segunda-feira, 27 de julho de 2015

ENTENDENDO O BRASIL


Dada a diversidade étnica da nossa gente, onde não se pode identificar uma raça dominante, seja ela branca, negra, amarela ou vermelha, mas sim um amalgamado de todas elas, não se pode contar com a tradição como marca de nossa sociedade.
Assim sendo, também não se pode identificar uma cultura dominante, embora a branca e européia ainda conserve maior poder econômico e, graças a isso, ainda exerça uma certa pressão hegemônica sobre as demais, sem, contudo, conseguir impor seu modelo à maioria da sociedade.
Desta forma, a miscigenação das raças, que se torna regra, rompendo inclusive as defesas das culturas mais sólidas, como as asiáticas, por exemplo, acaba por propiciar e consolidar nossa famosa hospitalidade e cordialidade, características pelas quais somos conhecidos mundo afora.
Não é apenas como se todas as raças se sentissem um pouco brasileiras, mas sim o fato de que, todas elas são, realmente, constitutivas do nosso povo.
Daí o fato de que, por ser o Brasil uma "terra de todos", acabar deixando transparecer a falsa impressão de que é "terra de ninguém".
Como cada grupo defende seus costumes e exerce, isoladamente, sua liberdade, temos a impressão de que, por aqui reina a anarquia, representada pela expressão popular do "samba do crioulo doido".
Fica fácil, então, neste mix de sotaques, compreender que o "jeitinho brasileiro", "a malandragem" e a corrupção, tão entranhadas na nossa sociedade, são apenas uma consequência, um reflexo, desta falta de tradição cultural.
Pior ainda, compreender que este "jeitinho" acaba por se tornar, ele mesmo, uma tradição.
A solução lógica e simples deste problema, seria, portanto, a secessão.
Dividir o país em tantas partes quanto grupos étnicos representativamente existentes.
Um para os descendentes de alemães, outro de italianos, etc.
Assim, teríamos contemplados os portugueses, os espanhóis, os franceses, os vários grupos africanos e as várias tribos indígenas.
O único problema desta solução, é que não teríamos mais o Brasil, pois
isto seria como desmembrar o corpo humano segundo seus aparelhos, ou seja: ficaria bonito no papel, mas totalmente impossível, ainda que alguns o desejem.
O corpo humano, assim como o Brasil, só funciona com todos eles. 
A resposta final, então, dando tempo ao tempo, é aguardar que o amadurecimento de nossa sociedade venha proporcionar o surgimento de novos padrões éticos e morais que sintetizem esta nação.
Tolerância e paciência, que "como caldo de galinha" não fazem mal a ninguém ( excetuando-se, é claro, a galinha) são os remédios indicados para as doenças de nossa sociedade, compreendendo-se  que
Ordem e Progresso são mais do que palavras gravadas fortuitamente num lábaro multicor.
São coordenadas para o futuro de nossos filhos e netos.
Basta acreditar e aprender a lê-las.

Professor Orosco.



sexta-feira, 17 de julho de 2015

O CAMINHO DE "SÃO BOLIVAR"

Diferentemente do percurso traçado por Santiago, nosso São João Batista, ou do outro Santiago, nosso Thiago Maior, que nos leva a uma profunda reflexão interior, parece-me que o de Bolivar nos remete a uma completa perplexidade diante dos fatos exteriores.
Diante da turbulência institucional que presenciamos e que, em período não tão distante, avisei que se aproximava, a maioria das pessoas não consegue sair do "olho da tempestade", alimentada por uma profunda carestia, ao ponto de conseguir enxergar para além do horizonte imediato.
A crise instalada entre os poderes da República (Res Publica, ou coisa pública) que a cada dia ganha proporções maiores, inclusive com ameaças de prisões e de retaliações, insuflada por um crescente desejo popular de conseguirmos um mínimo de moralidade na gestão de nosso país, dá asas aqueles que pregam uma intervenção militar.
Uma intervenção militar que, se bem sucedida, nos levaria ao limbo, como da última vez, já que, como primeira medida moralizadora, teríamos novamente a censura à imprensa e o cerceamento dos direitos civis.
Uma intervenção militar que, se fracassada, e aqui é o ponto que considero importante destacar, repetiria um movimento similar ao realizado por Chaves, na Venezuela, que se aproveitou dele para implementar sua ditadura.
Ou seja, diferentemente do que possa parecer, esta atual "crise institucional" e o consequente descrédito das instituições republicanas (da Câmara Federal, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal) cujas lideranças estão comprometidas por sucessivos escândalos, pode ser benéfica ao executivo, se este for o caminho escolhido por ele.
Uma suposta rebelião fracassada das forças armadas legitimaria um governo de exceção por parte dos atuais dirigentes, que implementariam sua ideologia bolivariana, ao revés da lei e da vontade popular, e nos lançaria ao mais profundo abismo.
O recente chamamento à luta por parte do ex presidente e atual "consultor para assuntos aleatórios" do Palácio di Planalto, de seu exército particular, conhecido por MST e MSHP, só faz reforçar este meu temor.
Como hoje é sexta feira (dia 17 de Julho de 2015), deixo aqui esta mensagem, cuja questão central, quem sabe, pode acalorar um bom bate-papo no happy hour do fim do dia.

