quinta-feira, 19 de outubro de 2017

SOBRE OS MISTÉRIOS DA MAÇONARIA


Como todos sabem, a maçonaria é uma ordem iniciática que congrega secularmente homens livres e de bons costumes, que se reúnem para promover sua evolução espiritual, o bem estar da pátria e da humanidade, tendo por princípios a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade.
Mal compreendida e difamada por aqueles que a desconhecem, geralmente é associada por eles a rituais pagãos e macabros, onde se sacrificam virgens ou animais, e tudo o mais que suas pobres cabeças podem pensar para denigrir a imagem de tão seletos homens.
Não é sem motivo que o fazem e temem pois, como homens livres e de bons costumes, os maçons pregam por excelência a defesa de valores morais, familiares e se dedicam a combater vigorosamente a ignorância, o despotismo e o erro,  onde quer que ele se façam presentes.
Os que a detratam, não sabem que em nenhuma loja, como são chamados os grupos maçons, os trabalhos de estudo podem ser iniciados sem antes se invocar a presença do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, representado simbolicamente pela presença do livro da Lei, que segundo o país, lugar, ou crença professada, pode ser a Constituição Federal, a Bíblia, a Torá, o Alcorão, etc., sendo que no Brasil, um país predominantemente cristão, normalmente se utiliza a Bíblia.
Em loja, os trabalhos sempre são iniciados com a leitura de um Salmo, segundo o grau de cada sessão, que varia segundo os conhecimentos adquiridos pelos seus membros.
Utiliza-se a leitura de um Salmo, cuja palavra derivada do grego “Psalmo”, significa cântico com o acompanhamento de um instrumento de cordas, como expressão das almas em oração, manifestando variados sentimentos, como júbilo e pranto, triunfos e derrotas, tranquilidade e angústia, agradecimento e louvor, sempre com muita suavidade.
O Salmo 133, que fala sobre a excelência do amor fraternal, Cânticos dos degraus, que Davi utilizava para congregar as tribos de Israel, sempre em disputas intestinas e em uma época conturbada é, por exemplo, utilizado para a abertura dos trabalhos no primeiro grau do aprendizado, onde os neófitos iniciam sua jornada rumo ao esclarecimento.

Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla de suas vestes; como o orvalho de Hermon, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para sempre.

Ao estuda-lo, os recém iniciados na ordem vão aprender:

1 – Que este canto de Davi, era entoado pela confraternização dos romeiros oriundos de toda a parte de Israel, reunidos durante o dia no Templo, que mesmo sem se conhecerem, ali se congregavam como irmãos, como membros de uma única e grande família, para adorarem a um só Deus, Javé ou Jeová.
2 – Que Arão,  cujo significado do nome é “iluminado”, “Sublime”, era bisneto de Levi e irmão mais velho de Moisés. Primeiro sacerdote Hebraico, que passou a Patriarca, ajudando seu irmão mais novo a libertar o povo Hebreu da escravidão no Egito.
3 – Que suas vestes, como a de todos os sacerdotes, guardiães da palavra de Deus, tinham uma forma própria, para que fossem identificados de forma diferenciada pelos demais membros das tribos. “E farás vestes santas a Arão, teu irmão, para glória e ornamento” (Ex: 28-2/29)
4 – Que o óleo da Unção, era usado nas cerimonias de consagração dos sacerdotes, onde o Senhor disse a Moisés: “Escolhe os mais preciosos aromas e um azeite de oliveira. Será este o óleo para a sagrada unção; este será para mim o óleo da unção sagrada, de geração em geração. “...Tomarás o óleo da unção e o ungirás derramando sobre a sua cabeça” (Ex: 30 - 30/32)
5 – Que o Monte Hermon, se trata de um maciço rochoso, situado a sul-sudeste do Líbano, ponto culminante de uma cordilheira, uma cadeia montanhosa, que faz a divisa entre Israel, Líbano e Síria que, com seus 2.814 m de altura, tendo seu monte sempre nevado, era, na antiguidade, a mais famosa e importante montanha da região. Que a evaporação concentrada nas montanhas, retornando à noite como orvalho, supre a falta de chuvas. Que além de seu caráter sagrado, seu orvalho, acumulado no topo do monte, escorria e formava minúsculos, porém inúmeros, regatos que molhavam o vale, inclusive o Monte Sião, trazendo boas colheitas e consequentemente permitindo a vida.
6 – Que o Monte Sião, uma das colinas sobre as quais Jerusalém foi construída, é conhecido como o monte de Deus, onde o Senhor escolheu para ser sua morada e onde se percebe sua complacência,  transformado para todos em um refúgio inabalável e seguro.
7 – Que a benção, que significa, “tudo que é bom e lhe é ofertado”, cujo significado em hebraico é “berakak”, que deriva de “berek”, que por sua vez significa joelho, remetendo à relação entre benção e joelho, das quais se concebe que a benção, como uma invocação das graças de Deus sobre a pessoa agraciada, deve por ela ser recebida de forma humilde, de joelhos postados sobre a terra, com reverência e de forma mui respeitosa.
8 – Que a humildade, no trato entre irmãos, só faz crescer a amizade e a solidariedade, propiciando uma egrégora positiva, fazendo com que a cada nova reunião some um novo tijolo na edificação de seu templo interior. Tijolo este que pode ter mais variadas origens, como o aprendizado obtido na leitura em loja dos trabalhos elaborados pelos irmãos.

 Assim, sem deixar de agradecer ao meu irmão Reynaldo Cássio Coelho da Silva, por seu exemplo na condução e apresentação dos seus trabalhos, sua brilhante exposição, que demonstrou profunda e esmerada pesquisa e demais irmãos de sua oficina, que sempre contribuem para esta qualidade. Também considerando que a maçonaria desde há muito deixou de ser uma ordem secreta, passando a ser apenas uma ordem discreta e sem considerar este texto como quebra de um juramento iniciático, já que tudo o que aqui foi descrito pode ser encontrado facilmente em livros, internet ou outras fontes públicas de difusão do conhecimento. Entendemos ser de bom tom esclarecer aos incautos leitores sobre seus valores e princípios, convidando-os a aprofundar suas pesquisas sobre o tema, de tal sorte que, sentindo-se motivados a continuar, possam vir a ser, num futuro próximo, convidados a nela ingressar, enriquecendo suas colunas e tornando-se mais um obreiro útil e dedicado.

Professor Orosco

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