O
Humanismo foi uma corrente filosófica que surgiu no século XIV e durou até o
século XV, propondo a ideia do “homem como centro do pensamento filosófico”, o
antropocentrismo, que se contrapunha ao pensamento teocêntrico medieval, que
tinha “Deus no centro do pensamento filosófico”, vigente até então.
Na
visão humanista o homem passa a ser entendido como apenas mais um elemento da
natureza, com a qual se relaciona exclusivamente pela necessidade.
Para
os humanistas a espécie humana, junto com os animais e as plantas, fazem parte
de um todo.
E
este todo é Deus.
“O homem não passa de um caniço, o mais
fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo
inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água, bastam para
matá-lo. Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria mais nobre do
porque quem o mata, porque sabe que morre e a vantagem que o universo tem sobre
ele; o universo desconhece tudo isso.”
Blaise
Pascal, Aforismos
Mais
empiristas e menos espiritualistas, os humanistas apresentavam uma preocupação
com a ética e afirmavam a dignidade do ser humano, recusando explicações
transcendentais e preferindo o racionalismo.
Esta
corrente de pensamento filosófico acabou ganhando importância, força e
propagou-se, auxiliada em grande parte pelo antagonismo existente à época entre
a realeza e o papado, entre o poder temporal e o poder espiritual, amparada por
uma “classe média emergente”, que detinha capital, poder militar e que estava
disposta a consolidar sua posição, financiando as artes, a música e a
literatura, a propagação do saber,livre do poder da Igreja.
Como
expoentes deste movimento citamos, em ordem cronológica e não em ordem de
importância, alguns personagens que contribuíram para marcar este período e
esta corrente de pensamento filosófico.
O
primeiro, Dante Alighieri (1265/1321) que afirmava que a única garantia para a
paz e para a justiça da cristandade estava no estabelecimento de uma unidade
política sob um único dirigente, deparado do poder da Igreja, e dizer,
defendendo um movimento laico do Estado.
O
segundo, Guilherme de Ockhan (1285/1349) que sustentava que, como Deus é todo
poderoso e porque sua vontade não pode ter limites, tudo no mundo é
contingente, tudo poderia ser diferente do que é, se ele quisesse, e que, por
isso, a teologia não deveria interferir no estudo das coisas do mundo empírico.
O
terceiro, Francesco Petrarca (1304/1374), tido como o pai do Humanismo,
considerado o inventor do Soneto, um tipo de poesia composta de quatorze
versos, que defendia a colocação dos seres humanos como principais elementos
numa escala de importância.
Durante
suas viagens, colecionou manuscritos latinos e, assim, tornou-se um dos
primeiros a redescobrir o conhecimento da Roma Antiga e da Grécia Antiga,
fazendo renascer na Europa o desejo por conhecer o pensamento de Sócrates, de
Platão e Aristóteles.
O
quarto, Pico Della Mirandola (1463/1494) que sustentava que o fato de o homem
ser “inacabado” e, portanto, poder evoluir, lhe conferia uma dignidade
especial.
Ele
afirmava que Deus, tendo criado todas as criaturas, foi tomado pelo desejo de
gerar outra, um ser consciente, que pudesse apreciar a criação.
Então,
Deus criou o homem.
O
quinto, Marcilio Ficino, considerado o maior representante do Humanismo
florentino, montou sob a proteção de Cosmo de Médice (1414/1469), uma academia
inspirada na antiga Academia de Platão, que ficou conhecida como neoplatônica
florentina.
Foi
Marcilio Ficino que utilizou, pela primeira vez, a expressão “Amor Platônico”,
como sinônimo de amor socrático.
O
sexto exemplo destes representantes foi Erasmo de Roterdam (1466/1536) que,
como acadêmico tentou libertar os métodos da Escolástica de sua rigidez e do
formalismo das tradições medievais, satirizando em seus escritos as tolices
clericais e seus abusos, sem, contudo, declarar-se contrário à Igreja ou ao
clero.
Por
último, um sétimo representante, Miguel de Montaigne (1533/1592), considerado
como aquele que trouxe equilíbrio ao Humanismo, quando o homem já não se
exalta, mas, antes, se aceita como realmente é.
Para
Montaigne, como o homem sabe que sua situação é perdível, reconhecendo a
finitude da vida, a ideia da morte suscita nele o desejo de viver, mas de viver
de uma forma profunda e plena.
O
Humanismo foi precursor e deu origem ao Renascimento.Professor Orosco
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