quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

BOA FÉ OU MÁ FÉ


Segundo aquilo que se pode depreender ao ler Jean Paul Sartre, Boa Fé ou Má Fé são conceitos que estão ligadas aos valores que os indivíduos possuem; suas crenças e dogmas e a tudo aquilo que pauta suas decisões. Assim, agir de Boa Fé ou de Má Fé, nada tem a ver com o resultado das ações tomadas, mas aos motivos que geraram essa ação.
Diferentemente de mentir, por exemplo, onde o indivíduo promove uma ação deliberadamente reprovável contra outra pessoa, poderíamos dizer que agir de má fé, é agir contra si mesmo, pois a má fé implica em uma crença ruim, uma fé ruim, uma fé baseada em crenças que não podem ser comprovadas ou aceitas, ao menos no curto prazo.
Desta forma, quando dizemos que o governo age de má fé ao defender sua política econômica, estamos querendo dizer que suas ações se pautam em uma crença de que será possível reverter o atual quadro de depressão econômica, gastando mais do que se arrecada, o que o bom senso demonstra ser um grande equívoco.
Gastar mais do que se arrecada tem, por conseqüência imediata, uma característica de endividamento que somente poderá ser revertida segundo a credibilidade do mercado nas ações do governo. Ou seja, se as ações tomadas produzirem, no curto ou no médio prazo, um superávit nas contas públicas, capaz de reduzir os gastos da máquina, via produtividade ou pela oferta de serviços (entenda-se infraestrutura) que aumentará a produção nacional e provocará, com isso, o aumento da arrecadação de impostos. Se não for assim, as despesas poderão ocorrer por conta do custeio, cujo retorno, ainda que em serviços, não aumenta a receita primária e provoca um aumento exponencial da dívida.
Com baixa credibilidade, amparada na desconfiança de que possa honrar seus compromissos, a opção é provocar um aumento na taxa de juros ofertados para a captação de recursos, o que só aumenta a bola de neve, aliada a uma alta inflacionária que desvaloriza os ativos e o capital circulante.
O pior dos cenários, a estagflação, já que provoca além da carestia, o desemprego e a desestruturação dos fundamentos macroeconômicos, além de reforçar, no conjunto dos atores sociais, a convicção de que não se vai perceber o abismo do qual nos aproximamos, ao menos a tempo de reverter a situação, dada a venda que se usa sobre os olhos da má fé.

Professor Orosco


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