sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

ANO NOVO, ATITUDE NOVA


No ano que passou tivemos momentos bons e ruins, como ocorreu em todos os outros anos. Perdemos pessoas queridas e vimos chegar outras que roubaram nossos corações. Ganhamos dinheiro e gastamos tudo. Nossa saúde nos permitiu a qualidade de vida suficiente para chegar até aqui. Tudo poderia ter sido melhor, mas, também, poderia ter sido pior.
Assim, como não adianta chorar pelo leite derramado, renovemos a esperança por dias melhores, mas façamos a nossa parte para que realmente o sejam. Simples e pequenos gestos, nada complicado, podem ser suficientes. Como diz meu querido irmão João:

- Se chegar ao final do dia e eu contabilizar ter ouvido, pelo menos dez vezes, a palavra obrigado, saberei que fiz por merecer a graça de tê-lo vivido. Caso contrário, preciso me esforçar um pouquinho mais para ser uma pessoa melhor, para fazer um mundo melhor.

Como o pequeno pássaro que jogava a água transportada em seu bico sobre o incêndio da floresta, basta fazer a nossa parte.

FELIZ 2017.


Professor Orosco

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

DAS CAUSAS PROVÁVEIS PARA A BURRICE HUMANA


Os burros que me perdoem, mas a analogia se faz necessária para tentar explicar o comportamento humano, principalmente nos últimos anos e, particularmente no Brasil, quando copiamos sua teimosia em não querer aprender com nossos erros. Note-se que me referi à vontade manifesta de não querer aprender, e não à impossibilidade de fazê-lo. O burro ou a mula (a fêmea da espécie) empaca durante a viagem, simplesmente porque não tem vontade de continuar e não porque não sabe ou não consegue aprender o caminho. Popular e jocosamente, desde os tempos do escritor e poeta grego Esopo (cerca de 600 anos a.C.) já atribuímos aos homens características destes animais, quando, por exemplo, dizemos que o macho humano, com seu jeito bruto de ser, trabalha e age como um burro de carga, e a fêmea humana, inconstante e volúvel, sabe ser teimosa como uma mula.
De qualquer forma, não nos prendendo demasiadamente à alegoria, pretendemos demonstrar que a pouca capacidade de compreensão e o baixo tirocínio evidenciado pela esmagadora maioria da população (a burrice congênita), principalmente entre os mais jovens, está, também, associada a fenômenos fisiológicos, causados em boa parte por seus hábitos alimentares e pelos elevados índices de poluição.
Explicando melhor:
Segundo o Dr. Otto Henrich Warburg (1883/1970), bioquímico e fisiologista alemão, ganhador do Prêmio Nobel em 1931 por sua tese sobre “A causa primária e a prevenção do câncer”, onde evidenciou a natureza e a ação da enzima respiratória e dos processos de oxidação em células vivas, ‘a falta de oxigênio e a acidez são as duas faces da mesma moeda: quando você tem uma, você tem a outra”. Ou seja, segundo o Dr. Warburg, a acidez expulsa o oxigênio das células, tornando o ambiente oxidante e acelerando o processo de morte celular. No mesmo trabalho ele também defende a tese de que já que as substâncias ácidas repelem o oxigênio, por oposição, as substâncias alcalinas atraem o oxigênio.
Desta forma, podemos deduzir que, uma vez finalizado o processo de digestão, os alimentos de acordo com a qualidade de proteína, hidrato de carbono, gordura, minerais e vitaminas que fornecem, gerarão uma condição de acidez ou de alcalinidade no organismo, corroborando a afirmação do filósofo alemão Ludwig Feuerbach (1804/1872), ‘o homem é aquilo que ele come’. E dizer, com o conhecimento deste processo metabólico, percebemos que para as células funcionarem de forma correta e adequada, seu pH deve ser ligeiramente alcalino[1].
Isso significa, na prática, que todo o processo cognitivo precisa se dar em um ambiente levemente alcalino, onde a qualidade do sangue que alimenta o cérebro (quantidade de oxigênio transportado) tem importância fundamental. Sangue mais ácido, menos oxigênio, implicando em processo sináptico comprometido.
Assim, por exemplo, quando ingerimos um simples refrigerante estamos transformando nosso organismo, tornando-o ácido[2] e, segundo o Dr. Lair Ribeiro, médico, cardiologista e nutrólogo brasileiro, ao ingerir um simples copo de refrigerante (pH médio 2,5)[3] precisaríamos ingerir pouco mais de outros 30 copos de água apenas para neutralizar seus malefícios.
Da mesma forma, a poluição gerada nas cidades, principalmente pela queima de combustíveis fósseis como, por exemplo, carvão mineral e derivados de petróleo, que lança grandes quantidades de monóxido de carbono e dióxido de carbono (gás carbônico, CO2) na atmosfera, aliada à água chuva, produz a chamada chuva ácida, responsável pela morte das plantas, animais (morte celular) e pela corrosão de automóveis ou construções.
A constatação da existência deste ambiente ácido provocado pela chuva nas grandes cidades, pelo que já foi exposto, ajuda-nos a compreender, por exemplo, o comportamento anormalmente errático (burrice) de boa parte dos motoristas que se veem presos num trânsito, normalmente congestionado que, diante disso, torna-se ainda mais caótico, exponencializando o problema. É como se a inteligência dos motoristas se solubilizasse na chuva, um fenômeno que pode ser comprovado facilmente a cada nova tempestade, comprometendo o sistema de tamponamento do organismo[4].
Finalmente, concluímos que os jovens (mas não só eles), normalmente como pessoas mais expostas aos efeitos de uma alimentação irregular e das intempéries climáticas (já que não gostam de proteção adicional), acabam, sofrendo mais dos efeitos nocivos dessa acidez no organismo, o que nos ajuda a compreender as dificuldades adicionais que demonstram, em suas atividades diárias para, por exemplo,  “calcular um simples troco para as compras do mercado” ou “compreender corretamente um pedido verbalizado que lhe é feito num processo de compra qualquer”.

