CIENTISTAS DEBATEM SE
VIVEMOS UMA NOVA ÉPOCA GEOLÓGICA
Desde o surgimento Geologia enquanto ciência,
poucos séculos atrás, mais precisamente, cerca de 300 anos atrás, o ser humano
começou a se preocupar com a datação dos eventos que marcaram as eras e épocas do
planeta Terra.
Eras Geológicas – A
história geológica da Terra pode ser resumida em quatro eras geológicas,
caracterizadas de acordo com os principais eventos ocorridos na evolução do
planeta.
Tempo
em MAA
|
Época
|
Período
|
Era
|
0,01
|
Holoceno
|
Neogeno
|
Cenozóico
|
2
|
Pleistoceno
|
||
5
|
Plioceno
|
||
23
|
Mioceno
|
||
36
|
Oligoceno
|
Paleogeno
|
|
55
|
Eoceno
|
||
65
|
Paleoceno
|
Na escala de tempo geológico, o Plistoceno ou Pleistoceno é a época do período Quaternário da era Cenozoica do éon Fanerozoico que está compreendida entre 2,588
milhões e 11,5 mil anos atrás, abrangendo o período recente no mundo de
glaciações repetidas.
O Pleistoceno
sucede o Plioceno e precede o Holoceno,
ambos de seu período. Divide-se nas idades Pleistoceno Inferior, Pleistoceno Médio e Pleistoceno Superior, da mais antiga para
a mais recente.
O Pleistoceno (época geológica na história da Terra
que, estende-se de cerca de 2,5 milhões de anos a 11,5 mil anos atrás), que
abrangeu um período chamado Idade do Gelo, é considerado a etapa mais
importante da evolução humana, em virtude do maior número de alterações (anatômicas e fisiológicas) sofridas neste
período.
Estudos geológicos comprovam que o
Pleistoceno teve um clima bastante instável, com fases úmidas, de chuvas
torrenciais e com períodos de glaciações intercalados com períodos de seca,
onde o avanço e recuo das geleiras provocaram mudanças drásticas no clima,
afetando a vida animal e vegetal do planeta, forçando a migração espécies e
provocando a extinção de outras (seleção natural).
Dividido geologicamente em
Pleistoceno Inferior (até 700 mil anos atrás), Pleistoceno Médio (entre 500 mil
e 150 mil anos atrás) e Pleistoceno Superior (entre 500 mil e 150 mil anos
atrás), foi sucedido pelo Holoceno, período também chamado de época atual, que
se iniciou a cerca de10 mil anos, onde o homem tal como o reconhecemos hoje
(Homo Sapiens Sapiens), afirmou-se.
A evidencia da evolução do homem, a
partir de ancestrais pré-humanos, encontra-se nos registros de fósseis
descobertos, acompanhando os períodos geológicos citados, pode ser classificada
como:
1 – O Pré homínida, o
Australopithecus, ou homem-macaco, cujos fósseis foram datados de um a três
milhões anos atrás.
Este espécime era bípede, andava
ereto (constatado pela anatomia da pélvis, pernas, posição do crânio e coluna
vertebral, além dos pés), habitava terrenos abertos e alimentava-se de carne e
vegetais
Existem evidencias de que usos
instrumentos feitos de pedra e osso
Seu antecessor teria sido o fóssil denominado
“Lucy”, encontrado no lago Turkana, no Quênia, em 1979.
2 – O Homo Erectus, o
Pithecantropus, que viveu entre um milhão de anos e 100 mil anos atrás, com
vários espécimes fósseis encontrados: Homem de Java (1891), Homem de Pequim (38
unidades), Homem Erectus Mauritanicus (descoberto no norte da África), Homem
Erectus Heildelbergensis (Alemanha, 1908), que aparece associado a artefatos de
pedra e armas, evidenciando que caçava animais de médio e grande porte
(elefantes, rinocerontes, búfalos, etc.)
3 – O Homo Sapiens, o Neanderthal,
que teria surgido a aproximadamente 150 mil anos, no período da glaciação
denominada Würn, e possuía estrutura esquelética similar ao homem moderno,
embora mais volumosa, vivia em cavernas e usava o fogo para aquecer e iluminar
o seu ambiente.
Vestia-se com peles, alimentava-se
de carne e vegetais (aprimorou facas, martelos e pontas de lança) e, sepultavam
seus mortos junto com artefatos (descobriu-se uma sepultura na região de
fronteira entre o Irã e o Iraque inclusive com pólen, evidenciando flores), o
que nos leva a inferir ritos funerários e a crença na imortalidade da alma ou
espírito.
4 – O Homo Sapiens Sapiens, o grupo
final de homens fósseis, conhecido pela designação Cro-Magnon, que viveu
durante o Pleistoceno Superior, representa também o protótipo dos grandes
grupos raciais: Cro-Mognon para os brancos, Chancelade para os asiáticos e
Grimaldi para os negros.
