quinta-feira, 13 de março de 2014

MEU BRASIL ESTÁ DOENTE

Meu Brasil está doente, ele sofre da Síndrome de Estocolmo

Hoje é 13 de Março, 13 escreve-se como contrário de 31 e, portanto, vamos partir do pressuposto que hoje também é o melhor dia para falar contrariamente ao 31 de Março, data que alguns desejam comemorar.

Ao ver postado nas redes sociais uma infinidade de artigos e chamamentos comemorativos ao GOLPE militar que nossa combalida democracia sofreu em 1964, não tenho dúvidas, percebo que "Meu Brasil está doente, ele sofre da Síndrome de Estocolmo".

Síndrome de Estocolmo é o nome dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, ou no caso, toda uma nação, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor. 

Em uma manhã de agosto de 1973, dois assaltantes invadiram um banco, o “Sveriges Kreditbank of Stockholm”, em Estocolmo, Suécia. Após a chegada da polícia, resultando em uma considerável troca de tiros, tal dupla transformou em reféns, por seis dias, quatro pessoas que ali se encontravam.

Ao contrário do que se poderia imaginar, quando os policiais iniciaram suas estratégias visando à libertação dos reféns, esses recusaram ajuda, usaram seus próprios corpos como escudos para proteger os criminosos e, ainda, responsabilizaram tais profissionais pelo ocorrido. Um deles foi ainda mais longe: após sua libertação, criou um fundo para os raptores, com o intuito de ajudá-los nas despesas judiciais que estes teriam, em consequência de seus atos.

Tal estado psicológico particular passou então a ser chamado de “síndrome de Estocolmo”, em homenagem ao referido episódio. Ao contrário do que se imagina, ele não é tão raro quanto pensamos, e não se resume somente a relações entre raptores e reféns. Escravos e seus senhores, sobreviventes de campos de concentração, aqueles submetidos a cárcere privado, pessoas que participam de relacionamentos amorosos destrutivos, e até mesmo algumas relações de trabalho extremas, geralmente permeadas de assédio moral; podem desencadear o quadro. Em todos esses casos, são características marcantes: a existência de relações de poder e coerção, ameaça de morte ou danos físicos e/ou psicológicos e um tempo prolongado de intimidação.

Nesse cenário de estresse físico e mental extremos, o que está em jogo inconscientemente é a necessidade de autopreservação por parte do oprimido, aliada à ideia, geralmente errônea, de que, de fato, não há como escapar daquela situação. Assim sendo, ele inicialmente percebe que somente acatando as regras impostas é que conseguirá garantir pelo menos uma pequena parcela de sua integridade.

Aos poucos, a vítima busca evitar comportamentos que desagradem seu agressor, pelo mesmo motivo pontuado anteriormente; e também começa a interpretar seus atos gentis, educados, ou mesmo de não violência como indícios de uma suposta simpatia da parte dele a ela. Tal identificação permite a desvinculação emocional da realidade perigosa e violenta a qual está submetida.

Por fim, a vítima passa a encarar aquela pessoa com simpatia, e até mesmo amizade – a final de contas, graças à sua “proteção”, ela ainda se encontra viva. No caso de pessoas sequestradas, mais um agravante: tal indivíduo é geralmente a sua única companhia!

A história registra um caso em que, uma moça, de boa família, sequestrada por grupo terrorista, após prolongado cativeiro, acabou aderindo à causa de seus algozes, transformando-se em novo militante e cometendo os mesmos crimes que eles.

Durante praticamente 30 anos, vivemos no Brasil sob as incertezas de um regime totalitário, em que assistimos muitos de nossos amigos, parentes, professores, CAMARADAS ou, como de costuma dizer "nunca antes neste país", companheiros, desaparecerem, retirados do seio de suas famílias, assassinados em Petrópolis, nos porões do DOI-CODI, esquartejados, enterrados em Perus, jogados na represa de Avaré, incinerados como lixo, na usina das "Memórias de Uma Guerra Suja".

Vimos pais e mães serem privados de seus filhos e outros filhos serem privados de seus pais.

Segundo o "Tuminha", a bem da verdade, no DOPS do "Tumão", nem todos os presos eram torturados. Lá, alguns tomavam água de coco, liam jornal e comiam mortadela.

Não importa.

O importante é que, por muitos anos, sofrendo das agruras de um regime totalitário, que como todos os outros, de direita ou esquerda, de cima ou de baixo, nazista, fascista, stalinista, chavista, fidelista, etc, acabamos sofrendo desta doença.

Pior, estamos ensinando nossos filhos que isto foi bom.

Não foi.

Nosso futuro é incerto, os desafios são enormes, o trabalho é árduo, mas é somente pelo caminho democrático, participativo e responsável que poderemos virar a página e seguir adiante como uma nação livre e soberana.

Nada temos a comemorar, só a lamentar.

Tudo o que de bom foi construído neste período, teria sido melhor construído se o fosse livremente.

Professor Orosco
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