Lendo o artigo de Aldo
Rabelo publicado no jornal “O Estado de
São Paulo” neste sábado, 19 de novembro, um dia que deveria ser consagrado
à nossa bandeira, sequer mencionada, sinto-me obrigado, por força do hábito, a
refutar veementemente seus argumentos, ou melhor, o entendimento que nosso
deputado dá à figura do boi e do cavalo, como baluartes da identidade
nordestina.
Concordando, em
princípio, com a ideia de que estes animais tiveram importante participação no
processo de ocupação e desenvolvimento de nosso território, entendo, na contramão
daquilo que ele apregoa, que a valorização destes ícones deve ser feita, valorizando-se
seu trabalho e não perpetuando sua exploração e martírio, como propõem os
defensores da vaquejada.
Seria, como manter em
atividade, a título histórico, a prática do açoite aos escravos, dos
prisioneiros e dos índios.
Seria, como defendem
alguns intelectuais, promover a atividade criminosa do cangaço, da pilheria e
do assassinato, ao status de movimento folclórico regional, que precisa ser
conservado e não classificado como página hedionda de nossa história.
No meu entender, a
morte daquele sertanejo, entendida como a daquele sujeito que era obrigado a
uma vida retirante, sem passado e sem futuro, substituída agora pela figura de
um agricultor cujos filhos podem estudar, um cidadão que aos poucos aprende a
votar e a reclamar seus direitos, é motivo de alegria e não de saudosismo.
Como defensor dos
direitos dos animais, entendo que a melhor homenagem que se pode fazer à nossa
gente e à sua história, é a promoção destes parceiros, ao status de seres
livres e merecedores de nossas desculpas e eterna gratidão.
O Bumba meu Boi, como
festa carnavalesca, é exemplo do que digo.
O jegue, um símbolo
como o chapéu de couro, da identidade nordestina, companheiro de infindáveis
jornadas e ouvidor de um sem fim de lamentos murmurados na solidão da caatinga,
que, com anuência da senadora Katia Abreu, já foi reduzido a produto de
exportação, utilizado para alimentar chineses que comeram seus próprios
rouxinóis, não teve tanta sorte.
Que aos menos as
vaquejadas, sendo proibidas, não continuem tão cruéis.
Professor Orosco
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