sexta-feira, 16 de março de 2018

VOCÊ SABE QUAL O SEU SIGNO? OU PENSA QUE SABE?


        Se você é uma daquelas pessoas que não sai de casa sem antes consultar seu horóscopo ou ainda, mesmo que não acreditando muito nisso, não deixa de consultar as previsões para o seu signo zodiacal impressa num dos vários periódicos disponíveis nas bancas de jornais, e agora até mesmo no formato on-line, este artigo pode ser do seu interesse.
            A astrologia, como ciência, remonta aos princípios da civilização humana, onde, nos seus primórdios, tinha uma característica de astrolatria, pois os homens atribuíam características divinas aos astros que viam no céu. Assim, apenas para exemplificar, o Sol (Hélios), na mitologia grega, personificando o astro diurno, era filho do titã Hipérion e da titânia Téia, que esposou a oceânida Perse e com ela ele teve Circe, Estes, Pasífae e Perses. Sua principal função consistia em trazer luz e calor aos homens, o que fazia partindo da Etiópia, no Oriente, e percorrendo o céu num carro de fogo puxado por quatro velozes cavalos brancos que soltavam fogo pelas narinas, até alcançar o Ocidente, quando atingia o país das Hespérides e mergulhava no oceano. A Lua, filha do Sol, uniu-se a Júpiter e teve uma filha, Pândia. Assimilada à Diana, costumava ser representada como uma bela jovem que percorre o céu num carro de prata puxado por dois cavalos. Marte, o nome latino de Ares, era o deus da guerra. Uma das doze divindades do Olimpo, filho de Júpiter e Juno. Vênus era Afrodite, outra das doze divindades olímpicas, a deusa do amor e da beleza, e assim por diante.
            Posteriormente, com a classificação das  Constelações, feitas pelos povos primitivos que viviam na Mesopotâmia, a pouco mais de 4 mil anos atrás,  a astrologia passou a desempenhar um papel importante no desenvolvimento das nações, pois a posição delas indicava o momento adequado para a semeadura dos campos, o momento da colheita, o período das chuvas ou da proximidade do inverno. Mesmo assim, ainda era influenciada por mitos e superstições, como no exemplo da Constelação de Órion (Libra) onde na mitologia grega temos a passagem em que  a divina caçadora Diana, para punir o caçador Órion, que estava interferindo em suas atividades, escolheu o escorpião para matá-lo. No entanto, não conseguiu realizar seu intento, porque Órion sempre conseguia fugir do escorpião, uma vez que quando as estrelas da constelação do escorpião estão aparecendo de um lado do céu, as estrelas da constelação de Órion desaparecem do outro lado do horizonte.
            Uma curiosidade sobre o assunto, é que o nome da cada constelação pode variar de acordo com a região, como por exemplo, onde a constelação de Escorpião, nas ilhas do Pacífico Sul é chamada de Palmeira.
Diante de tantas estrelas e de tantas constelações, a astrologia escolheu doze delas para compor o ano zodiacal. Isso ocorreu por volta do século V a.C. e só muito mais tarde, ou seja, só bem recentemente, a astrologia ganhou um status premonitório, individualizado segundo o grupo de pessoas nascidas sob a édige de uma destas constelações.
É importante ressaltar que neste período de nossa história, a teoria cosmológica reinante era de que a Terra era o centro do Universo e que todos os astros vinham visita-la, com maior ou menor regularidade. A própria ideia da duração do ano não era consensual, pois segundo a região ou escola estudada, oscilava entre 364 e 365 dias e mais, até o período de dominação romana, o ano era dividido em dez meses, tendo sido os meses de Júlio e Agosto acrescidos como homenagem aos respectivos césares.
            Conforme registrado por Theo de Esmirna, um neo-pitagórico da primeira metade o século II de nossa era, foi Oinópides, um astrônomo e matemático grego que viveu entre os anos de 490 e 420 a.C, o primeiro a descobrir a obliquidade do círculo zodiacal, determinada pela posição das constelações em relação à eclíptica do Sol, ou seja, a constatação de que as constelações eram vistas segundo o plano do eixo terrestre, inclinado em relação ao plano estabelecido pelo movimento de translação da Terra ao redor do Centro de Massa do sistema solar, fator determinante para estabelecer as estações do ano (verão no hemisfério norte => inverno no hemisfério sul).
            Com o advento do cristianismo, as datas oficiais passaram a levar em consideração todos estes fatores e, por meio de uma bula papal, o equinócio de inverno (para o hemisfério sul) foi determinado para o dia 21 de março, assim permanecendo até hoje, já que uma bula papal não pode ser alterada.
            Ocorre que, na prática, observou-se que a paridade entre o período de luz e de escuridão determinada pelo equinócio, estava sofrendo uma pequena alteração que, somando-se ao longo dos anos chegou a alcançar uma diferença de dez dias, o que obrigou a igreja a rever seus conceitos para o assunto, de tal sorte que no ano de 1582, após muitos estudos e cálculos, o papa Gregório XIII, por meio da bula Inter gravíssima, substituiu o calendário Juliano (implantado por Júlio Cesar) utilizado até então, por um novo, Gregoriano, utilizado até hoje. Para isso, nesta bula, foi determinado que todas as pessoas iriam dormir no dia 04 de outubro e acordar no dia 15 de outubro.
            Ao fazê-lo, reconheceu uma pequena diferença entre o ano Tropical (período de revolução da Terra em torno do Sol com relação ao Equinócio Vernal) e o ano Sideral, corresponde ao período de revolução da Terra em torno do Sol com relação às estrelas, também chamado de translação. Uma diferença de aproximadamente 20 minutos e 23 segundos por ano entre eles.
            Com isso, acertamos o calendário, mas esquecemos da astrologia, cujos signos zodiacais continuaram a ser pautados pelo calendário Juliano, fazendo com que os meses correspondentes em nosso calendário atual, já não correspondessem à posição inicial das constelações quando foram catalogadas a pouco mais de quatro mil anos atrás. E dizer, as constelações que vemos hoje nos céu, não representam mais o período ao qual foram atribuídas. Esta distorção, é ainda agravada pela constatação de que existe uma décima terceira constelação ( Ophiuchus ou serpentário ) a ser considerada e que o período de permanência sobre a abóboda celeste de todas elas, também não é uniforme para todas. Ou seja, os signos zodiacais que tem duração igual, também não levaram isso em consideração, o que é plenamente compreensível se levarmos em consideração que foram determinados naquele período.
            Isso significa, na prática, que hoje, uma pessoa ao nascer sob o signo de Capricórnio por exemplo, tem no céu que a acolheu, a constelação de Sagitário, como consequência da soma destes pequenos 20 minutos e 23 segundos por ano, ao longo de pouco mais destes 4 mil anos, o que nos leva a crer que a astrologia, enquanto ciência premonitória, precisa se justificar por outros argumentos, além da posição dos astros, uma vez que estes não representam mais o período aos quais foram associados.
            Na tabela abaixo, destacamos suas posições reais em relação à abóboda celeste quando foram pensadas e como estão hoje, assim como  detalhamos os signos zodiacais oficialmente determinados pela astrologia para falar sobre horóscopos e como são vistos pela astronomia, quando fala do cosmos.


Professor Orosco

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