UMA BUSCA PARA O SENTIDO DA VIDA
Passados
pouco mais de trinta anos desde que iniciei os rascunhos deste artigo, decidi
finalmente fazer uma revisão no trabalho e publicá-lo.
Neste
período de tempo tive a oportunidade de exercitar e praticar uma considerável
quantidade de experimentos científicos, transformando-os em “cases” que só
vieram a reforçar minhas crenças nos conceitos aqui transmitidos.
O
próprio texto redigido nos rascunhos iniciais, apesar dos anos, não precisou de
minha parte, nenhuma alteração contextual mais significativa.
Ele
pôde ser aproveitado quase que na íntegra.
Como
na canção popular:
- “ Não diga que a canção está perdida,
Tenha fé em Deus
Tenha fé na Vida,
Tente outra vez ...
- Basta
ser sincero e
Desejar profundo
Você será capaz
De sacudir o mundo
Tente outra vez ...”
Acredito, agora mais
ainda, neste início de um novo milênio, que os valores científicos, éticos e
morais aprendidos com meu saudoso pai, um teimoso espanhol “malaguenho”, de
nome Roman, aqui trabalhados são o caminho que escolhi trilhar nesta minha
jornada, transformando-se no legado que deixo a meus quatro filhos,
José Carlos,
Guilherme,
Monica e
Natascha.
Como o assunto em
questão é a Pathodicéia, a busca do sentido da vida, o caminho entre o afeto, a
racionalidade e a práxis, iniciamos nosso trabalho apresentando algumas
possibilidades para a origem de nossa dúvida citando uma pequena parte do
Gênesis, do grego γένεση, que significa origem, nascimento, criação,
apresentando também, além dela, outras opiniões, não criacionistas, sobre nossa
possível origem.
“No princípio, criou Deus os céus e a terra”
(Gen.1)
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus,
e o Verbo era Deus”.
“Ele estava no princípio com Deus”
“Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada
do que foi feito se fez”
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos
a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e vontade”
(Jo
1, 1, 2, 3, 14)
Palavras reforçadas até por quem não
era hebreu ou cristão.
“Estava lá o logos, graças ao qual todas as coisas
geradas foram produzidas, enquanto ele existe eternamente, como disse
Heráclito, e como diz o Bárbaro, ele está “perto de Deus” e ele é Deus,
estabelecido na dignidade de princípio, por ele tudo foi produzido, que nele o
que foi feito tinha a natureza do vivente, de vida e de ser, depois de uma
queda ele adquiriu um corpo, revestindo a carne, ele tomou a aparência do
homem, mostrando a grandeza divina, ele foi de novo divinizado, ele é Deus,
como antes de cair no corpo e descer na carne.
Amélio da Toscana, filósofo
neoplatônico, não cristão, do sec.II
O logos (λόγος, em grego), significava
inicialmente a palavra escrita ou falada, o Verbo.
Ainda, na mitologia grega, podemos
encontrar outras explicações para a origem do homem, como por exemplo, a
estória dos irmãos Epimeteu e Prometeu que, atendendo a um pedido de Zeus,
desejoso de ver na Terra seres animados que pudessem alegrar a monotonia de um
“Cosmos” organizado, que servissem para lhe render homenagens, foram
encarregados de povoar nosso planeta.
Conta a lenda que Epimeteu, extremamente
prestativo, rapidamente criou todos os animais, dando-lhes uma plenitude do
Ser, conferindo-lhes tudo o que necessitariam para existir, nada precisando
desejar.
Prometeu, um pouco distraído,
incumbido de criar o homem que, por ser uma tarefa menor, uma só espécie, acabou
por relaxar nos seus afazeres, de tal modo que, ao aperceber-se que o prazo
dado por Zeus findava, constatou que nada poderia dar ao homem, já que seu irmão tudo dera aos outros animais.
Preocupado em nada ter para
apresentar, além de um animal incompleto, o que o tornaria motivo de riso diante dos
deuses, furtou de sua cunhada, Pandora, um atributo que estava guardado a sete
chaves.
Furtou a “astúcia”, qualidade única,
que concedeu ao homem, de tal sorte que, com sua posse, este teria condições de
encontrar tudo o que precisasse para lograr sobreviver no mundo e agradar aos
deuses do Olimpo.
Já em seu livro de 1859, “A Origem
das Espécies”, Charles Robert Darwin, um naturalista britânico que viveu entre
1809 e 1882, convenceu a comunidade científica sobre a ocorrência da evolução
das espécies, propondo uma teoria para explicar como ela se dá por meio da
seleção natural e sexual.
Suas constatações tiveram a
capacidade de revolucionar o entendimento sobre a origem do homem, até então
admitida sob a teoria do criacionismo, influenciando outros cientistas e
filósofos, dentre os quais Friedrich Engels (1820/1895) que em um dos seus
trabalhos “Sobre o Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem”, no
ano de 1876, escreveu:
Há muitas centenas de milhares de anos, numa época
ainda não estabelecida em definitivo, daquele período do desenvolvimento da
Terra que os geólogos denominam terciário, provavelmente em fins deste período,
vivia em algum lugar da zona tropical – talvez em um extenso continente hoje
desaparecido nas profundezas do Oceano Índico (1) – uma raça de
macacos antropomorfos, extraordinariamente desenvolvida.
Darwin nos deu uma descrição aproximada desses
nossos antepassados. Eram totalmente cobertos de pelos, tinham barba, orelhas
pontiagudas, viviam nas árvores e formavam manadas. É de supor que, como consequencia direta do seu gênero de vida,
devido ao qual as mãos, ao trepar nas árvores, tinham que desempenhar funções
distintas das dos pés, esses macacos foram-se acostumando a prescindir de suas
mãos ao caminhar pelo chão e começaram a adotar cada vez mais uma posição
ereta. Foi o passo decisivo para a transição do macaco no homem.
É preciso compreender que, quando
falamos em evolução, falamos de milhares, talvez milhões de gerações, o que de
certa forma explica a dificuldade da compreensão do assunto.
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(1) Engels ao referir-se sobre um possível extenso
continente desaparecido baseou-se em um estudo publicado por volta de 1870 onde
o zoogeógrafo inglês Philip Lutley Sclater lançou a teoria de que um continente
(ao qual chamou de Lemúria) existira e que se estendia da atual Madagascar à
Índia e Sumatra – e que este continente submergiu no oceano Índico.
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Ainda segundo Engels:
E posto que a posição ereta havia de ser
para os nossos peludos antepassados primeiro uma norma, e logo uma necessidade,
daí se depreende que naquele período as mãos tinham que executar funções cada
vez mais variadas.
Mesmo entre os macacos existe já certa divisão
das funções entre os pés e as mãos...
As mãos servem fundamentalmente para recolher
e sustentar os alimentos, como o fazem já alguns mamíferos inferiores com suas
patas dianteiras.
Certos macacos recorrem às mãos para construir
ninhos nas árvores; e alguns, como o chipanzé, chegam a construir telhados
entre os ramos, para defender-se das inclemências do tempo. A mão lhes serve
para empunhar garrotes, com os quais se defendem de seus inimigos, ou para
bombardear com frutos e pedras.
Quando se encontram prisioneiros realizam com
as mãos várias operações que copiam dos homens. Mas aqui precisamente é que se
percebe quanto é grande a distância que separa a mão primitiva dos macacos,
inclusive dos antropoides mais superiores, da mão do homem aperfeiçoada pelo
trabalho durante centenas de milhares de anos.