Professor Orosco


[1] Sabemos que o pH do sangue humano normal oscila entre 7,35 e 7,45.  pH sanguíneo abaixo de 7,0 (ácido) induz o individuo ao coma e, acima de 7,7 (alcalino), pode desencadear crises epiléticas.
[2] O corpo humano é uma grande máquina que precisa produzir energia para funcionar, ou seja, precisa consumir elétrons para funcionar. A nível celular, quando consumimos elétrons sobram os prótons. O próton mais simples é o H+. No pH se mede a quantidade de prótons (íons H+). Quanto mais prótons temos, menor é o pH e mais ácido é o meio. Quando nosso corpo gasta energia, nós consumimos elétrons, temos excesso de prótons e o nosso organismo acidifica. Nós precisamos eliminar este excesso de ácido que é prejudicial à saúde. Isto é feito através da urina, quando eliminamos ácido úrico, através da respiração, quando eliminamos ácido carbônico na forma de CO2, através do estômago quando eliminamos ácido clorídrico e através da transpiração. Os refrigerantes têm o ácido carbônico produzido por meio da diluição do gás carbônico em água como um componente fundamental (CO2 + H2O => H2CO3),
[3] Considerando-se que o pH médio do nosso sangue deve estar entre 7,35 e 7,45, o pH 2,5 de um refrigerante é extremamente ruim, já que a diferença de seu potencial hidrogeniônico é aproximadamente 100 mil vezes. (de pH 2,5 para 3,5 fator 10, para 4,5 fator 100, para 5,5 fator 1.000, para 6,5 fator 10.000 e para pH 7,5, 100.000)
[4] As soluções tampão têm a função de impedir que haja variações de pH na corrente sanguínea.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O PAPEL DO ESTADO DIANTE DA CRISE DO DESEMPREGO

