sábado, 23 de agosto de 2014

VIVEMOS OU NÃO UMA NOVA ÉPOCA GEOLÓGICA?

CIENTISTAS DEBATEM SE VIVEMOS UMA NOVA ÉPOCA GEOLÓGICA


Desde o surgimento Geologia enquanto ciência, poucos séculos atrás, mais precisamente, cerca de 300 anos atrás, o ser humano começou a se preocupar com a datação dos eventos que marcaram as eras e épocas do planeta Terra.




Eras Geológicas – A história geológica da Terra pode ser resumida em quatro eras geológicas, caracterizadas de acordo com os principais eventos ocorridos na evolução do planeta.



Tempo em MAA
Época
Período
Era
0,01
Holoceno


Neogeno




Cenozóico
2
Pleistoceno
5
Plioceno
23
Mioceno
36
Oligoceno

Paleogeno
55
Eoceno
65
Paleoceno

Na escala de tempo geológico, o Plistoceno ou Pleistoceno é a época do período Quaternário da era Cenozoica do éon Fanerozoico que está compreendida entre 2,588 milhões e 11,5 mil anos atrás, abrangendo o período recente no mundo de glaciações repetidas.
O Pleistoceno sucede o Plioceno e precede o Holoceno, ambos de seu período. Divide-se nas idades Pleistoceno Inferior, Pleistoceno Médio e Pleistoceno Superior, da mais antiga para a mais recente.
O Pleistoceno (época geológica na história da Terra que, estende-se de cerca de 2,5 milhões de anos a 11,5 mil anos atrás), que abrangeu um período chamado Idade do Gelo, é considerado a etapa mais importante da evolução humana, em virtude do maior número de alterações  (anatômicas e fisiológicas) sofridas neste período.
            Estudos geológicos comprovam que o Pleistoceno teve um clima bastante instável, com fases úmidas, de chuvas torrenciais e com períodos de glaciações intercalados com períodos de seca, onde o avanço e recuo das geleiras provocaram mudanças drásticas no clima, afetando a vida animal e vegetal do planeta, forçando a migração espécies e provocando a extinção de outras (seleção natural).
            Dividido geologicamente em Pleistoceno Inferior (até 700 mil anos atrás), Pleistoceno Médio (entre 500 mil e 150 mil anos atrás) e Pleistoceno Superior (entre 500 mil e 150 mil anos atrás), foi sucedido pelo Holoceno, período também chamado de época atual, que se iniciou a cerca de10 mil anos, onde o homem tal como o reconhecemos hoje (Homo Sapiens Sapiens), afirmou-se.
            A evidencia da evolução do homem, a partir de ancestrais pré-humanos, encontra-se nos registros de fósseis descobertos, acompanhando os períodos geológicos citados, pode ser classificada como:
            1 – O Pré homínida, o Australopithecus, ou homem-macaco, cujos fósseis foram datados de um a três milhões anos atrás.
            Este espécime era bípede, andava ereto (constatado pela anatomia da pélvis, pernas, posição do crânio e coluna vertebral, além dos pés), habitava terrenos abertos e alimentava-se de carne e vegetais
            Existem evidencias de que usos instrumentos feitos de pedra e osso
            Seu antecessor teria sido o fóssil denominado “Lucy”, encontrado no lago Turkana, no Quênia, em 1979.
            2 – O Homo Erectus, o Pithecantropus, que viveu entre um milhão de anos e 100 mil anos atrás, com vários espécimes fósseis encontrados: Homem de Java (1891), Homem de Pequim (38 unidades), Homem Erectus Mauritanicus (descoberto no norte da África), Homem Erectus Heildelbergensis (Alemanha, 1908), que aparece associado a artefatos de pedra e armas, evidenciando que caçava animais de médio e grande porte (elefantes, rinocerontes, búfalos, etc.)
            3 – O Homo Sapiens, o Neanderthal, que teria surgido a aproximadamente 150 mil anos, no período da glaciação denominada Würn, e possuía estrutura esquelética similar ao homem moderno, embora mais volumosa, vivia em cavernas e usava o fogo para aquecer e iluminar o seu ambiente.
            Vestia-se com peles, alimentava-se de carne e vegetais (aprimorou facas, martelos e pontas de lança) e, sepultavam seus mortos junto com artefatos (descobriu-se uma sepultura na região de fronteira entre o Irã e o Iraque inclusive com pólen, evidenciando flores), o que nos leva a inferir ritos funerários e a crença na imortalidade da alma ou espírito.
            4 – O Homo Sapiens Sapiens, o grupo final de homens fósseis, conhecido pela designação Cro-Magnon, que viveu durante o Pleistoceno Superior, representa também o protótipo dos grandes grupos raciais: Cro-Mognon para os brancos, Chancelade para os asiáticos e Grimaldi para os negros.
            Possuía uma tecnologia material avançada, resultante de uma cultura intelectual bastante criativa (gravuras multicoloridas nas paredes de cavernas) e, segundo fosseis encontrados na Espanha, pode ter existido no mesmo período do homem de Neanderthal.
            Isto significa que, apesar das evidências encontradas nesses dados, a vida humana não se desenvolveu de forma idêntica em todos os lugares habitados.
A época Holocena, que sucede à época Pleistocena de seu período, costuma ser dividi-la em cinco cronozonas baseadas nas flutuações climáticas.