O número e a disposição geral dos ossos e dos
músculos são os mesmos no macaco e no homem, mas a mão do selvagem mais
primitivo é capaz de executar centenas de operações que não podem ser
realizadas pela mão de nenhum macaco...
Mas a mão não era algo com existência própria
e independente. Era unicamente um membro do organismo íntegro e sumamente
complexo. E o que beneficiava a mão beneficiava também a todo o corpo servido
por ela... O aperfeiçoamento da mão do homem e a adaptação concomitante dos pés
ao andar em posição ereta exerceram indubitavelmente, em virtude da referida
correlação, certa influência sobre outras partes do organismo.
Esta afirmação de Engels nos leva à
conclusão que a distância entre o homem e o macaco acentuou-se muito mais pela
capacidade de raciocinar do homem do que pela sua simples evolução física.
Em face de
cada novo progresso, o domínio sobre a natureza que tivera início com o
desenvolvimento da mão, com o trabalho, ia ampliando os horizontes do homem,
levando-o a descobrir constantemente nos objetos novas propriedades até então
desconhecidas.
À medida que o homem inicia seu
processo de evolução, percebe que a ajuda mútua, entre os membros da manada,
pode trazer vantagens individuais a cada elemento do grupo.
Tarefas como colher frutas, vigiar
quanto à existência de predadores, cuidar das crias, defender o território dos
invasores, etc., agora socializadas, permitem um ganho real a todos os membros
do bando.
Este comportamento nada mais fez do
que forçar ainda mais os membros da sociedade que se criava, a agruparem-se
cada vez mais, chegando ao ponto de que tivessem a necessidade de dizer algo,
uns aos outros.
A laringe pouco desenvolvida no
macaco foi-se transformando, lenta e firmemente, mediante modulações que
produziam sons mais perfeitos, enquanto os órgãos da boca aprendiam pouco a
pouco a pronunciar um som articulado após outro.
A comparação com os animais
mostra-nos que a origem da linguagem a partir da divisão do trabalho adotada
pelos homens, é a mais plausível das possibilidades.
A pouca necessidade que os animais,
inclusive os mais desenvolvidos, têm de comunicar-se com os outros, faz com que
o façam sem precisar valer-se da palavra articulada.
Ainda conforme retratado por Engels,
com base nos estudos publicados por Darwin.
Nenhum animal em estado selvagem sente-se
prejudicado por sua incapacidade de falar ou de compreender a linguagem humana.
Mas a situação muda por completo quando o animal foi domesticado pelo homem. O
contato com o homem desenvolveu no cão e no cavalo um ouvido tão sensível à
linguagem articulada que estes animais podem, dentro dos limites de suas
representações, chegar a compreender qualquer idioma, fazendo com que possam,
inclusive, chegar a desenvolver sentimentos antes desconhecidos por eles, como
o apego aos homens, o sentimento de gratidão, etc.
Assim, o desenvolvimento do trabalho
em grupo, usando as mãos e com o uso da palavra articulada foram estímulos sob cuja
influência o cérebro do macaco foi-se transformando gradualmente em cérebro
humano.
À medida que o cérebro humano se
desenvolveu, todos os demais órgãos do organismo acompanharam seu
desenvolvimento, apurando-se a audição humana, que passou a distinguir os
diversos sons produzidos pela palavra articulada, da visão que, embora sem um
alcance tão longo quanto a das aves, por exemplo, é capaz de distinguir cores
nos seus mais diversos matizes e perceber detalhes que passam despercebidos à
maioria dos animais.
O desenvolvimento do cérebro e dos
sentidos, a crescente clareza de consciência, a capacidade de abstração e de
discernimento colocaram o homem em um caminho próprio, separando-o
definitivamente dos macacos e promovendo o início de sua jornada rumo ao
domínio da natureza.
A manada de macacos contentava-se em devorar os
alimentos de uma área em que as condições geográficas ou a resistência das
manadas vizinhas determinavam. Transportava-se de um lugar para o outro e
travavam lutas com outras manadas para conquistar novas zonas de alimentação;
mas era incapaz de extrair dessas zonas mais do que aquilo que a natureza
generosamente lhe oferecia.
À
medida que a população simiesca crescia, a escassez de alimentos começava, por
um lado, a limitar o crescimento populacional, e por outro lado, a forçar um
fluxo migratório em busca de outras áreas habitáveis, mais distantes, mesmo com
clima mais hostil e, por último, também forçar uma mudança nos hábitos
alimentares.
A alimentação, cada vez mais variada, oferecia
ao organismo, novas e novas substâncias, com o que foram criadas as condições
químicas para a transformação desses macacos em seres humanos. [...] A
alimentação com carne ofereceu ao organismo, em forma quase acabada, os
ingredientes mais essenciais para o seu metabolismo. Desse modo, abreviou o
processo da digestão e outros processos da vida vegetativa do organismo,
poupando, assim, tempo, materiais e estímulos para que pudesse manifestar-se
ativamente a vida propriamente animal. E quanto mais o homem em formação se
afastava do reino vegetal, mais se elevava sobre os animais. [...] o hábito de
combinar a carne com a alimentação vegetal contribuiu poderosamente para dar
força física e independência ao homem em formação. Mas onde
mais se manifestou a influencia da dieta com carne, foi no cérebro, que recebeu
assim, em quantidade muito maior do que antes, as substâncias necessárias à sua
alimentação e desenvolvimento, com o que foi se tornando maior e mais rápido o
seu aperfeiçoamento de geração em geração.
Essa mudança de hábitos alimentares
trouxe também uma mudança comportamental para a manada.
Passaram a roubar ovos de outras
espécies (somente as fêmeas dos mamíferos carregam os ovos dentro do corpo até
os filhotes nascerem, ficando as demais espécies com os ovos depositados na
natureza, menos protegidos e à mercê dos predadores) e a caçar pequenos
animais, principalmente aves e roedores, não se descartando atos de canibalismo
contra filhotes e contra outras espécies de símios.
Com as mudanças climáticas, foram
obrigados a abandonar a floresta e buscar abrigo ocupando cavernas que
conquistaram expulsando outros animais.
Estas cavernas, além do abrigo
natural contra as variações climáticas e da chuva, também ofereciam maior
proteção para a manada que precisava se defender de outros predadores.
Sem conhecer o significado do tempo,
não mantinham registros de sua existência, embora tivessem ideia de que, logo
após um longo período de frio, o clima se tornava mais suave e as plantas
floresciam, seguindo-se um período de calor quando as frutas amadureciam e as
espigas dos cereais selvagens estavam prontas para serem comidas.
Percebiam também que, o período de
calor terminava quando fortes rajadas de vento arrancavam as folhas das árvores
e diversos animais se preparavam para o longo período de hibernação que durava
todo o período de frio.
Descobriram o fogo, provavelmente
fruto de um raio que atingiu uma árvore, incendiando seus galhos e inflamando a
relva seca.
Perceberam que podiam mantê-lo, fornecendo-lhe
novos galhos secos; que podiam transportá-lo, carregando suas brasas ou galhos
em chama e que o fogo em fogueiras dentro das cavernas diminuía a escuridão e o
frio da noite, além de afastar animais predadores.
Vivendo em cavernas, seu território
ficou limitado e a escassez de alimentos voltou a assolá-los, obrigando-os a
desenvolver ferramentas de caça, com as quais podiam abater animais maiores
além de elaborar melhores defesas para suas moradas.
