sábado, 1 de outubro de 2016

A REFORMA DO ENSINO


Diante da polêmica gerada pela emissão de uma medida provisória que "aumenta a carga horária do ensino médio" e torna, no excedente, algumas matérias optativas, acredito que seria interessante fazermos algumas reflexões, antes de sairmos dizendo isso ou aquilo, emitindo opiniões, sobre assuntos que não dominamos suficientemente.
Primeiramente, todos nós deveríamos ter consciência de que não é possível alcançar o conhecimento pleno sobre qualquer assunto.
A experiência nos mostra que ainda que vivêssemos mil anos, ainda precisaríamos aprender muita coisa.
Socrates disse a quase três mil anos atrás que "Só sei que nada sei" e até hoje muitos não entendem o que ele queria dizer com isso.
Diante disso, otimizar o pouco tempo que dispomos para as tarefas mais importantes (o importante depende de cada um) deixando algum tempo para atividades periféricas, me parece lógico.
A reforma estrutural que realmente precisamos, começando pelos anos iniciais do fundamental I e chegando ao superior, até agora não ví ninguém propor.
Diz um ditado popular que "quem não se comunica, se estrumbica".
Assim, ao que me parece, ensinar a aprender a ler e escrever é o mais importante, o resto é periférico,
Parece banal e óbvio, mas não é.
A maior parte de nossos jovens chega ao curso superior sem saber interpretar textos ou expressar-se de uma forma minimamente aceitável.
O "é nóis no dial" não faz parte da língua portuguesa (oficial) e, ao menos por ora, não pode servir como parâmetro para a educação de base.
Mobilizar alunos que não sabem o que precisam saber (se soubessem não seriam alunos) para defender esta ou aquela proposta, promovendo arruaças e baderna, não me parece ser uma atitude louvável de quem prega a "honestidade intelectual".
O amor à sabedoria (filosofia), a meu ver, não é disciplina, é missão de vida que precisa ser ensinada desde o "b-a-ba" e não somente nos poucos anos do fundamental II e do ensino médio. Na Alemanha, por exemplo, é pré-requisito em qualquer curso superior.
A educação física, sem educação alimentar, por exemplo, me parece uma tortura medieval.
Comer hambúrgueres com bacon e depois pagar para sofrer numa academia me parece coisa de loucos.
Artes sim, mas qual?
Cênicas, pintura, música, poesia...
Mil vidas não seriam suficientes.
A quase totalidade das coisas que precisamos aprender e ensinar aos nossos jovens para o mercado de trabalho dizem respeito a profissões que ainda não existem, mas que existirão no futuro, quando eles estarão, então, aptos a abraça-las.
Matemática é coisa inexistente.
É apenas e tão somente uma ferramenta, um construto humano, que nos auxilia a compreender o universo. Só isso, mais uma ferramenta dentre as muitas que dispomos para isso.
Saber manuseá-la é importante enquanto tal, mas sem neuras.
Mais importante é saber o significado de aprendê-la.
Não me parece lógico estudar mil fórmulas e equações para produzir bombas atômicas, apenas para exemplificar.
Aprender qual planta podemos comer ou usar como remédio, me parece tão importante quanto ela.
Depende do contexto.
Como vemos, o problema é mais complexo do que parece.
A educação é uma tarefa dinâmica, que muda a cada dia, e que precisa ser atualizada a todo instante, se desejamos formar pessoas e não autômatos.
Nesta caminhada rumo ao futuro precisamos escolher sabiamente o que vamos carregar em nossa bagagem.
Se pouco, passamos frio e fome.
Se muito, não conseguimos ir muito longe.
Bons estudos.

Professor Orosco

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