Professor Orosco

quinta-feira, 9 de julho de 2015

POLÍTICA

Neste 9 de Julho de 2015, data em que os paulistas comemoram sua participação na Revolução Constitucionalista de 1932, onde, mesmo derrotados lograram a vitória, aproveito para apresentar aos amigos uma breve reflexão sobre política, que acho oportuna, dadas as recentes manifestações ocorridas em nosso país.
Segundo Wildelband e segundo Rickert, a política, enquanto ciência, acaba por se transformar numa espécie de síntese das ciências nomotéticas e idiográficas; da natureza e da sociedade.
Nas do primeiro tipo, há leis naturais, fixas, permanentes e eternas, imutáveis.
Nas do segundo tipo, num mundo heterogêneo, imperam as mudanças, as diferenciações, a infinita diversidade, a probabilidade e a teleologia.
Nas do primeiro tipo, um simples fenômeno pode levar a uma lei geral.
Nas do segundo tipo, tudo é distinto e cada fenômeno é, em si mesmo, uma espécie, algo que existiu uma única vez e que nunca se reproduzirá em condições idênticas, senão, no melhor dos casos, em condições análogas.
Assim, o absolutismo de Luis XIII e de seu Cardeal Richelieu, a monarquia do período elisabetano, o governo de terror Stalinista, o fascismo de Mussolini ou o nazismo de Hitler, são, historicamente coisas passadas e que lá permanecerão enterradas na poeira do tempo.
O comunismo e o neoliberalismo, como fetos natimortos, que sequer tiveram tempo ou chance de mostrar sua verdadeira face.
Assim, são tolos os que sonham reviver quaisquer ideologias, de esquerda ou de direita, fundamentalistas ou não, que já foram superadas pela história.
Como nas palavras de Santo Agostinho, não existe passado senão aquele que se faz presente pela nossa memória; não existe futuro senão aquele que se faz presente pelo nosso anseio, desejo ou esperança.
O modelo político ideal, será sempre aquele que é possível ser construído hoje, levando-se em conta, não a história ou a natureza das coisas, mas a síntese do desejo de todos os atores sociais que habitam nosso planeta.

Professor Orosco.


sexta-feira, 3 de julho de 2015

SOBRE A REDUÇÃO DA IDADE MÍNIMA PARA EFEITOS PENAIS


Como este assunto tem rendido acalorados debates no país, não só entre congressistas ou partidos políticos ideologicamente distantes, mas também pela população em geral, decidi manifestar minha opinião sobre o assunto.
Primeiramente gostaria de colocar que sou plenamente favorável a toda e qualquer iniciativa, pública ou privada, de caráter sócio educativa, que seja implementada para a recuperação, não só de jovens, mas de toda e qualquer delinquência, inclusive aquelas que possam ser aplicadas à população carcerária de nosso país.
Medidas como o ensino e prática religiosa, aulas de capacitação profissional, atividades laborais supervisionadas, inclusive o trabalho remunerado como forma de custear sua internação, além de outras, têm demonstrado sua validade no processo de recuperação dos delinquentes.
Ocorre, porém que, como em qualquer doença, este mal precisa ser combatido de forma eficaz, caso se deseje alcançar a cura.
Isso significa utilizar todos os medicamentos sociais de que dispomos, na exata relação de sua necessidade, segundo o agravante do mal.
Assim, além destas medidas de caráter sócio educativas, torna-se necessário atentar para a necessidade de promover profundas modificações nos paradigmas que norteiam nossa sociedade.
Não se trata, apenas, de construir novas escolas, inclusive as de tempo integral, as quais defendo, se não atentarmos para a revisão dos princípios que norteiam e regulam a ação e os limites de alunos e professores.
Educação é, e sempre foi, tarefa dos pais e, na ausência ou falhas destes, do Estado, como representante máximo da sociedade.
Escolas transmitem conhecimentos formais que auxiliam no desenvolvimento das pessoas, mas são incapazes de educar, quer pelo pouco tempo em que os alunos estão em sala de aula, quer pelo número excessivo de alunos sob a supervisão de um único professor.
Escolas ajudam, mas não são, isoladamente, a solução, haja-se visto, inclusive, o crescente número de agressões contra professores.
Programas sociais de apoio às famílias, não só as carentes, que exijam algum tipo de contrapartida para o resgate da cidadania, igualmente são importantes, mas, como as escolas, se mostram insuficientes.
A repressão e a punição “exemplar”, e grife-se o exemplar, embora como último recurso, precisa ser colocada como a derradeira trincheira de defesa de um mínimo de coesão social, pelo que, não pode ser vilipendiada como se fosse um mal maior.
Ela precisa ser entendida como o último recurso do qual o Estado se vale para restringir o verdadeiro mal.
Assim, a redução do limite de idade para efeitos penais para os chamados crimes hediondos, embora horrível, mostra-se uma necessidade da sociedade que busca equacionar o problema da delinquência juvenil, o que não invalida a urgência e a necessidade de todas as outras medidas que visem inibir quaisquer práticas delituosas.

Professor Orosco.