Nesta zona de conforto, exercendo um
domínio territorial, o número de elementos na manada cresceu exponencialmente,
trazendo com o tempo um novo tipo de problema.
A caça, embora abundante, não era
suficiente para alimentar todo o bando; a disputa pela posse das fêmeas
acentuava-se cada vez mais, principalmente entre os machos mais jovens da
manada, o que acabou por gerar um êxodo de grupos descontentes para outras
terras, a fim de formar novas manadas.
Nesta jornada em busca de novas
áreas de alimentos, colhidos por fortes nevascas, foram obrigados a proteger-se
do frio valendo-se da pele de outros animais; foram também obrigados a
aperfeiçoar os instrumentos de caça e a improvisar abrigos feitos de ramos,
peles e cipós.
O homem, que havia aprendido a comer tudo o que era
comestível, aprendeu também, da mesma maneira, a viver em qualquer clima.
Estendendo-se por toda a superfície da Terra, sendo o único animal capaz de
fazê-lo por iniciativa própria. [...] E a passagem do clima uniformemente
cálido da pátria original para zonas mais frias, onde o ano se dividia em verão
e inverno, criou novas exigências, ao obrigar o homem a procurar habitação e a
cobrir seu corpo para proteger-se do frio e da umidade.
Da experiência adquirida e
transportada para cada novo agrupamento, iniciou-se ainda que de forma embrionária,
uma espécie de polis (em grego, πόλη, uma organização social em função do bem
comum), um princípio de sociedade, com a divisão de tarefas e de poder, ainda
que baseados na força, onde os indivíduos membros do bando passaram a ocupar-se
de tarefas específicas e a desempenhar atividades em prol do coletivo.
Chegando ao vale do rio Nilo,
encontraram terra fértil e rapidamente desenvolveram uma agricultura
rudimentar.
Com a necessidade de produzir mais
alimentos o homem acabou por modificar a natureza e, ao fazê-lo, modificou a si
mesmo.
Os Homens, como se chamou esta nova
raça que ocupou o vale, tinham bons motivos para ser gratos ao destino que os
guiou a esta estreita faixa de terra.
Todo ano, no verão, o Nilo
transformava o vale num lago raso; quando as águas recuavam, os campos
agrícolas e os pastos ficavam cobertos de uma boa camada de argila extremamente
fértil.
Com o desenvolvimento da
agricultura, capaz de alimentar populações cada vez maiores, a ideia de viver
em comunidade solidificou-se, passando o homem a domesticar os animais, o que
lhes assegurava um fornecimento regular de carne, já que a alimentação destes
também estava assegurada; construíram casas e locais para armazenar a colheita
e, aprenderam a fixar a fala, para o benefício das gerações futuras, inventando
a escrita.
Baseada em figuras (hieróglifos)
esta linguagem escrita, que durante a invasão romana se perdeu (os romanos não
se interessavam pelas coisas do estrangeiro), foi recuperada somente em 1802,
quando Champollion, um professor francês, conseguiu decifrar quatorze
figurinhas, comparando os textos egípcios a textos gregos registrados na famosa
Pedra de Roseta (a primeira chave da criptografia egípcia que se tem
conhecimento) possibilitando descobrir mais de quatro mil anos de história
registrada pelos egípcios.
Mais do que isto, vendo atendidas as
necessidades básicas de alimento, habitação e segurança, descobriram que o
cérebro era capaz de elaborar pensamentos que nada tinham a ver com comer,
dormir e encontrar abrigo.
Começaram a especular sobre muitos
problemas que os confrontavam.
De onde vinham as estrelas?
Quem produzia o som do trovão?
Quem fazia subir o Nilo com uma
regularidade tão grande que lhes permitiu criar um calendário?
Em
cada agrupamento humano, e não só no Egito, as questões eram as mesmas e a
resposta similar.
Talvez, respondendo à agressão provocada por
um raio seguido do trovão que fulminou alguns humanos abrigados sob uma árvore,
o homem percebendo o absurdo da vida, marcada pela morte, de forma
imprevisível, terminou por inventar Deus e admitir a existência da alma.
Afinal, o deus Tupã, mostrava aos
homens como era poderoso; senhor da vida e da morte, criando-se a partir de
então, entre todos, a ideia de submissão e obediência a seus ordenamentos.
Desde então e, até os dias de hoje,
o homem vive as incertezas desta questão.
Como verbalização do inconsciente; como
representação do supraconsciente; como projeção artística e religiosa, os povos
constituíam mitos e simbologias para expressar a concepção de Deus.
O mito é o que dá sentido, onde quer
que possa emergir, às questões que não podem ser explicadas pela ciência.
Os mitos não morrem apenas se
transformam.
Quando os analisamos podemos
entender sua lógica, os princípios que encerram e às leis que subjazem às suas
imagens simbólicas.
Cada tribo, em cada região da Terra,
chegando à mesma conclusão, elegeu Deus e deuses para justificar sua
existência, admitindo a partir daí, sua relação com a natureza e com o
firmamento.
A teogonia, por exemplo, narrava por
meio das relações sexuais entre os deuses, o nascimento de todos os deuses,
titãs, heróis, homens e coisas do mundo natural.
A cosmogonia, por exemplo, narrava a
geração da ordem do mundo pela ação e pelas relações sexuais entre forças
vitais que são entidades concretas e divinas, e ambas, teogonia e cosmologia,
por sua vez, são gênesis, nascimento, descendência, reunião de todos os seres
criados, ligados por laços de parentesco.
Desta preocupação com as coisas
divinas, a teologia (em grego θεολογία), que significa o estudo de Deus, melhor
dizendo, da concepção de Deus, fazendo-se aqui o aparte de que o objeto da
reflexão na teologia não é Deus (isto porque Deus não é o objeto), começa a
desenvolver-se como uma ciência (em grego, επιστήμη, episteme) que busca compreender
estas relações religiosas, buscar a verdade (em grego αλήθεια, aletheia; em
latim re-velátio, revelação).
É esta revelação que se concretiza
como uma tradição religiosa (religião, re-ligare, re-legere) que vai acumulando
uma possível figura de mundo, consolidando-se a partir de etapas.
A primeira delas, o primeiro homem
que experimenta esta revelação, não pelo estudo, mas pela experiência, é o
místico (aquele que experiência o mistério, que desvenda o mistério) e, para
quem, o sentido de Deus e da vida convergem.
É ele que procura desenvolver uma “mistagogia”
(sistema que busca criar as condições para que outros façam a experiência que
ele viveu), fazendo-o primeiramente através da literatura, da poesia.
É a poesia que nos leva a pensar,
por sua forma construtiva, que a revelação deve ser contemplada, de forma
ética, experimentada.
Na Grécia antiga, as pessoas seguiam
uma religião politeísta, ou seja, acreditavam em vários deuses, cada um
possuindo características de comportamento e atributos semelhantes aos humanos.
O poema de Hesíodo “O trabalho e os
dias”, assim como os dos poetas Focilides e Teognides, imprimiram na
mentalidade grega a ideia de que a justiça é a virtude fundamental e condição
de todas as outras virtudes.
Na mitologia grega, Museu, um
personagem lendário associado a Orfeu, filho do rei Eumolpo e da Lua, escreveu,
segundo a tradição, a primeira teogonia (genealogia dos deuses), tendo sido o
primeiro a afirmar que tudo nasce do Uno e retorna ao Uno, que em outra cultura
poderia ser traduzida para,
“Do
pó vieste e ao pó voltarás”.
