No processo de construção
embrionária, o feto, a partir do sangue que recebe da mãe, carregado de
proteínas e aminoácidos, também recebe uma significativa quantidade de
informações genéticas que vão assegurar o funcionamento do seu organismo.
Estas informações,
compiladas em um gigantesco Big-Date, armazenado em seu tronco encefálico, irão
proporcionar o desenvolvimento do seu mui complexo sistema nervoso (central,
autônomo e periférico) onde, a maior parte do seu processo neural se dará
diretamente na medula espinal, através do seu sistema nervoso autônomo, também
chamado neurovegetativo, dividido e sistema nervoso simpático (toracolombar) e
sistema nervoso parassimpático (craniossacral).
Neste sistema nervoso,
cada célula poderia, por analogia, ser associada a um bit, dígito binário (Binary
Digit), que é a menor unidade de informação que pode ser armazenada ou
transmitida, capaz de assumir, tão somente, dois valores : 0 ou 1; ligado ou
desligado, aceso ou apagado. No caso da nossa célula nervosa: ativada (energizada)
ou em repouso (desligada).
Como na programação de computadores,
onde a união de 8 bits forma o byte, a unidade básica de informação que
consegue, na combinação de seus bits, representar uma coordenada diferente para
cada letra, cada algarismo ou instrução de ligação (operações aritméticas),
cada conjunto de células nervosas, dispostas sequencialmente, conseguem se
transformar em uma instrução.
Assim, na união destas células
nervosas, ativadas ou desativadas segundo os estímulos elétricos que recebem dos
sensores espalhados pelo corpo (sistema nervoso periférico), dá-se a ativação
ou passivação das glândulas endócrinas e demais órgãos do organismo.
Se estes sensores, por
exemplo, enviam um sinal indicando a redução da temperatura ambiente, externa
ao nosso organismo, este sistema nervoso ordena a redução das atividades
motoras (letargia) para assegurar a manutenção da energia vital do sistema
circulatório, assim como a queima da gordura armazenada no organismo, para que
a temperatura interna do corpo se mantenha inalterada, evitando a hipotermia.
Da mesma forma, ao subir
uma ladeira íngreme, estes sensores detectam a necessidade de maior tração
muscular, fazendo com que este sistema nervoso aumente a frequência cardiorrespiratória,
a fim de oferecer aos músculos uma quantidade adicional de combustível
(glicogênio), da mesma forma que ocorre quando aceleramos o motor de um
automóvel para ganhar velocidade, aumentando o consumo de gasolina.
Este é o
Ser-objeto-em-si, que ainda não se reconhece como sujeito que, ao nascer, se vê
lançado num mundo que desconhece, trazendo consigo as sementes (homeomerias de
Anaxágoras) que vão formar a primeira mistura, a criança que, graças à ação do Ser-aí,
do Nous, uma inteligência ordenadora (programadora) denominada Intelecto, já
trás consigo as instruções preliminares gravadas no seu Hardware, o seu sistema
operacional.
A partir daí, durante
toda a fase sensório motora, segundo a classificação de Piaget, este
Ser-objeto-em-si, a criança recém nascida que ainda não se reconhece como
existente, começa a cumular informações em seu banco de dados (memória)
estabelecendo relações e apropriando-se de um sistema de linguagem.
Com isso, seu Intelecto
que compõe e divide, como dizia São Thomaz de Aquino em sua Suma Teológica (Sth
Q 16 A 2, juízos) começa a criar as condições para que o Ser-aí imediato do espírito, consciência, venha a desenvolver, também, uma
objetividade que a leva a reconhecer-se sujeito, uma consciência De-si, que vai
lançar-se ao mundo como uma consciência Para-si.
Significando este mundo e
percebendo nele a existência de outros seres, esta consciência retroalimenta-se
como Para-outro, passando a interagir com eles na construção de um futuro
(mundo compartilhado), desta feita como uma consciência Para-além, agora
ofuscada pela luz do Sol platônico, sem perceber que foi o Absoluto hegeliano,
o Espírito que o fez chegar ek-státicamente ao momento presente e que
continuará a delimitar os limites do seu Ser.
E dizer, sem perceber que
sempre foi e que sempre será um Ser cuja autonomia já foi definida nas linhas
de programação escritas pelo Grande Arquiteto do Universo.
Professor Orosco
Nenhum comentário:
Postar um comentário