Diante dos recentes protestos que vimos ser estabelecidos de forma programada ou não,  por todo o país, quase todos, em defesa dos direitos trabalhistas conquistados após muita luta e mobilização sindical, seria interessante realizarmos uma breve reflexão sobre o papel do Estado na mantença dos empregos e destes direitos.
Ė fato conhecido que, diante das constantes inovações tecnológicas, a mão de obra requisitada pelas indústrias, pela agricultura e até mesmo pelo comércio, principalmente o digital, tem sido sistematicamente substituída e reduzida pelo emprego de sistemas mais eficientes.
Essa busca generalizada por ganhos de produtividade, implementada por todas as organizações, privadas ou públicas, se de um lado provoca a redução da mão de obra, de outro lado torna os produtos e serviços mais baratos e acessíveis a um número maior de pessoas.
Os mais jovens podem não saber, mas houve um tempo em que as famílias sonhavam com a possibilidade de comprar uma geladeira, uma televisão, produtos que eram considerados inacessíveis para a maioria delas.
 Comprar a casa própria era, então, tarefa que demandava algumas gerações.
Carro, era coisa de gente rica, e os relógios passavam de pais para filhos.
Tudo isso mudou e, graças à inovação tecnológica, hoje em dia, quase todos podem ter um telefone celular, comprar um camisa ou conseguir estudar em uma escola pública.
O desafio, então, nestes “tempos modernos”, ė conseguir gerar emprego e renda para uma população mundial que, nos últimos 200 anos, cresceu 700% e que, ainda deverá dobrar nos próximos 100 anos.
A alternativa de promover guerras para reduzir a população jovem, embora não descartada, não é uma solução que poderíamos dizer inteligente, mesmo que alguns idiotas ainda pensem nela como solução.
Resta-nos o setor de serviços.
Mais médicos, mais advogados (nem tantos), mais dentistas, farmacêuticos, cabeleireiros, pizzaiolos, balconistas, intérpretes, corretores de imóveis ou consultores para investimentos nas bolsas de valores, trabalhadores em pet-shops ou mesmo cuidadores, são alternativas para minimizar esse problema, que, de forma privada e quase individual, tem sido adotadas.
No entanto, mesmo elas, não fogem às regras do mercado, onde a redução de custos e os ganhos de produtividade, continuam a pressionar a  atividade laboral.
Ou seja, mostram-se como solução paliativa  e de curto prazo  (uma ou duas gerações no máximo), quando o problema novamente será evidenciado.
A solução, então, precisa ser encontrada em atividades que não sejam reguladas pelo mercado, ou seja, por atividades laborais em que a qualidade dos serviços seja mais significativa que os custos envolvidos nelas e pelas quais a população aceite pagar.
Normalmente, atividades geridas pelo Estado.
Professores trabalhando com menos alunos por sala de aula, e não ao contrário.
Escolas em período integral.
Mais bombeiros e mais policiais.
Mais hospitais públicos e mais agentes de saúde.
Forças armadas melhor aparelhadas e preparadas.
Ou seja, o Estado oferecendo serviços de qualidade e em quantidade suficiente para promover o bem estar de todos.
Não de forma paternalista, clientelista, cartorial, corrupta ou ideológica, mas com planejamento e objetivos claros e transparentes.
Um Estado mínimo para evitar o desperdício de recursos e máximo para assegurar a defesa dos interesses da população e, particularmente das classes menos favorecidas.
Um Estado, como grande empregador e prestador de serviços pelos quais a população aceite pagar sem sentir-se roubada, como infelizmente ocorre hoje em dia.

Professor Orosco


sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A REFORMA DA PREVIDÊNCIA E A HABITUAL PRÁTICA DO CRIME DE USURA PELO GOVERNO.


Conforme o dicionário, sob a prespectiva etimológica, a palavra usura provém de duas palavras latinas: "usus" e "rei" com o sentido de cobrança pelo uso das coisas. Partindo-se de um conceito mais moderno, a usura, em síntese, é entendida como a cobrança de remuneração abusiva, por exemplo, pelo uso do capital quando da cobrança de um empréstimo pecuniário (ou seja, em dinheiro), são cobrados juros excessivamente altos, o que lesa o devedor. Considerada uma prática repudiada socialmente e tipificada como conduta criminosa por diversos ordenamentos jurídicos, inclusive o brasileiro, pode ser estendida inclusive a tributações indevidas, quando evidenciadas como tal. Em outras palavras, a cobrança indevida ou exagerada de impostos, taxas ou tributos por parte do governo, pode e deve ser considerada como usura. 

O governo, responsável que é pela defesa interna e pela segurança externa do Estado, tem o direito de solicitar que os indivíduos sacrifiquem parte de suas posses para custear os gastos que a consecução desses deveres requer. Os governados, por sua vez, têm o direito de demandar do governo que a soma de todos os impostos não exceda o que é necessário para o objetivo pretendido. Essa condição só pode ser atingida por meio de arranjos políticos que imponham limites às demandas e, por via de consequência, à prodigalidade e à ganância dos governantes. 
(CONSTANT, 2007, p 351)[1]
  
