Tão logo a criança
começa a experimentar o mundo que a circunda, ela inicia um processo de
abandono dos laços familiares, libertando-se das regras e procedimentos
impostos por seus pais. É curso natural das coisas. A criança cresce, adolesce,
torna-se adulta, emancipada e geradora de nova família, fechando o círculo e
reiniciando o processo da vida.
Neste caminhar,
inúmeros set-points serão estabelecidos, servindo, cada um deles, como pontos
de referência para os quais se pode retornar e corrigir o rumo que se deseja
tomar. O quintal, o portão da casa, o nome da rua, do bairro e da cidade são,
sequencialmente, alguns deles, aos quais se somam também, na mesma ordem,
irmãos, primos, colegas de rua, da escola, do trabalho ou do time de futebol.
À medida que se
envelhece, novos caminhos se abrem e muitas possibilidades se mostram, junto
com as quais, uma avalanche de informações, fazendo surgir a dúvida sobre qual
caminho se deve tomar. Neles, a convivência forçada com a diversidade,
colocando à prova os nossos costumes e valores, muitas vezes ferindo nossas
crenças mais sinceras, obriga-nos a retroceder para o porto seguro mais próximo
a fim de reavaliar nosso proceder.
Se as mudanças
forem muito significativas, tornando-se violentas, o retrocesso precisa ser
maior ainda, já que a terra firme se mostra imperativa para a nossa segurança. Isso
explica, ao menos em parte, o movimento xenofóbico que presenciamos mundo
afora, onde cada um, ao seu modo, pede um tempo maior para assimilar as
mudanças que estão ocorrendo e onde, a cada novo acontecimento imprevisível e
marcante, como as crises econômicas, o desemprego, o terrorismo, a corrupção ou
as endemias, o retorno à toca se mostra o caminho mais seguro a tomar.
Precisamos
compreender isto como um fato social, de progressão continuada e exponencial, se
queremos realmente viver em um mundo globalizado no qual a tecnologia encurta
distância e desnuda as diferenças.
A opção, será
voltar ao colo da mamãe.
Professor Orosco.
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