Uma vez
realizadas todas as combinações possíveis dos elementos do mundo, restará ainda
um tempo indefinido pela frente, e então recomeçará o ciclo, e assim
indefinidamente. Como em um eterno retorno, tudo o que acontece no mundo se
repetirá igualmente inúmeras vezes. Tudo voltará eternamente, e com isso todo o
mau, o miserável, o vil. No entanto, o homem pode ir transformando o mundo e a
si mesmo mediante uma transmutação de todos os valores, compreendendo que o bem
máximo é a própria vida, que culmina na vontade de poder. Como o homem está
acima do macaco, deve superar-se, tornar-se um super-homem, alcançando uma nova
moral, nem cristã, nem utilitária ou kantiana. Uma moral dos senhores, das
individualidades poderosas, de superior vitalidade, de rigor consigo mesma, da exigência
e da afirmação dos impulsos vitais. Uma moral que se afasta da moral dos
escravos, dos fracos e miseráveis, dos ressentidos que valorizam a compaixão, a
humildade e a paciência, que afirma todos os igualitarismos. Uma moral que,
afastando-se dos valores cristãos, exalta o valor da guerra, produtora do
espírito de sacrifício, da valentia e da generosidade, que faz despontar o
cavalheiro, o homem corajoso e pujante, que entende a vida generosamente (Nietzsche
- 1844/1900).
Uma
vida animal, existencialista e sem propósito, que retira do homem o prazer da
amizade, do companheirismo, do amor cúmplice e da renúncia. Uma vida que prega
o individualismo que traz junto de si a solidão e o desespero. Uma vida que de
tanto precisar justificar-se esquece a própria essência, que é viver. Uma vida
que não alcança a serenidade contemplativa, ficando refém das moedas amealhadas,
dia a dia, com o único objetivo de rechear o colchão sobre o qual se vai tentar
dormir, afastando-se da cama macia proporcionada pela terra fofa onde germina
uma grama perfumada. Uma vida que não olha o firmamento e vê nele a esperança
além das luzes que cintilam por entre as nuvens, evidenciando uma possibilidade
real de novas descobertas que, possivelmente trarão respostas a muitas de
nossas dúvidas. Uma vida que de tanto racional, interrompe o movimento e para o
coração, fonte das emoções. Uma vida que se apega tanto à vida que a sufoca e
não lhe dá sentido.
Triste
sina a dos homens que, a partir do Século XX seguiram por este caminho, loucos que seguiram um louco, sem compreendê-lo, valendo-se
de um tecnicismo que só provocou uma guerra diária e ininterrupta, que ceifou
milhões e milhões de possibilidades viventes, por ideologia ou por cobiça,
pouco acrescentando aos sobreviventes que veem-se perdidos numa multidão sem
face ou rumo.
Por
sorte, uma sentença que não é necessariamente autoaplicável, restando a alguns
poucos tolos a irreverência de poder sonhar, de assegurar a si mesmos a
ataraxia dos estoicos e dos epicuristas que “não estão nem aí para as coisas do
mundo”, deixando-se levar pelas ondas do mar, curvando-se à vida como a flor de
cede à brisa do vento.
No
fundo, uma questão de escolha.
Nietzsche
ou ....
Professor Orosco
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