“A linearidade da existência humana se coloca como uma
barreira, até hoje intransponível, que limita sua ação ao mesmo tempo em que
induz à ruptura da inércia pelo homem, provocando o seu movimento em direção ao
logos”.
Hoje, logo pela manhã, conversando com meu querido amigo
Sérgio, divaguei sobre questões comportamentais da nossa sociedade.
Coloquei-lhe de forma direta, meus temores e medo acerca das
graves consequências sociais que a alienação crítica dos nossos jovens pode
provocar em um futuro não tão distante.
A chamada “geração Y”, que consegue realizar de forma simultânea
uma grande variedade de atividades, em grau e proporção tal que fariam o mais
dedicado engenheiro de estudos de tempos e movimentos sentir-se ultrapassado,
na verdade, só faz automatizar seu processo decisório, retirando dele, todo o
teor reflexivo e critico.
De acordo com estudos do mestre Piaget, o indivíduo só pode
receber um determinado conhecimento se estiver preparado para recebê-lo, se
puder agir sobre o objeto do conhecimento para inseri-lo num sistema de
relações.
Isto significa, de maneira simplista, que não se deve ou se
pode, “colocar o carro na frente dos bois”; que é necessário aprender primeiro
os fundamentos para depois poder expressar uma opinião sobre determinado
assunto ou ciência.
O homem, como animal racional, precisa valer-se da razão
para superar as adversidades e manter sua supremacia no planeta.
Descartes, em seu Discurso sobre o Método, descrevia as
regras fundamentais para utilizar corretamente a razão, ou seja, a Evidência, a
Análise, a Síntese e o Desmembramento, confirmando a necessidade de cumprir
etapas para, a partir da identificação do problema ou objeto de estudo, chegar
às hipóteses, aos resultados e teorias.
A gigantesca oferta de informações oferecida pela ciência através
dos veículos de informação, principalmente televisiva, dada a sua
característica imediatista, retira quase que totalmente a possibilidade, o
tempo necessário, para a reflexão sobre os assuntos abordados e a assimilação
dos conceitos envolvidos.
É como trocar a leitura de um bom livro, que nos transporta
para seu “Mundo Mágico” e nos permite vivenciar experiências de cada
personagem, tão bem retratada no cinema pelo personagem Atreyu, no filme de
Wolfgang Petersen, A História Sem Fim, cujo ator principal, da segunda parte da
trilogia, tragicamente suicidou-se aos 27 anos de idade, vitima da sua incapacidade
para lidar com a “falta de holofotes”.
Apenas outra árvore formosa que cai com o vento por ter
raízes pequenas e frágeis.
Estoicos como Sêneca e Epicteto acreditavam que o homem
sábio era imune aos infortúnios porque praticava a virtude e que ela era
suficiente para a felicidade.
Os epicuristas defendiam um sistema filosófico que pregava a
procura dos prazeres moderados para atingir um estado de tranquilidade e
libertação do medo.
Em suma, a moderação, a prática da virtude, a tolerância e,
sobretudo a paciência, que estão sendo retiradas da vida cotidiana de nossos
cidadãos por uma cultura hegemônica consumista imposta pelo mercado, leva a
nossa civilização a largos passos para a idade das cavernas.
Como a mensagem inicial transmitida pelo Papa Francisco, é
preciso parar e refletir.
Estamos substituindo a beleza do namoro, do romance, do
friozinho na barriga, dos encontros escondidos, pelos poucos caracteres
permitidos pelo Twitter:
- Topas?
- Topo!
Professor Orosco
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