Em
um segundo momento, em uma segunda forma, as religiões se consolidam a partir
da poética, que elabora ritos e cria símbolos, ambos como forma de manter a
memória, acumulando o rito também um caráter celebrativo.
Os egípcios acreditavam que alma
alguma entraria no reino de Osíris sem o corpo que fora seu local de residência
neste mundo.
Por isso, logo que um homem morria,
seus parentes mandavam embalsamar-lhe o cadáver.
Este permanecia mergulhado durante
semanas numa solução de natrão (um mineral composto por carbonato de sódio
hidratado) e depois era preenchido com piche.
Na língua persa, o piche era chamado
de “mumiai”, e o corpo embalsamado de múmia.
Em um terceiro momento, para o
estabelecimento e consolidação de uma religião, desenvolvem-se os dogmas, princípios
ativos que validam a experiência vivida.
No entanto, dada à pluralidade humana,
Deus não pode ser contextualizado dentro de um paradigma; não pode ocupar apenas
um espaço nas lacunas deixadas pela ciência, tendo cada homem a sua própria
concepção teológica, para quem, a religião, como maiêutica que ajuda a dar
sentido à vida é aceita como verdadeira somente quando consegue alcançar este
objetivo, o de fazer sentido.
O ser humano detém uma “vontade de
sentido”; ele vive uma pathodicéia (busca do sentido da vida), percorrendo um
caminho entre o afeto, a racionalidade e a práxis, entendida como ação
consciente.
“Άνδρες, από τη φύση, έχουν την τάση να μάθετε”
(Todos os homens, por natureza,
tendem ao saber)
Aristóteles,
Metafísica, Livro A, 980ª
É entre o pathos (afeto,
reminiscência dos fatos), que para Platão carrega sempre um doxa (em grego δόξα,
opinião), e a práxis que está o logos.
Isto é um dado inerente ao homem e,
portanto, para que se possa pensar o dado religioso com alguma objetividade,
torna-se necessário levar em conta a capacidade de entender esta vontade de
sentido do homem, para quem, quando a vida se esvai, nasce a pergunta existencial
do por quê?
Como os mais variados povos, nas
mais distintas épocas e regiões do planeta, vivenciavam os mesmos problemas
existenciais; tinham as mesmas dúvidas e questionamentos e, de forma pratica e
concomitante, chegaram à mesma explicação lógica para explicar suas incertezas
acerca da vida: a presunção da existência de um Deus e da percepção da alma
humana; da sua relação osmótica com a natureza, da constatação do bem e do mal
e da linearidade entre a vida e a morte, que, somadas à obviedade acerca da
carência em suprir suas necessidades fisiológicas, digamos que, como para
justificar nossa vida em comunidade, cada nação, ao seu modo, estabeleceu certo
tipo de teocracia.
A teocracia é o fenômeno pelo qual
determinada potencia política, que capta a religião para consolidar a sua forma
de agir, decide oficializar a religião, determinando seu espaço geográfico,
fazendo com que esta, de certa forma, se confunda com a própria cultura,
impondo valores e determinado regras morais e legais para a sociedade.
Ao fazê-lo, a teocracia normalmente
é justificada pela teodicéia (termo criado em 1710 pelo filósofo alemão
Gottfried Leibniz), uma teoria pela qual tudo ocorre segundo a vontade de Deus
e que, portanto, os homens devem aceitar passivamente seus infortúnios.
É o resquício cultural da teodicéia que,
até os dias de hoje, realimenta o fundamentalismo.
Surge, assim, a apologética, do
latim apologeticus (do grego ἀπολογητικός),
palavra derivada de apologia (do grego απολογία), que significava defesa verbal, como disciplina que se propõe a demonstrar
a verdade da própria doutrina,
defendendo-a de teses contrárias.
Enfim,
desde a origem dos tempos, sob as mais variadas bandeiras, sob as mais variadas
formas de expressão, o homem desenvolve uma busca pelo sentido de sua
existência.
“ O segredo da existência humana consiste, não somente em viver, mas
também em encontrar um motivo de viver”
Fiodor
Dostoiéviski, Irmãos Karamazov
Neste
sentido, ele precisa aprender a reagir diante das adversidades, romper
paradigmas, ousar “ser ele mesmo”, reescrever-se.
Jaques Derrida (1930/2004) um filósofo francês, que iniciou um movimento
denominado “desconstrução” em filosofia, tinha algo a dizer sobre isto.
Fundamentalmente
esse movimento de desconstrução é possibilitar o acesso ao interior da
superfície aparente das coisas, de modo a poder recuperar as camadas ocultas.
Esta
"desconstrução", termo que cunhou, deve ser compreendido,
tecnicamente, por um lado, à luz do que é conhecido como “intuicionismo” e “construcionismo” no
campo da meta-matemática e a um
aprofundamento critico das obras de Husserl
e Heidegger na ultrapassagem da metafísica tradicional que ele vai
apresentar como sendo uma "metafísica da presença".
Entre
os conceitos que se tornaram centrais na sua obra, e aos quais procurará dar um
sentido exato em filosofia, encontram-se o de indecidibilidade, de
incalculável, de incondicional, de impossibilidade, da ausência (tanto do
emissor como do receptor), da iteratividade (capacidade de ser repetido em
diferentes contextos), do rastro, do suplemento, do superar, etc.
Levando
aos limites o contraste entre termos bipolares, Derrida é invariavelmente
levado à necessidade de criar e reelaborar novos termos capazes de superar toda
a relação dialética simples que nos permitisse reduzir o pensamento à ordem do
calculável.
Desta
forma, Derrida irá levar a cabo uma exaustiva desconstrução de inúmeras cópulas
de opostos subjacentes à metafísica tradicional, onde ele vai encontrar sempre,
por baixo da cristalização dos conceitos, não apenas uma indeterminação dos
limites de um em relação a outro, abrindo-se em quiasmos (uma figura de linguagem em que elementos são dispostos de forma cruzada)
indecidíveis, como também, senão, sobretudo, uma subordinação
hierarquizante de um ao outro, oposições que se reconhecem nas cópulas
ontológicas primeiras e suas múltiplas declinações: o inteligível e o sensível,
o espontâneo e o receptivo, a autonomia e a heteronímia, o empírico e o
transcendental, o imanente e o transcendente, como o interior e o exterior, o
fundador e fundado, ou o fonético e a escrita na linguística, a razão e a
loucura na psicanálise, o sentido próprio e o sentido figurado na literatura, o
masculino e o feminino na teoria dos gêneros, o homem e o animal na ecologia, a
besta e o soberano no campo político, a teoria e a prática no próprio pensamento.
“Pouco milho pra
muito bico, muita caca pra pouco penico"
Aqui nota-se que houve uma inversão nos
usos dos advérbios "pouco" e "muito", formando a seguinte
estrutura estética:
Pouco (objeto) para Muito (objeto); Muito
(objeto) para Pouco (objeto)
Os
quiasmos tornam-se assim um movimento maior do pensamento onde nós temos de
confrontar com o desconstruir das clivagens simples da tradição, percebendo-se
a necessidade de se pensar simultaneamente, por exemplo, a receptividade
espontânea como a espontaneidade receptiva, a heteronímia autônoma como a
autonomia heterônoma, a imanência transcendente como a transcendência imanente,
o empírico transcendental como o transcendental empírico.
