Gostaria
de compartilhar com vocês uma breve reflexão.
Não é de hoje que tenho
refletido sobre o número de coincidências que verifico se apresentarem em minha
vida, coincidências estas que me levam a refletir, profundamente, sobre os
desígnios, os sinais e as mensagens que recebo do Grande Arquiteto do Universo.
Vejam só.
Hoje
pela manhã, antes de sair para o trabalho, dediquei alguns momentos para
planejar uma aula que vou apresentar na próxima sexta, falando sobre o tempo,
para alunos do ensino médio.
Dentre
os vários elementos que pesquisei, estava o famoso quadro de Francisco Goya
(1746/1828), um grande pintor espanhol, denominado “Saturno Devorando um Filho”,
concluído em 1823 e hoje exposto no Museu do Prado em Madri.
Logo
pela manhã, achei o quadro um pouco macabro demais e optei por deixá-lo arquivado
no banco de imagens do meu computador, uma vez que, afinal, estudando a “Mitologia
Grega” encontramos algumas das primeiras menções sobre o tempo.
Lá, Cronos (em grego
Κρόνος, titã do
tempo, Χρόνος), era a divindade suprema da primeira geração de
titãs, correspondente ao titã romano Saturno.
Filho de Urano, o Céu
estrelado, e Gaia, a Terra, era o mais jovem dos Titãs.
Foi durante seu reinado que a
humanidade (recém-nascida) viveu a sua "Idade de Ouro".
Como tinha medo de ser
destronado por causa de uma maldição, Cronos engolia os filhos ao nascerem,
como retratado na tela.
Comeu todos exceto Zeus, que sua
esposa Reia conseguiu salvar, enganando-o ao enrolar uma pedra em um pano, que
ele engoliu sem perceber a troca.
Quando Zeus cresceu, resolveu
vingar-se de seu pai, solicitando para esse feito o apoio de Métis - a
Prudência - filha do Titã Oceano.
Esta ofereceu a Cronos uma poção
mágica, que o fez vomitar os filhos que tinha devorado.
Então Zeus tornou-se senhor do
céu e divindade suprema da terceira geração de deuses da Mitologia Grega
ao banir os Titãs para o Tártaro e afastou o pai do trono, e segundo
as palavras de Homero prendeu-o com correntes no mundo subterrâneo, onde
foi encontrado, após dez anos de luta encarniçada, pelos seus irmãos, os Titãs,
que tinham pensado poder reconquistar o poder de Zeus e dos deuses do Olimpo.
Até
aqui, nada mais que história.
A
coincidência é que, à noite, assistindo uma aula de oficina em epistemologia,
qual minha surpresa ao ver que, dentre os vários assuntos abordados, estava a
referida obra de arte.
Isto
me fez olhar o quadro e pensar no tempo, de modo diferente.
Atentando-nos
para a belíssima obra de Goya, percebemos, em seus traços sombrios e macabros,
algo mais aterrador que a mensagem mitológica,
Percebemos
que Cronos, o tempo, come os deuses.
Percebemos que come, também, os
homens e come a carne dos homens.
Come pais e come filhos.
Come sonhos e come as
esperanças.
Come
as alegrias e come, também, as tristezas.
Implacável,
o tempo come o próprio tempo, que não volta mais.
Nada
sobrevive a ele.
Talvez,
breves memórias, regurgitadas no presente e por um singelo momento, como aconteceu
com os irmãos de Zeus
Goya
era, simplesmente, um gênio.
Professor Orosco.
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