ainda agravada pela
constatação de que existe uma décima terceira constelação ( Ophiuchus ou
serpentário ) a ser considerada e que o período de permanência sobre a abóboda
celeste de todas elas, também não é uniforme para todas. Ou seja, os signos
zodiacais que tem duração igual, também não levaram isso em consideração, o que
é plenamente compreensível se levarmos em consideração que foram determinados
naquele período.
Isso
significa, na prática, que hoje, uma pessoa ao nascer sob o signo de
Capricórnio por exemplo, tem no céu que a acolheu, a constelação de Sagitário,
como consequência da soma destes pequenos 20 minutos e 23 segundos por ano, ao
longo de pouco mais destes 4 mil anos, o que nos leva a crer que a astrologia,
enquanto ciência premonitória, precisa se justificar por outros argumentos,
além da posição dos astros, uma vez que estes não representam mais o período
aos quais foram associados.
Na tabela
abaixo, destacamos suas posições reais em relação à abóboda celeste quando
foram pensadas e como estão hoje, assim como
detalhamos os signos zodiacais oficialmente determinados pela astrologia
para falar sobre horóscopos e como são vistos pela astronomia, quando fala do
cosmos.
Professor Orosco
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