O Holoceno inicia-se com o fim da última era glacial principal, ou Idade do Gelo.
A época é informalmente chamada Antropogeno, por abranger todo o período de civilizações, embora essa denominação não seja reconhecida pela Comissão Internacional sobre Estratigrafia ( a disciplina que analisa as marcas da passagem do tempo no planeta) da União Internacional de Ciências Geológicas.
No período geológico denominado Holoceno, período Neolítico (pedra nova, polida) evidencia-se a presença do Homo Sapiens Sapiens, caracterizado pela produção de alimentos, inferindo uma agricultura incipiente, depois intensiva, pela domesticação de animais, que deu origem ao pastoreio, pelo sedentarismo, com a formação de aldeias e pelo surgimento da cerâmica.
O que se discute agora, é o estabelecimento de uma nova época geológica, chamada Antropoceno, provocada pela presença e ação do homem, do Homo Sapiens Sapiens, no planeta, principalmente a partir da Revolução Industrial, final do século XVIII, onde a produção e consumo de combustíveis fósseis começou a alterar as condições climáticas da Terra.
             A ideia foi lançada no início deste século (século XXI) pelo químico Paul Crutzen, do Instituto Max Plank, prêmio Nobel de Química em 1995 por seus estudos sobre a camada de ozônio na atmosfera.
            A pergunta que os cientistas tentam responder é se estas transformações são tão relevantes e profundas quanto as promovidas pelas grandes forças da natureza.
            Classificar o Antropoceno como uma nova época geológica é uma caracterização que depende da observação de uma mudança nos registros geológicos, como, por exemplo, no padrão de sedimentação em escala global.
            Com o aumento do nível do mar, haverá outro padrão de depósito de sedimentos e, onde hoje é continente, amanhã será mar.
É um processo muito lento, de anos, talvez décadas de análise e medições.
Essa nova marcação no tempo, porém, não se restringiria ao aquecimento global, mas às diversas ações humanas, impulsionadas pelo aumento populacional, como perda de habitats, mudança no uso do solo, sobre exploração de recursos naturais, causando, por exemplo, perda da biodiversidade, acidificação dos oceanos e perturbação dos ciclos naturais, sendo este último, as evidencias mais robustas do impacto humano.
Diversos estudos, nos últimos anos, apontam para uma mudança nos ciclos de carbono, nitrogênio e fósforo, além do hidrológico, onde, por exemplo, os dados compilados e publicados em 2009, pelo sueco Johan Rockström, junto com outros 28 cientistas, demonstram que a humanidade já ultrapassou três de nove barreiras do planeta que mantêm o sistema funcionando como o conhecemos.
As nove barreiras são: 1) O uso da água doce, 2) Conversão das florestas em plantações, 3) Acidificação dos oceanos, 4) Ciclo do fósforo, 5) Contaminação química da atmosfera, 6) Aerossóis na atmosfera, 7) Aquecimento global, 8) Extinção de espécies, 9) Ciclo do nitrogênio.
Já foram transpostos os limites da biodiversidade, da mudança climática e do ciclo de nitrogênio, por causa do uso excessivo de fertilizantes.
Três anos depois, em 2012, já se considera também superado o limite de fósforo e alerta-se para o fato de que o de carbono já está para ser atingido.
Hoje as emissões de carbono ultrapassam 40 bilhões de toneladas anuais, o que, indica que em menos de um século, vamos ter o dobro de CO2 na atmosfera.
Outra corrente de cientistas, ainda mais radical, defende que a presença do homem no planeta, alterou de tal forma o ciclo natural do desenvolvimento das espécies, que o Antropoceno, não se trata mais de classificar o tempo, apenas em fatores geológicos, a como época ou período, mas de era.  
A ERA ATÕMICA.


Professor Orosco



Texto elaborado a partir da Reportagem de Giovana Girardi e publicada no Jornal O Estado de São Paulo em 26 de Dezembro de 2.012

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