Derrida
vai assim, no campo da meta-matemática, impor na filosofia a experiência do
indecidível enquanto limite de qualquer teoria expressa numa qualquer sintaxe
necessariamente incompleta.
É
este indecidível, que transporta consigo, necessariamente, a exigência
ético-política da decisão, e que excede todo o cálculo que, reduzindo a
deliberação a qualquer processo, tornaria a decisão simples produto, retirando
assim toda a verdadeira responsabilidade aos agentes, reduzidos ao mero papel
de atores numa operação que os transcende, mas que poderia servir, por si, de
garantia da sua verdade e justiça.
Também Edmund Husserl (1859/1938), um astrônomo,
matemático e filósofo, oriundo de uma família judaica da Moravia, um dos
fundadores da Fenomenologia que se converteu ao cristianismo da Igreja Luterana,
tinha algo a dizer.
Ao estudá-lo, compreende-se que, se
a intuição, no sentido duplo da percepção sensível e da “intuição das
essências”, é mesmo o modo fundamental do conhecimento transcendental, ele
confere, entretanto, o maior cuidado à análise das formas derivadas da
consciência intuitiva, tais como os atos de “lembrança”, de “imaginação” e de
empatia, que ele chama de presentificação.
Na lembrança, a consciência
intencional realiza a façanha de tornar presente o passado, sem confundi-lo com
um objeto que não deixa de estar presente, isto é, conservando ao mesmo tempo
seu caráter passado.
De acordo com Husserl, esta
lembrança se distingue essencialmente de uma percepção pelo fato de ser a
vivência da “reprodução” de uma percepção anterior.
É nisso que a lembrança se assemelha
ao ato de uma imaginação intuitiva.
No âmbito do procedimento de
redução, a fenomenologia husserliana encontra o Eu transcendental que se faz
“monada”, ou pessoa.
Tal Eu não é a consciência nem sua
matéria nem sua forma, constituindo antes uma integração de ambas enquanto
perpétua apropriação dos vividos.
Portanto,
o Eu transcendental não é um fato no sentido do Eu empírico.
Ele é, ao contrário, o fato do
mundo, que ele constitui exatamente enquanto transcendental.
Outro
pensador, Martin Heidegger (1889/1976), filósofo alemão foi
um dos pensadores
fundamentais do Século XX, quer
pela recolocação do problema do ser e
pela refundação da Ontologia, quer
pela importância que atribui ao conhecimento da tradição filosófica e cultural.
“Eu me encontro
lançado num mundo que não concebi, numa vida que não pedi”.
Heidegger considerava o seu método
fenomenológico e hermenêutico.
Para ele, ambos os conceitos se
referem à intenção de dirigir a atenção (a circunvisão) para trazê-los à luz
daquilo que na maior parte das vezes se oculta, naquilo que na maior parte das
vezes se mostra, mas que é precisamente o que se manifesta nisso que se mostra.
Assim, o trabalho hermenêutico
visa interpretar o
que se mostra pondo a lume isso que se manifesta aí, mas que, no início e na
maioria das vezes, não se deixa ver.
O método vai diretamente ao
fenômeno, procedendo à sua análise, pondo a claro o modo como da sua manifestação.
Neste sentido, a sua metodologia
operava uma inflexão do ponto de
vista, na medida em que o foco deveria ser desviado
do dasein (o ser humano no mundo) para o mitsein (ser com os outros),
no sentido da alteridade.
Esta inflexão focaliza os modos de
ser do ente, correspondendo a uma inversão da ontologia tradicional,
que deveria ser chamada de “ontoteologia”, já que, a seu ver, cobriria a
realidade no modo de ser de Deus, aquele que permite ao mundo estar conectado.
Além da sua relação com a
fenomenologia, a influência de Heidegger foi igualmente importante para
o existencialismo (Sartre) e descontrutivismo.
O ponto de partida do pensamento de
Heidegger, principal representante alemão da filosofia existencial, é o
problema do sentido do ser.
Heidegger aborda a questão tomando
como exemplo o ser humano, que se caracteriza precisamente por se interrogar a
esse respeito.
Se o homem se interroga o que
significa ser, então:
a)
Ele deve necessariamente possuir uma
pré-compreensão do que isto significa.
b)
Existe uma tendência ou uma capacidade no homem que
o leva a se interrogar sobre o que significa ser
Estas duas dimensões na relação de
questionamento do ser são chamadas de “compreensão” e “existência”.
O homem está especialmente mediado
por seu passado: o ser do homem é um "ser que caminha para a morte" e
sua relação com o mundo concretiza-se a partir dos conceitos de preocupação,
angústia, conhecimento e complexo de culpa.
O homem deve tentar
"saltar", fugindo de sua condição cotidiana para atingir seu
verdadeiro "eu".
O homem compreende o ser.
Mas esta “compreensão do ser” não é
conceitual por natureza, no inicio pelo menos; trata-se antes e principalmente
de um conhecimento artificial que deriva simplesmente do fato de viver: estamos
familiarizados com o sentido pré-conceitual do ser porque participamos de
muitas atividades da vida.
Se o termo conhecimento pode ser
aplicado a esta compreensão da vida, ele o é no sentido de um “saber fazer”
imediato da existência, de uma habilidade, de uma intuição sobre o que
significa o ser que nos vem da experiência da vida cotidiana.
O horizonte de fundo de toda a sua
investigação é o do sentido de ser, os modos e as maneiras de enunciação e
expressão de ser.
Nesta medida o importante está em
alcançar a colocação correta da questão pelo sentido de ser.
Assim, ele põe à claro a
desvirtuação dessa investigação ao longo da tradição que sempre se prendeu a
uma compreensão ôntica, dominada pelo ente, em vez de se dedicar
adequadamente ao estudo do ser.
Esta notificação deve indicar-nos
que não apenas o ente é, mas que o ser tem modos: há modos de ser.
E cada ente deve ser abordado a
partir do modo adequado o que deve ser esclarecido a partir do modo de ser
próprio do ente que em cada caso está em estudo.
O Dasein, pela sua especificidade,
inicia qualquer interrogação.
O Dasein é o ente que em cada caso
propriamente questiona e investiga.
É também o Dasein que detém a
possibilidade de enunciar o ser, pois é ele que tem o poder da
proposição em geral.
Daí que na questão acerca do sentido
de ser seja fundamental começar por abordar o ser deste ente particular.
E tem que ser o próprio Dasein a
fazer isso, tem que ser ele próprio a mostrá-lo, a partir duma análise
fenomenológica esclarecida (hermenêutica ).
A facticidade da existência,
que viria a fazer parte da terminologia de Ser e Tempo, torna impraticável a posição de um sujeito do
conhecimento como sujeito puro que se supõe na reflexão de tipo transcendental.
A consciência implica uma
temporalidade irredutível ao tempo físico, estritamente métrico ou cronológico.
Nos escritos de Husserl o ato de
cognição resolvia-se na intuição eidética.
O ato cognitivo não podia assim ser
limitado ao conhecimento científico, pois se trata dum encontrar as coisas.
O ir às coisas elas mesmas husserliano ficou conhecido para
sempre: trata-se dum encontro com as coisas em carne e osso.
Esta concepção já não entende o
fenômeno em oposição à coisa em si ou ao número, mas como manifestação positiva
da própria essência da coisa, por assim dizer esta posição saía da matriz
neokantiana e dos limites do transcendentalismo.
Heidegger considera, portanto, que a
colocação do problema não remanesceu existencialmente, mas que, pelo contrário,
permaneceu geralmente a um nível existenciário ou ôntico.
Martin
Heidegger escreveu que, na Primeira Guerra Mundial, os soldados de ambos os
lados do conflito podiam encontrar-se cara a cara no front de batalha e, com
isso, passavam a se identificar uns com os outros.
Nenhum encontro imaginário desse
tipo foi possível, lamenta Heidegger, no contexto mecanizado da Segunda Grande
Guerra, e dizer, o preconceito se mantém e até aumenta, em grande parte pela
distância que as várias tribos fazem questão de manter entre si.
O homem que almeja alcançar o
sentido da vida precisa, portanto, ter consciência deste fato.
Em
outro exemplo, Viktor Frankl (nascido em 1905), médico austríaco, em sua obra “Em
Busca do Homem por Sentido”, como vítima e testemunha das maiores atrocidades
que um ser humano pode presenciar, consegue demonstrar, de forma apaixonada
que, apesar da adversidade, a vida pode valer a pena de ser vivida.
Distanciando-se
de Freud no que se refere à etiologia sexual das neuroses, considerava que esta
poderia ser, em alguns casos, a recusa da espiritualidade.
Segundo Frankl, existiria no ser humano um desejo e uma
vontade de "sentido".
Ele percebeu que seus pacientes não sofriam
exclusivamente de frustrações sexuais
mas também do que reputa ser o vazio existencial.
Para o analista, a neurose revelaria, antes de mais nada,
um ser frustrado de sentido,
o que o levou a concluir que a exigência fundamental do homem não é nem a
emancipação sexual, nem a valorização do self (si mesmo), mas a "plenitude
de sentido".
"O homem, por força de sua dimensão
espiritual, pode encontrar sentido em cada situação da vida e dar-lhe uma
resposta adequada.
Sua filosofia é fundamentalmente otimista e baseada na
crença - fruto de sua experiência pessoal - de que o fim último da existência
humana tem uma meta fora do próprio indivíduo, fim este que lhe
dá o sentido da própria existência.
Hannah Arendt (1906/1975), uma filósofa política alemã, de origem
judaica, considerada das mais influentes do século XX, para quem, graças ao
pluralismo, o potencial de uma liberdade e igualdade política seria gerado
entre as pessoas.
Nosso tempo é marcado
pela crise dos três sustentáculos da civilização ocidental: a da religião, a da
tradição filosófica e a da autoridade política.
Desde a radical
crítica das crenças religiosas dos séculos XVII e XVIII, permaneceu como
característica da época moderna o duvidar da verdade religiosa, e isso é
igualmente verdadeiro para crentes e não crentes. Desde Pascal e, ainda mais
marcadamente desde Kierkegaard, a dúvida tem sido remetida à crença e o crente
moderno deve constantemente resguardar suas crenças contra as dúvidas; se não a
fé cristã como tal, o cristianismo (e, claro, o judaísmo) na época moderna é
ameaçado pelo paradoxo e pelo absurdo. E, se alguma coisa pode ser capaz de
sobreviver ao absurdo, talvez, a Filosofia, certamente não é este o caso da
religião.
...
Historicamente, podemos dizer que a perda da
autoridade é meramente a fase final, embora decisiva, de um processo que
durante séculos solapou basicamente a religião e a tradição. Dentre a tradição,
a religião e a autoridade, a autoridade se mostrou o elemento mais estável. Com
a perda da autoridade, contudo, a dúvida geral da época moderna invadiu também
o domínio político, no qual as coisas não apenas assumem uma expressão mais
radical como se tornam investidas de uma realidade peculiar ao domínio
político. O que fora talvez até hoje de significado espiritual apenas para uns
poucos, tornou-se preocupação geral, somente agora, por assim dizer após o fato,
as perdas da tradição e da religião se tornaram acontecimentos políticos de
primeira ordem.
Entre o passado e o futuro
Seu
primeiro livro "As Origens do Totalitarismo" consolida-a como uma das
maiores figuras do pensamento político ocidental.
Ela defendia a ideia de que a
sociedade, com a agregação de vidas privadas singulares, foi substituída, na
passagem do mundo antigo para o mundo moderno, pela cidade e pela comunidade
política.
Em sua obra “A Condição Humana”,
adota a clássica tripartição grega e enfatiza a importância da política
como ação e processo, dirigida à conquista da
liberdade:
Com a expressão “vita activa”, pretendo designar três atividades humanas
fundamentais: labor, trabalho e ação. (...) O labor é a atividade que
corresponde ao processo biológico do corpo humano (...). A condição humana do
labor é a própria vida. O trabalho é a atividade correspondente ao
artificialismo da existência humana (...). O trabalho produz um mundo
"artificial" de coisas, nitidamente diferente de qualquer ambiente
natural. A condição humana do trabalho é a mundanidade. A ação, única atividade
que se exerce diretamente entre os homens sem a mediação das coisas ou da
matéria, corresponde à condição humana da pluralidade, ao fato de que homens, e
não o Homem, vivem na Terra e habitam o mundo. Todos os aspectos da condição
humana têm alguma relação com a política; mas esta pluralidade é
especificamente “a” condição (...) de toda a vida política.
Em “Eichmann em Jerusalém” a partir
da cobertura jornalística que faria do julgamento do exterminador dos judeus e
arquiteto da “Solução Final”, Arendt revela ao mundo que o grande carrasco
dos judeus não era um demônio e um poço de maldade (como o criam os ativistas
judeus), mas alguém terrível e
horrivelmente normal; um típico burocrata que se limitara
a cumprir ordens, com
zelo, sem capacidade de separar o bem
do mal, ou de ter mesmo contrição.
Arendt apontava, assim, para a
complexidade da natureza humana, para certa "Banalidade do Mal"
que surge quando se compadece com o sofrimento, a tortura e a própria prática
do mal, concluindo que é fundamental manter uma permanente vigilância para
garantir a defesa e preservação da liberdade.
(...) Kierkegaard, Marx e Nietzsche são para
nós como marcos indicativos de um passado que perdeu sua autoridade. Foram eles
os primeiros a ousar pensar sem a orientação de nenhuma autoridade, de qualquer
espécie que fosse; não obstante, bem ou mal, foram ainda influenciados pelo
quadro de referencia categórico da grande tradição. Em alguns aspectos estamos
em melhor posição.
Não mais precisamos
nos preocupar com seu repúdio aos Filisteus Educados, os quais, durante todo o
século XIX, procuraram compensar a perda da autoridade autentica com a
glorificação espúria da cultura. Hoje em dia, para a maioria das pessoas, essa
cultura assemelha-se a um campo de ruínas que, longe de ser capaz de pretender
qualquer autoridade, mal pode infundir-lhe interesse. Esse fato pode ser
deplorável, mas implícita nele está a grande oportunidade de olhar sobre o
passado com os olhos desobstruídos de toda tradição, como uma visada direta que
desapareceu ao ler e o do ouvir ocidentais desde que a civilização romana
submeteu-se à autoridade do pensamento grego.
Entre
o passado e o futuro
Ao
começar sua obra, “A Condição Humana”, Hannah Arendt alerta: condição humana
não é a mesma coisa que natureza humana.