Neste contexto, a cobrança, por exemplo, da contribuição previdenciária sobre o trabalhador em primeiro nível e sobre o empregador em segundo nível, aplicada a todos aqueles que se aposentaram e que continuam a trabalhar, seja pelo motivo de fazê-lo para melhorar seus rendimentos ou pelo simples motivo de querer evitar o ócio, configura-se numa espécie de confisco de parte de seu salário e no crime de usura. O trabalhador que continua a trabalhar após a sua aposentadoria não recebe nenhum benefício adicional por essa taxação, uma vez que todos os direitos e benefícios que poderia receber já terão sido conquistados no momento em que se aposentou e, nem mesmo a atualização dos valores recebidos pelo aumento no período de contribuição lhe é permitido.
Por outro lado, para poder refutar a alegação citada no texto de Benjamin Constant, onde as despesas com a segurança do Estado justificam a cobrança de impostos, podemos também nos valer do pensamento de Henry Thoreau, um renomado ativista estadunidense, precursor da “Desobediência Civil”, que se tornou famoso pela sua luta contra os impostos cobrados por seu governo para financiar a guerra e a escravidão, que dizia: “Qualquer idiota pode fazer uma regra e qualquer idiota a seguirá” e perguntava aos seus pares: “Já que leis injustas existem: devemos contentar-nos em obedecer-lhes até triunfarmos ou transgredi-las desde logo?”
Ou seja, no momento particular em que, nos bastidores do governo se discute uma profunda reforma no modelo de previdência social vigente, um modelo que nada tinha de previdente, já que tolerou que o funcionalismo público tivesse regras diferenciadas; que outorgou benefícios questionáveis a militares; que tolerou “Fundos de Pensão” custeados na maior parte por recursos de empresas estatais, que teoricamente são de todos e não apenas dos beneficiados; que permitiu à classe dirigente (dos três poderes) definir seus próprios salários e benefícios, pagos de forma compulsória com nossos impostos, seria prudente que todos se mobilizassem para acompanhar e questionar suas ações.
Assim, diante da possibilidade que que sejamos obrigados a pagar a contribuição previdenciária, mesmo já gozando do “descanso eterno”, quando veremos nossos dependentes sendo alijados de seus direitos de pensão pelos quais pagamos quando vivos e, antes de aceitar que tal legislação seja outorgada, via decreto, pelo rei do momento ou promulgada por um Congresso que não nos representa, devemos exigir que tal obrigação seja referendada pelo conjunto de nossa sociedade.

Professor Orosco


[1] CONSTANT, Benjamin. Princípios de Política Aplicáveis a Todos os Governos. Rio de Janeiro: TopBooks, 2007

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

NUVENS ESCURAS E SOMBRIAS NO CÉU


O ano de 2016 está chegando ao fim e, ao que parece, não deixará saudades no quesito governabilidade. O despudor com que a coisa pública foi tratada nos últimos anos criaram uma das maiores crises econômicas que nossa jovem nação já viveu e que ainda não mostrou sinais de arrefecimento. Pior, ao olharmos o ano de 2017, já tão próximo, somos obrigados a constatar que ele também já está comprometido.
Neste final de ano, das pouco mais de 6 mil prefeituras brasileiras, acredito que algo como 5 mil delas, terão sérios problemas para realizar o pagamento do 13º Salário do funcionalismo público, agravados pelas dificuldades dos governos estaduais que, também terão seus problemas.
Alguns jornais já estão noticiando que muitas delas estão sofrendo cortes no fornecimento de energia elétrica, outras com interrupção de serviços essenciais, como saúde, por falta de pagamentos a fornecedores, e outras, com problemas na coleta de lixo, combustível para viaturas policiais, ambulâncias, etc.
Um verdadeiro caos, que vai se agravar com a chegada de novos prefeitos, muitos deles sendo boicotados desde já por aqueles que perderam as eleições, desejosos de “ver o circo pegar fogo”, até como maneira de forçar os novos gestores a tomar ações duras contra a população enquanto estarão impossibilitados de contratar auditorias independentes para avaliar os contratos já firmados e checar os desmandos feitos pelas atuais administrações.
As crises previstas na saúde, na educação, na segurança pública, nos serviços básicos de limpeza, iluminação, fornecimento de água e transportes, aliadas a um número sem precedentes de pessoas desempregadas, formarão, já no início do ano, uma pressão que será muito difícil suportar, principalmente pelas camadas mais vulneráveis de população.
Essa é a herança que os governos populistas e demagógicos da última década nos deixaram, nuvens escuras e sombrias no céu, e que agora querem esconder, jogando a culpa nos novos gestores, como forma de fugir da sua culpa.
Oxalá não consigam mais enganar tanta gente, como fizeram no passado.

Professor Orosco