sexta-feira, 1 de agosto de 2014

SERÁ QUE FOI UMA CONQUISTA DE FATO ?


Voltando para meus afazeres cotidianos, depois de participar de mais uma Reunião Extraordinária do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, tive a oportunidade de acompanhar uma minha colega de Conselho em parte de sua aventura para voltar para casa.
Cega, veio sozinha desde São José dos Campos, ônibus, rodoviária, metro, troca de trens, calçadas, só para lutar, voluntariamente, pela defesa dos direitos das pessoas que, como ela, sofrem com alguma incapacidade.
Percebi o quão pequenos são os meus problemas e o quão fraco sou quando reclamo de minha dor nas costas, do meu resfriado, do meu pouco dinheiro.
Olhei ao meu redor, e isto eu posso fazer, e percebi que, tanto no metro como na cidade já existem inúmeras pessoas com deficiência circulando.
Sinto-me recompensado ao perceber que nosso trabalho produziu frutos.
Uma conquista.
Há poucos anos, só estavam lá para mendigar ajuda.
Hoje, elas trabalham, compram, se divertem, sonham, se fazem respeitar.
Sem dúvida uma conquista.
No entanto, ainda percebo que existe uma parcela importante destas pessoas, seres humanos que sofrem de alguma incapacidade, que não estão sendo devidamente contempladas, ainda que nos seus direitos mais básicos.
As pessoas com deficiência intelectual.
Não só altistas, mas todos, como os Angelman's e os vários PC's, que ainda são preteridos da atenção básica, como saúde e educação.
Sinto-me compelido a continuar lutando, mas lamento que boa parte de meus companheiros, influenciados pelas conquistas alcançadas tenham, alguns demonstrando os efeitos da fadiga pela luta e outros que ficaram acomodados em suas cadeiras motorizadas, deixado a militância aguerrida em prol do coletivo.
A união faz a força, e no nosso caso, a união nos permite ficar em pé.
Apoiados uns nos outros podemos vislumbrar melhor o horizonte que se ergue diante dos nossos olhos, descrevendo-o para os que não podem enxergar.
Se ficarmos divididos, por "picuinhas pessoais", brevemente estaremos reivindicando novamente as calçadas para mendigar. 
Como em qualquer peleja, a conquista é sempre mais fácil que a manutenção dos territórios conquistados.
Não devemos, não podemos, nos esquecer disso.

Professor Orosco


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