Possuía uma tecnologia material
avançada, resultante de uma cultura intelectual bastante criativa (gravuras
multicoloridas nas paredes de cavernas) e, segundo fosseis encontrados na
Espanha, pode ter existido no mesmo período do homem de Neanderthal.
Isto significa que, apesar das
evidências encontradas nesses dados, a vida humana não se desenvolveu de forma
idêntica em todos os lugares habitados.
A época
Holocena, que sucede à época Pleistocena de
seu período, costuma ser dividi-la em cinco cronozonas baseadas
nas flutuações climáticas.
Holoceno/Antropogeno
|
Sub-boreal (5 ka – 2.5 ka)
Sub-atlântico (2.5
ka – presente)
|
O Holoceno inicia-se com o fim da
última era glacial principal, ou Idade do Gelo.
A época é informalmente chamada Antropogeno,
por abranger todo o período de civilizações, embora essa denominação não seja
reconhecida pela Comissão Internacional sobre Estratigrafia ( a disciplina que
analisa as marcas da passagem do tempo no planeta) da União Internacional de Ciências
Geológicas.
No período geológico denominado Holoceno, período
Neolítico (pedra nova, polida) evidencia-se a presença do Homo Sapiens Sapiens,
caracterizado pela produção de alimentos, inferindo uma agricultura incipiente,
depois intensiva, pela domesticação de animais, que deu origem ao pastoreio,
pelo sedentarismo, com a formação de aldeias e pelo surgimento da cerâmica.
O que se discute agora, é o estabelecimento de uma
nova época geológica, chamada Antropoceno, provocada pela presença e ação do
homem, do Homo Sapiens Sapiens, no planeta, principalmente a partir da
Revolução Industrial, final do século XVIII, onde a produção e consumo de
combustíveis fósseis começou a alterar as condições climáticas da Terra.
A ideia foi lançada no início deste século (século
XXI) pelo químico Paul Crutzen, do Instituto Max Plank, prêmio Nobel de Química
em 1995 por seus estudos sobre a camada de ozônio na atmosfera.
A pergunta que os cientistas tentam
responder é se estas transformações são tão relevantes e profundas quanto as
promovidas pelas grandes forças da natureza.
Classificar o Antropoceno como uma
nova época geológica é uma caracterização que depende da observação de uma
mudança nos registros geológicos, como, por exemplo, no padrão de sedimentação
em escala global.
Com o aumento do nível do mar,
haverá outro padrão de depósito de sedimentos e, onde hoje é continente, amanhã
será mar.
É um processo muito lento, de anos, talvez décadas
de análise e medições.
Essa nova marcação no tempo, porém, não se
restringiria ao aquecimento global, mas às diversas ações humanas,
impulsionadas pelo aumento populacional, como perda de habitats, mudança no uso
do solo, sobre exploração de recursos naturais, causando, por exemplo, perda da
biodiversidade, acidificação dos oceanos e perturbação dos ciclos naturais,
sendo este último, as evidencias mais robustas do impacto humano.
Diversos estudos, nos últimos anos, apontam
para uma mudança nos ciclos de carbono, nitrogênio e fósforo, além do
hidrológico, onde, por exemplo, os dados compilados e publicados em 2009, pelo
sueco Johan Rockström, junto com outros 28 cientistas, demonstram que a
humanidade já ultrapassou três de nove barreiras do planeta que mantêm o
sistema funcionando como o conhecemos.
As nove barreiras são: 1) O uso da água doce,
2) Conversão das florestas em plantações, 3) Acidificação dos oceanos, 4) Ciclo
do fósforo, 5) Contaminação química da atmosfera, 6) Aerossóis na atmosfera, 7)
Aquecimento global, 8) Extinção de espécies, 9) Ciclo do nitrogênio.
Já foram transpostos os limites da
biodiversidade, da mudança climática e do ciclo de nitrogênio, por causa do uso
excessivo de fertilizantes.
Três anos depois, em 2012, já se considera
também superado o limite de fósforo e alerta-se para o fato de que o de carbono
já está para ser atingido.
Hoje as emissões de carbono ultrapassam 40
bilhões de toneladas anuais, o que, indica que em menos de um século, vamos ter
o dobro de CO2 na atmosfera.
Outra corrente de cientistas, ainda mais
radical, defende que a presença do homem no planeta, alterou de tal forma o
ciclo natural do desenvolvimento das espécies, que o Antropoceno, não se trata
mais de classificar o tempo, apenas em fatores geológicos, a como época ou
período, mas de era.
A ERA ATÕMICA.
Professor Orosco
Texto elaborado a partir da
Reportagem de Giovana Girardi e publicada no Jornal O Estado de São Paulo em 26
de Dezembro de 2.012
Nenhum comentário:
Postar um comentário