sexta-feira, 25 de outubro de 2013

AUTISMO, O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE ISTO


O autismo é um transtorno do desenvolvimento que, normalmente, aparece nos primeiros anos de vida, entre as etapas sensório motora e pré-operacional, afetando o desenvolvimento normal do cérebro relacionado com as habilidades sociais e de comunicação, podendo manifestar-se em diversos graus de comprometimento, como a Síndrome de Asperger, por exemplo, um tipo de autismo leve onde a pessoa afetada apresenta desenvolvimento normal da linguagem, ou a Síndrome de Rett, um tipo muito mais grave, que só ocorre no sexo feminino (os meninos normalmente não resistem e morrem precocemente), que acomete aproximadamente 1 em cada 10 ou 15 mil meninas nascidas vivas.
Na etapa sensório motora, segundo a classificação de Piaget, que vai do nascimento até o segundo ano de vida, a criança normal caracteriza-se pela ausência da função semiótica, onde a inteligência trabalha através das percepções (sensório) e das ações (motor) através dos deslocamentos do próprio corpo, tendo uma inteligência iminentemente prática, com linguagem indo da ecolalia (repetição de sílabas) à palavras frase (água para dizer que quer beber água). 
         A criança nesta etapa, normalmente apresenta uma conduta de isolamento e indiferença.
Na etapa pré-operacional, entre o 2º e 4º ano de vida, que surge a função semiótica, que permite o surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização, podendo criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação.
É o período da fantasia, do faz de conta, do jogo simbólico.
É exatamente nesta etapa, na ausência destas características que se identifica, mais comumente, as manifestações do autismo que, no entanto, ainda podem ocorrer mais tarde, de forma regressiva.
Uma pessoa autista apresenta dificuldade para iniciar uma conversa social, preferindo comunicar-se por gestos em vez de palavras; não ajusta a visão para olhar os objetos que as outras pessoas estão olhando, mantendo-se distante, retraído; pode não responder a contato visual; prefere brincadeiras solitárias ou ritualísticas, demonstrando exagerada preocupação com a manutenção das coisas em seus lugares (rotina); apresenta movimentos repetitivos; pode, e normalmente tem, um comportamento agressivo para com outras pessoas ou consigo, etc.
Até hoje não se sabe corretamente a ou as causas que provocam a sua manifestação, existindo inúmeras possibilidades sendo pesquisadas, que vão desde características hereditárias, cromossômicas, à possíveis contaminações por mercúrio.
Sabe-se que o autismo afeta entre 3 e 4 vezes mais meninos que meninas e que é muito mais provável que gêmeos idênticos tenham autismo do que gêmeos fraternos ou irmãos.
Muito mais comum do que se imaginava, algo como 1 a cada 100 pessoas, estima-se que no Brasil existam aproximadamente 2 milhões de pessoas autistas, nos seus vários graus de manifestação, boa parte deles ainda não diagnosticadas, o que compromete muito a qualidade de vida que poderiam alcançar.
Na grande São Paulo, por exemplo, estima-se existir aproximadamente pouco mais que 200 mil pessoas autistas, das quais cerca de 40 mil apresentam as características mais graves.
É consenso entre toda a comunidade médica de que, quanto antes o diagnóstico for feito e o tratamento iniciado, melhor será a qualidade de vida da pessoa com autismo.
Este tratamento, direcionado para necessidades específicas, pode minimizar a dependência para a pessoa autista, ao longo de sua vida.
A utilização de programas com imagens e outros recursos visuais no tratamento ajudam a criança a lidar melhor com as situações adversas e a estruturar melhor o seu ambiente.
No Brasil, a Lei 12.764, promulgada em Dezembro de 2012, instituiu a “Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista” garante, entre outras coisas, que a pessoa autista seja reconhecida como pessoa com deficiência, tendo direito a todas as políticas de inclusão.
A dificuldade, no entanto, para a correta implementação inclusiva desta lei, está na identificação das necessidades específicas dos autistas que, em muitos casos, necessitando contenção, por exemplo, demandam transporte diferenciado, cuidadores específicos, etc.
O caminho a percorrer ainda é longo, mas estamos avançando.

Professor Orosco

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