A recente estiagem prolongada em São Paulo está provocando a abertura de uma significativa quantidade de poços artesianos por toda a parte, dada a preocupação de todos em garantir o abastecimento d'água para uma população superior a 20 milhões de pessoas, somente na área próxima da Capital.
Diferentemente dos velhos poços d'água, de baldes e sarilhos, estes poços têm uma profundidade considerável, ultrapassando, na maioria dos casos, os cem metros de profundidade.
Geralmente, oferecem água de qualidade razoável, porém, impotável pelos padrões sanitários, requerendo, quase sempre, tratamento adicional , o que raramente é feito com o devido zelo.
A água, para ser retirada desta profundidade, geralmente necessita de um processo mecânico que, injeta ar, por exemplo, para compensar a água retirada, mantendo o nível do reservatório subterrâneo com a pressão necessária.
Ocorre que, em grande escala, esta pressão não se equaliza e, forma-se bolsas flutuantes de ar, sob o solo.
Um único poço, não oferece grandes riscos, mas muitos podem provocar a movimentação do solo e afetar as construções na superfície.
A poucos anos, uma gigantesca cratera formou-se em Cajamar, engolindo casas e ruas, como consequência do uso inadequado e da quantidade excessiva de poços artesianos naquela região.
Qualquer engenheiro de solos, qualquer geólogo, sabe o que estou dizendo.
A conivência e a ausência do poder público nesta hora, pressionado pelas eleições, como agente fiscalizador e regulador do número destes poços, caracteriza-se um verdadeiro crime que, dadas as características da metrópole, pode provocar acidentes muito graves e com muitas vítimas, já no curto prazo.
Imaginem a construção de prédios sobre um solo que se comporta como uma bexiga de ar, pronta para estourar.
O assunto é sério e de maneira egocêntrica, parece que as pessoas não estão querendo abordá-lo.
Grandes edifícios, grandes condomínios, agindo por conta própria, cavando poços, aleatoriamente e, por toda a parte, em número elevado, trarão conseqüências gravíssimas para todos nós.
Professor Orosco.
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