Assistindo agora a pouco a apuração das notas das escolas de
samba da capital de São Paulo, onde a Mocidade sagrou-se novamente campeã, com
a mesma pontuação da Rosa observei maravilhado, a dedicação, o amor, a
capacidade criativa e inventiva de um exército de operários, anônimos em sua
maior parte, em prol de suas comunidades.
Quando olhamos a obra de um artista individual, como
Leonardo da Vinci ou como Velázques, cada um expressando o que há de mais
profundo e característico na mente do povo e da época dos quais eles emergem,
fica fácil classificá-los.
Quando um homem, escapando de todas as categorias,
tornando-se um estranho em sua época, carregando seu passado social para um meio
ambiente distinto, como o cretense Theotokopoulus, que aprendeu sua arte com os
grandes venezianos, transformando-se no imortal “El Greco”, se apresenta ao
mundo, igualmente torna fácil o nosso trabalho, quando nos lançamos à tarefa de
classificá-lo.
A missão quase impossível é a valoração da grandiosidade da
obra, fruto do trabalho de um número quase infinito de mãos, alimentadas por
gigantescos corações, de uma multidão de trabalhadores, voluntários, que se
esmeram para cuidar de cada detalhe, de cada fantasia, de cada alegoria, de
cada escola.
Como uma escultura de gelo, que dura uma estação, uma
escultura de areia que dura até a maré cheia, esta obra colossal precisa ser compreendida
em pouco mais de uma hora, quando se apresenta ao mundo.
Depois deste tempo, será passado.
Impossível de ser reproduzido, fica imortalizado na memória de
quem viu, ouviu, cantou e pulou.
Essa é a beleza do nosso carnaval.
Parabéns a todas as escolas.
São todas campeãs.
Professor Orosco
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