A condição humana diz respeito às
formas de vida que o homem impõe a si mesmo para sobreviver.
São condições que tendem a suprir a
existência do homem.
As condições variam de acordo com o
lugar e o momento histórico do qual o homem é parte.
Nesse sentido todos os homens são
condicionados, até mesmo aqueles que condicionam o comportamento de outros se
tornam condicionados pelo próprio movimento de condicionar.
Hannah Arendt organiza e sistematiza
a condição humana em três aspectos: Labor, Trabalho e Ação.
O “labor” é processo biológico
necessário para a sobrevivência do indivíduo e da espécie humana.
O “trabalho” é atividade de
transformar coisas naturais em coisas artificiais, por exemplo, retiramos
madeira da árvore para construir casas, camas, armários, objetos em geral.
Para ela, o trabalho não é
ontológico como imaginado por Marx.
A ação é a necessidade do homem em
viver entre seus semelhantes, sua natureza é eminentemente social.
O homem, aqui recordando a lenda grega
dos irmãos Epimeteu e Prometeu, quando nasce precisa de cuidados, precisa
aprender para sobreviver.
A mesma coisa não acontece com
aqueles animais que ao nascer já conseguem sobreviver por conta própria, sem
ajuda.
A qualidade da ação supõe seu
caráter social ou como escreve Hannah, sua pluralidade.
Tanto ação, labor e trabalho estão
relacionados com o conceito de “Vita Activa”.
Para os antigos, a “Vita Activa” é ocupação,
inquietude, desassossego.
O homem, no sentido dado pelos
gregos antigos, só é capaz de tornar-se homem quando se distancia da “vida
ativa” e se aproxima da vida reflexiva, contemplativa.
Quando busca o sentido da vida.
Neste contexto, atual, acrescentamos nossa contribuição pessoal para tentar
exemplificar a pathodicéia, a busca de um sentido de vida, dando por testemunho
o exemplo que se segue:
“O
Homem, como o conhecemos, situa-se numa seção transversal da quinta dimensão
que divide a quarta ao meio”.
Esta afirmação que ouvi de maneira
tão eloquente, pronunciada por um ancião que aprendi com o tempo a respeitar,
tanto pela sua força como pela sua maneira de ser, levou-me a uma série de
reflexões sobre o assunto, tentando entender o enigma que ele me colocava.
Juntamente com esta afirmação ele me
informou que somente após completar meus trinta e três anos de idade terrestre
é que teria condições de elucidar tal enigma (à época eu tinha 25 anos ).
Esta segunda afirmação, não deixava
de ser para mim, uma nova questão. Querendo
mais detalhes, ele me informou que naquele momento eu não teria condições de
elucidar a questão, pois estava preocupando-me com ela.
Este fato impedia meu raciocínio,
pois estar preocupado significava pré-ocupar-me,
ou seja, ocupar-me antes da hora, ficando assim impossibilitado de ver o que
era óbvio para ele, naquele momento.
Paciência e perseverança foram os
conselhos que obtive para resolver as questões.
Respeitando suas palavras, e diante
delas, resolvi deixar as respostas em si de lado, ocupando-me com a estratégia
que adotaria para chegar a elas.
Agindo deste modo, as obteria como
consequência de uma análise, alicerçada em meus estudos, ponderações e
constatações.
Era minha maneira matemática de
pensar e agir que estava se manifestando.
Continuando nossa conversa, postulei
minha maneira particular de olhar a vida, resumida numa canção espanhola que
ouvi certa vez.
Ela era mais ou menos assim:
“Caminhante não há caminho
Faz-se o caminho ao
andar
Golpe a golpe
Verso a Verso”
que ele
completou:
“E ao voltar os olhos para traz
Vêem-se os passos do
caminho onde nunca mais se vai pisar
E ainda que pise no
mesmo lugar
Já serão outros passos
de “outro caminhar”.
Sem dúvida ele conhecia a canção.
Como está postulado nas escrituras,
não há caminho, pois todos os caminhos levam ao pai.
Basta, portanto escolher um e
seguir, como se diz na canção sacra:
“Não tema segue adiante e não olhes para
traz.
“Segura na mão de Deus
e vai...”
Assim procedendo, nosso caminho
mudará na razão exata dos golpes que recebermos durante nossa jornada.
Isto nos leva a uma interpretação de
uma das canções mais conhecidas pelos cristãos, onde num trecho se diz:
“Não nos deixei cair em tentação, mas
livrai-nos do mal ...”
que preferimos entender
“Não nos deixeis caídos em tentação, ...”
considerando
que, da mesma forma que ocorre com uma criança, cair faz parte do aprender a
caminhar, sendo importante conseguir erguer-se e continuar.
Independentemente do caminho
escolhido, nossos horizontes já foram escritos, pois viemos de nossos pais e
seguindo o ritual da natureza não devemos ultrapassar nossos filhos,
justificando o parágrafo Verso a Verso (o som da leitura na língua original da
canção é berço a berço).
Ele completou dizendo que o homem na
sua vida terrestre passa por algumas etapas, que asseguram sua evolução,
garantindo que sua jornada nunca será sem sentido.
Na infância, todo ser humano é
protegido por uma Inteligência Delegada, que o ampara, protege e orienta,
assegurando-se sua inocência.
Com o passar dos anos, ele atinge a
adolescência, que significa adolescer, ficar doente, perdendo como consequência
da enfermidade, a sua inocência, que o leva ao estágio adulto, onde a sensação
de perda o inquieta e perturba.
Aqui ele escolhe um caminho em busca
daquilo que ele não sabe bem o que é.
Bens materiais, poder, autossuficiência
econômica, etc., são algumas máscaras que ele veste nesta sua busca, na
tentativa de recuperar aquilo que foi perdido.
Atingindo sua idade avançada,
dependendo de seu caminho, ele pode alcançar novamente a inocência perdida,
desta feita de uma forma adquirida, uma Inteligência Adquirida, que muitos
chamam Iluminação.
Desta forma, no caminhar da
humanidade estará assegurada sua ida ao pai. Humanidade,
idade do homem, e dizer:
“Humanidade
é a soma do tempo de vida de todos os humanos que passaram por aqui, aos que
ainda permanecem entre nós”.
Ela indica o quão pequeno é um único
elemento, mesmo que este viva 200 anos ou mais.
Seu tempo sobre a Terra não lhe
permite evoluir mais que alguns milímetros se compararmos seus feitos aos da
humanidade, faça ele o que fizer.
No entanto, justamente pela soma
destes poucos milímetros de cada elemento que a Humanidade caminha a largos
passos.
Como proclamou Neil Alden Armstrong
ndia 20 de Julho de 1969 ao pisar no solo lunar pela primeira vez:
“ That's one small step for [a] man, one
giant leap for mankind”.
Um passo pequeno para o homem, um salto
gigante para a humanidade!
Hoje, alguns homens detém poder suficiente
para melhorar a vida de milhões de seres humanos, outros tem poder para
eliminar milhões de vidas. Mesmo
assim, suas realizações quando comparadas às da Humanidade são pequenas.
A própria extinção da raça humana na
Terra afetaria muito pouco o equilíbrio do Universo, e caso isto fosse feito
pela própria mão do homem, este feito seria pequeno se comparado ao ato da
criação.
Com este pensamento, concluí que,
para mim, o sentido da vida, o que é importante, não é o caminho ou que seja eu
a caminhar.
