No ocaso do século XVIII, uma população do além mar, revoltada com os privilégios de uma casta dominante, interessada tão somente na manutenção de suas mordomias, pegou em armas e derrubou o Antigo Regime.
Às custas de milhares de cabeças cortadas, eles declararam ao mundo que o povo, e somente ele, detém o verdadeiro poder soberano.
Na época, o limite da tolerância foi ultrapassado quando sugeriu-se ao povo, ao invés de pão, comer brioches.
Algo parecido com aquilo que vemos ser noticiado e denunciado por aqui quase que dioturnamente sobre os atos do Congresso Nacional e do Palácio da Alvorada.
Atos que, nem mesmo o Palácio da Justiça, que teima em permanecer cega, escapa ao demonstrar e defender a opulência de uma corte que se mostra alheia às favelas que proliferam ao seu redor.
O descaso de todos os palacianos, encastelados em seu mundo particular, na praça dos Três Poderes, alegoricamente nos remetendo à época dos "três Estados", é de tal sorte, que nem se apercebem que a população sofrida já mostra sinais de um questionamento do sistema, perguntando-se qual o melhor caminho para ver-se realmente representada.
O descaso é tal que não se apercebem que, como no século XVIII, a fome, a falta de saúde, a educação medíocre e o desemprego, são fatores que, alimentados pela carestia, podem ser, como foi no passado, a centelha revolucionária que inflamará, à custa de muito sangue, a fogueira da transformação social.
O descaso é tal que não se apercebem que, como outrora, nem mesmo o escudo religioso levantado em defesa de suas gordas cabeças conseguirá evitar que elas sejam cortadas.
Não se apercebem que, como no século XVIII, não será necessária a figura de um líder carismático para iniciar a revolução, que pode começar como um simples movimento sequencial às invasões de supermercados ou de arrastões nas praias repletas de jovens e pequenos burgueses, propagando-se como um rastilho de pólvora que incendiará campos e cidades, do Oiapoque ao Chuí.
Não percebem, finalmente, como diria George Santayana, "que aqueles que não podem lembrar o passado, estão condenados a repeti-lo" e que o prelúdio da revolta popular já bate à sua porta.
Não percebem, finalmente, como diria George Santayana, "que aqueles que não podem lembrar o passado, estão condenados a repeti-lo" e que o prelúdio da revolta popular já bate à sua porta.
Professor Orosco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário