sábado, 21 de setembro de 2013

UM POUCO DE FÉ NÃO FAZ MAL A NINGUÉM


Numa época tão conturbada, onde a ciência tenta se colocar como verdade absoluta, onde os mestres se portam como Heróis gregos, concebidos por intervenção dos deuses, vale recordar um pouco de Agostinho.

Aurélio Agostinho (354/430), Santo Agostinho, de Hipona, foi uma das figuras mais importantes para o desenvolvimento do cristianismo no ocidente.
Influenciado pelo neoplatonismo de Plotino, desenvolveu sua própria abordagem sobre filosofia e teologia em uma variedade de métodos e perspectivas diferentes.
Aprofundou o conceito de pecado original e quando o Império Romano do Ocidente começou a se desintegrar desenvolveu o conceito de Igreja como cidade espiritual de Deus, distinta da cidade material dos homens.
Criador da ideia do “livre arbítrio”, um conceito suscetível que normalmente envolve a pretensão de que é possível para os seres humanos fazerem escolhas genuinamente indeterminadas.
Assim, uma condição necessária para a livre escolha é que ela não deveria ocorrer considerando a existência das mesmas circunstâncias exatas sob as quais ela foi de fato feita.
O próprio Agostinho faz remontar aos neoplatônicos a ideia segundo a qual Deus seria a fonte original da Física, da Lógica e da Ética, remetendo o domínio físico ao Pai, o domínio lógico ao Filho e o domínio ético ao Espírito Santo.
Em sua obra De Magistro ( O Mestre ), no diálogo que mantém com Adeodato, observa-se que, para ele, os signos (sinais) expressos para designar alguma coisa, podem ser representados por palavras, por gestos, por movimentos, etc., ou seja: podem ser expressos de inúmeras formas, ficando sua compreensão restrita ao nível de conhecimento prévio da coisa em si, tanto pelo emissor quanto pelo receptor da mensagem.
Assim sendo, o signo, o sinal, e por consequência, o mestre, nada pode informar, ensinar, se o receptor da mensagem, o aluno, não tiver um conhecimento prévio daquilo que ele se propõe a representar.
Para Agostinho, o signo, muito mais do que a palavra, preserva o "Eidos" da coisa, aquilo que a faz ser o que é; representando a coisa significada, e dizer: para ele, a palavra é apenas um sinal do signo.
O sinal representa a coisa: seu nome, sua definição, sua imagem, o que nos ajuda a conhecer; a alcançar e fazer aparecer o que está na coisa; identificar o que está demonstrado na coisa.
Agostinho conclui que: alcançar a compreensão de que "o que é em si cognoscível, é", ou seja, alcançar o conhecimento do princípio, é preferível ao conhecimento dos sinais que o representam.
Conclui também que, aquilo que está dentro de nós, que nos permite alcançar o conhecimento deste princípio; que nos permite conhecer aquilo que vamos aprender (rememorar), é explicado pela presença do espírito de Cristo, de Deus, o verdadeiro e único mestre, ligado simbióticamente à nossa alma, sugerindo o caminho para alcançar o logos.
Coloca ainda que, aceitar ou não esta orientação depende da vontade livre e soberana de cada um.
Desta forma, o interesse filosófico que podemos depreender de sua obra é o de que, embora aquele que deseja ser reconhecido e tratado por mestre pretenda ensinar conteúdos que ele pensa dominar, em verdade só consegue auxiliar o aluno a descobrir, revelar, aquele conhecimento que ele já possui, ficando o resultado deste aprendizado condicionado à análise de valores que, individualmente cada um vai realizar.

Professor Orosco

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