“Quem quer
que assalte a Turquia tem que estar preparado para encontrar as suas forças unidas,
e tem de repousar mais na sua própria força do que nas desordens dos outros;
mas tendo conseguido conquistar o reino da Turquia e batê-lo na batalha, de
modo que ele não possa organizar um exercito, então nada mais tem a recear, a
não ser a família do príncipe, e se esta for extinta, mais ninguém há para
temer, porque os outros não tem qualquer credibilidade perante o povo ...”
Maquiavel,
Nicolau. O Príncipe. 1532
As palavras
escritas por Maquiavel, mais que um trabalho de caráter filosófico, acabaram
por transformar-se em um guia prático para todos aqueles que, dispostos a
manter alijados de si qualquer princípio ético ou moral, tivessem o firme
propósito de alcançar e manter o poder.
As
justificativas, as explicações posteriores, oferecidas como forma de expiação
dos pecados e dos atos praticados, após a conquista do poder tem, por força da
própria força, um caráter falacioso.
A execução
do último Czar, Nicolau II, da casa Romanov, que poderia ser atribuída aos
crimes praticados por ele contra o povo russo, perdeu toda a legitimidade e justificativa
moral ou legal, quando a pena capital foi estendida a sua família, inclusive às
crianças.
A ordem
emitida pelo próprio Lênin, não tinha outra função se não a de derrubar as
pontes, evitando qualquer possibilidade de retorno ao passado.
Derrubar as
pontes, tal qual a ordem de Sam Houston, que precedeu a conquista do Texas após
a batalha do Álamo, ou a atitude ousada de Caio Julio Cesar ao ordenar a travessia
do Rubicão, que imortalizou a frase “alea jacta est” ( a sorte esta lançada ) pouco
antes de seu exército invadir e conquistar Roma, evidencia a total falta de
confiança na capacidade de convencimento acerca de seus valores, mais ainda, na
falta de confiança em seus pares.
Assim procedendo,
ou tudo pode dar certo, ou tudo pode dar errado, ficando de uma forma ou outra,
o ônus e as perdas advindas da batalha, seja qual for o resultado dela,
imputadas ao povo.
A inconsequência
do governante, que deseja alcançar o poder e a manter-se nele,
independentemente dos custos envolvidos para isto, prática que se tornou comum
neste nosso Brasil varonil, desde os tempos Getulistas, tem condenado várias de
nossas gerações (passadas e futuras) a uma estagnação econômica, extrativista, a
um retrocesso em termos da construção da cidadania e da construção de uma
sociedade justa.
A lei do
Gerson, do vale tudo, da corrupção endêmica, institucionalizada a cada novo
pleito eleitoral, distancia nossos filhos de um caminho de luz e de
prosperidade, que poderíamos construir para eles.
Qualquer
ponte que tenha sido construída oferece uma travessia segura por sobre as águas
do rio que transpõe.
O que vamos
transportar pela estrada à qual ela serve é o que devemos nos perguntar.
Antes de
derrubar a ponte, preciso lembrar-me de que me vali dela para chegar aonde
cheguei.
Pense
nisto, antes de decidir seu voto nas próximas eleições.
Professor Orosco
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