Esta frase,
tão marcante em minha juventude, nos dias atuais, onde o ímpeto da pouca idade há
muito me abandonou, não deixa de continuar exercendo forte influencia em meu
espírito rebelde.
Diferentemente
daquela época, onde o desejo de atirar pedras era maior do que a prudência de
olhar em qual direção as atirava, hoje, com alguma dose de prudência, calejado
pelos anos, procuramos primeiro escolher a vidraça que sonhamos atacar.
A pouca
energia física nos obriga a escolher os caminhos menos tortuosos, com menos
obstáculos e com melhores condições de acessibilidade.
Como a
visão já não é tão boa, embora o destino final esteja próximo do meu coração,
sinto-me compelido a planejar etapas de menor distancia, examinando e
corrigindo minha rota a cada fase do processo.
Examinando
na historia outras épocas e outras revoluções, temos a oportunidade de aprender
como evitar desvios de caminho, de reduzir possibilidades de fracasso e de
determinar com maior precisão nosso objetivo, nosso ponto de chegada.
Olhando
para o passado, constatamos que:
Espartacus
sonhou ser livre.
Acabou crucificado
com milhares de seus seguidores.
Bolivar
sonhou ver nações livres.
Morreu
vítima da tuberculose, ainda jovem, sentindo que sua mensagem havia sido
deturpada pelo autoritarismo de um comando único, que deturpava a ideia da
federação que ele defendia.
A Revolução
Americana proclamou que, além da liberdade, pretendia assegurar aos seus filhos
a busca da felicidade individual, apostando suas fichas no liberalismo econômico.
Acabou por
produzir um gigantesco egocentrismo, promover sucessivas crises globais,
indiferença pela vida e pela ética nas relações comerciais, provocando a
exclusão de milhões, tanto em terras suas quanto no estrangeiro, alienando o
povo que não chega a compreender o motivo de ser odiado.
A Revolução
Francesa, declarando ao mundo que, além da liberdade de cada um, faria o Estado
ser o promotor e o garantidor da igualdade para todos.
Conseguiu,
após milhares de cabeças cortadas, parir uma política intervencionista,
crescente e asfixiante, socialista, que envelheceu a Europa e provocou grandes
guerras.
A
Bolchevista, que pretendia libertar o proletariado, conseguindo conquistar a
Lua e que, no final, institucionalizou o medo, a burocracia e a xenofobia que
dividiu seus satélites, isto tudo, depois de provocar milhões de mortes e
dividir o mundo em algo confuso, como esquerda e direita, num planeta semiesférico.
Olhando a
historia, percebo que, de comum, todas estas experiências tinham o desejo de
promover a liberdade.
Percebo
também que o equivoco foi a dimensão do projeto.
Toda
revolução, utópica ou não, defendeu sempre a liberdade, transformando o
revolucionário em um agente desta transformação social.
No entanto,
todas elas esqueceram que, para libertar, ele também precisava ser livre.
Talvez,
para o ocaso de meus dias, este deva ser o meu objetivo mais imediato.
Libertar,
não o mundo, mas a mim mesmo.
Livrar-me
de preconceitos, de temores e de falsos pudores.
Gozar o
nascer do Sol e o cair da noite junto daqueles que amo.
Agradecer
ao Grande Arquiteto a oportunidade que ele me dá de poder ver meus filhos e
netos brincando no parque.
Caminhar a
esmo, na direção da minha vontade.
Ousar ser
feliz.
Sim, com
certeza, hoje é um belo dia para uma revolução.
Professor Orosco
Nenhum comentário:
Postar um comentário