domingo, 17 de março de 2013

DE VOLTA À CAVERNA DE PLATÃO



         “A linearidade da existência humana se coloca como uma barreira, até hoje intransponível, que limita sua ação ao mesmo tempo em que induz à ruptura da inércia pelo homem, provocando o seu movimento em direção ao logos”.

         Hoje, logo pela manhã, conversando com meu querido amigo Sérgio, divaguei sobre questões comportamentais da nossa sociedade.
         Coloquei-lhe de forma direta, meus temores e medo acerca das graves consequências sociais que a alienação crítica dos nossos jovens pode provocar em um futuro não tão distante.
         A chamada “geração Y”, que consegue realizar de forma simultânea uma grande variedade de atividades, em grau e proporção tal que fariam o mais dedicado engenheiro de estudos de tempos e movimentos sentir-se ultrapassado, na verdade, só faz automatizar seu processo decisório, retirando dele, todo o teor reflexivo e critico.
         De acordo com estudos do mestre Piaget, o indivíduo só pode receber um determinado conhecimento se estiver preparado para recebê-lo, se puder agir sobre o objeto do conhecimento para inseri-lo num sistema de relações.
         Isto significa, de maneira simplista, que não se deve ou se pode, “colocar o carro na frente dos bois”; que é necessário aprender primeiro os fundamentos para depois poder expressar uma opinião sobre determinado assunto ou ciência.
         O homem, como animal racional, precisa valer-se da razão para superar as adversidades e manter sua supremacia no planeta.
         Descartes, em seu Discurso sobre o Método, descrevia as regras fundamentais para utilizar corretamente a razão, ou seja, a Evidência, a Análise, a Síntese e o Desmembramento, confirmando a necessidade de cumprir etapas para, a partir da identificação do problema ou objeto de estudo, chegar às hipóteses, aos resultados e teorias.
         A gigantesca oferta de informações oferecida pela ciência através dos veículos de informação, principalmente televisiva, dada a sua característica imediatista, retira quase que totalmente a possibilidade, o tempo necessário, para a reflexão sobre os assuntos abordados e a assimilação dos conceitos envolvidos.
         É como trocar a leitura de um bom livro, que nos transporta para seu “Mundo Mágico” e nos permite vivenciar experiências de cada personagem, tão bem retratada no cinema pelo personagem Atreyu, no filme de Wolfgang Petersen, A História Sem Fim, cujo ator principal, da segunda parte da trilogia, tragicamente suicidou-se aos 27 anos de idade, vitima da sua incapacidade para lidar com a “falta de holofotes”.
         Apenas outra árvore formosa que cai com o vento por ter raízes pequenas e frágeis.
         Estoicos como Sêneca e Epicteto acreditavam que o homem sábio era imune aos infortúnios porque praticava a virtude e que ela era suficiente para a felicidade.
         Os epicuristas defendiam um sistema filosófico que pregava a procura dos prazeres moderados para atingir um estado de tranquilidade e libertação do medo.
         Em suma, a moderação, a prática da virtude, a tolerância e, sobretudo a paciência, que estão sendo retiradas da vida cotidiana de nossos cidadãos por uma cultura hegemônica consumista imposta pelo mercado, leva a nossa civilização a largos passos para a idade das cavernas.
         Como a mensagem inicial transmitida pelo Papa Francisco, é preciso parar e refletir.
         Estamos substituindo a beleza do namoro, do romance, do friozinho na barriga, dos encontros escondidos, pelos poucos caracteres permitidos pelo Twitter:
- Topas?
- Topo!

Professor Orosco

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