Importante é que eu caminhe e ajude
outra pessoa qualquer a caminhar.
Durante nossa existência, muitos
companheiros de jornada estarão conosco. Cada
um com seu próprio caminho podem ter uma interseção de tempo conosco,
independentemente da duração ou rota que tomaram.
Pai, Mãe, Irmãos, Tios e Tias,
caminham conosco na infância, adolescência, fase adulta e quem sabe, com muita
sorte, servindo sempre como um ponto de referência, na velhice.
Esposa (o) e filhos caminham conosco
durante muitos anos, sem que isto signifique o mesmo caminho.
Cada um, à sua maneira, com rota
própria, busca a iluminação.
Deste convívio, o máximo que
conseguimos é evitar algumas quedas, ou ter momentaneamente, uma mão forte que
nos ajuda a levantar.
O máximo que podemos oferecer é um
ombro amigo para confortar aqueles que caem junto de nós, incentivando-os a
prosseguir.
Ao nos separarmos, restarão apenas
lembranças daquilo que compartilhamos.
Boas ou más, estas impressões
ficarão gravadas nas pegadas que deixamos para trás, que dependendo de sua
importância, poderão ter corrigido ou alterado em dado momento nossa rota.
Quanto mais companheiros de jornada
tivermos, mais rico será o nosso caminhar, acrescido sempre destas experiências
compartilhadas.
Mesmo aqueles que não conhecemos
estarão presentes, se deixaram de alguma forma os registros de sua passagem,
contribuindo para enriquecer nossa jornada.
Se estudarmos a história da raça
humana, encontraremos uma série de indivíduos que ao longo de sua existência auxiliaram
na evolução de nossa espécie.
Em seus registros encontraremos
impressões, gravadas a fogo, das jornadas empreendidas por outros homens, que
podem muito nos ajudar.
Como um mapa, esta coletânea de
dados, auxiliará em qualquer caminhada, tenha ela o rumo ou o objetivo que
quiser.
É como se tivéssemos um exército a
nos assessorar, passo a passo.
Isto está registrado num trecho de
uma música de um famoso grupo de musica popular, que diz:
“Somos um exército,
Um exército de um homem só,
Num difícil exercício de viver em
paz!
Somos um exército,
Um exército de um
homem só,
Sem bandeiras,
Sem fronteiras ...”
Numa análise mais criteriosa destes
indivíduos, encontraremos em seus feitos, de uma forma dogmática, uma série de
coincidências que nos levam a refletir sobre a orientação que cada um teve para
suas vidas.
Alguns se notabilizaram pela luta
incessante a fim de melhorar a qualidade de vida de seus semelhantes.
Outros se caracterizaram por
pregarem ideais nocivos e doentios, ao convívio harmonioso entre os homens.
Outros ainda, de uma forma
antagônica, foram capazes de influenciar seu tempo e seu espaço, agindo
marcadamente das duas maneiras.
De qualquer forma, para que nossa
espécie continuasse em sua jornada rumo à iluminação, sempre foi necessário um
equilíbrio de forças, cuja resultante fosse à evolução.
Não fosse isto, já teríamos
perecido.
Este equilíbrio, utilizando-me aqui
dos postulados de Newton, pode ser estável, quando qualquer perturbação
infinitesimal das coordenadas do sistema de forças provoca o aparecimento de
forças que tendem a restabelecer a posição inicial; pode ser instável, quando
um deslocamento infinitesimal provoca o aparecimento de forças que afastam o
sistema da posição inicial de equilíbrio e, finalmente, pode ser indiferente,
quando nas vizinhanças da posição de equilíbrio existe uma infinidade de outras
posições de equilíbrio.
De qualquer forma, evocando aqui a
terceira lei newtoniana: “a toda ação opõe-se uma reação igual e contrária”,
observamos que, em nossa história, todos os movimentos ou fatos que geraram
certo desequilíbrio, foram automaticamente neutralizados por outros que
restabeleceram a ordem.
Todas as guerras foram precedidas de
uma série de fatos, onde a diplomacia não encontrou solução, fazendo com que,
ao menos momentaneamente, o conflito armado fosse a alternativa.
Todas elas terminaram, quando a
agressão continuada já não representava solução, aglutinando-se contra ela,
forças complementares que neutralizaram sua expansão, auferindo-se ao final, um
período de paz, onde as conquistas da guerra puderam ser assimiladas por
muitos, transformando-se num período de sabedoria e de grande evolução
tecnológica.
Ironicamente, temos experimentado as
maiores conquistas, justamente nos períodos de maior destruição.
Algo registrado na milenar sabedoria
oriental, base do Ing e Iang, que afirma:
“Não é
concebível nenhuma coisa absolutamente boa, que não tenha algo de mal, ou
melhor, não existe nada tão mal que não se possa dele extrair algum bem”.
Quando o general Douglas MacArthur,
discursando a um grupo de jovens oficiais na academia militar americana de West
Point, logo após a guerra da Koréia, afirmou que:
- “ o soldado é justamente o maior amante da
paz, pois é ele que vive e sente mais intensamente os sacrifícios da guerra”,
ele dava um bom
exemplo deste paradoxo da nossa existência.
Em suma, estudando a história da
humanidade, encontraremos uma infinidade de episódios que comprovam esta
argumentação newtoniana, da ação e reação.
Nos textos bíblicos, encontramos
inúmeras vezes a figura apocalíptica dos quatro cavaleiros, que anunciam o fim
do mundo.
A Fome, a Guerra, a Peste e a Morte,
são encarnadas pelos emissários da destruição, combatidos incessantemente por
cada um de nós, que almejamos um mundo melhor.
A Fome, combatida pelo trabalho
perseverante, cotidiano, respeitando-se o meio ambiente, a fauna e a flora,
fazendo florescer florestas onde só havia desertos.
Como um poeta escreveu em uma bela
canção:
“A vida é boa
quando planta-se a semente
Não só na terra,
mas no coração da gente...”
A
Guerra, combatida pela solidariedade como única arma, suficientemente capaz
para sensibilizar os homens, permitindo-lhes a grandeza da humildade.
A
Peste, combatida pela educação, que permite ao homem viver harmoniosamente
neste paraíso que lhe foi permitido habitar.
A Morte, combatida pela alegria de
viver e saborear cada segundo que dispomos, experimentando intensamente tudo
aquilo que nos é dado, de bom ou de ruim, fortalecendo assim nosso espírito
imortal.
Pitágoras, o Pai da Matemática,
filósofo, conseguiu elaborar seus teoremas da relação entre os catetos e a
hipotenusa com base no estudo das notas musicais, razão pela qual decidi
valer-me de seu exemplo, recorrendo aos versos citados anteriormente para
expressar meus pensamentos.
Finalizando este trabalho, o da
busca de um sentido para a vida, que é marcada pelo mistério do absurdo e pela
imprevisibilidade da morte, compreendemos que esta busca só pode ser realizada
de forma individual.
Compreendemos que cada homem,
desejando tornar-se o protagonista de sua própria história, precisa empreender
uma jornada solitária em busca daquilo que lhe dê um sentido para existir,
recordando a partir do seu passado, os momentos que lhe causaram prazer, a fim
de reproduzi-los, ainda que em essência; identificando os momentos que lhe
provocaram dor, para minimizar seus efeitos em situações similares, aceitando e
tendo consciência da existência de um “Bem” maior, princípio e causa de todas
as coisas.
Professor Orosco