sexta-feira, 4 de julho de 2014

TRAIÇÃO


Cristo foi traído.
César foi traído.
Durante a história do homem a traição sempre esteve presente, sendo uma ação, uma atitude, inerente do comportamento humano.
Assim, desde Abel, traído por Caim, ou José por seus irmãos, se examinarmos com afinco a história da humanidade, encontraremos inúmeros exemplos, num amplo espectro de gênero e grau.
Dalila traiu Sansão; Nero traiu sua mãe, traiu aquela que o gerou e o conduziu ao trono; Hitler traiu o povo alemão, assim como foi traído por seus generais.
Por desejo, por cobiça, por inveja, por temor ou qualquer outro motivo, as causas são tão variadas quanto os seus efeitos e danos provocados.
No entanto, faz-me mister observar que as sequelas provocadas por ela, independentemente de sua extensão, ficam de tal forma gravadas e alcançam tal profundidade na alma e na memória, que mesmo "perdoadas" ou "toleradas e aceitas", jamais serão esquecidas.
Como um vaso de cristal que se quebra e não pode ser colado, a confiança nunca mais será, plenamente, restabelecida e a muralha levantada entre as partes, mesmo que tenha várias janelas, será sempre dolorosamente intransponível.
O paradoxo é que, mesmo aquele que trai, espera não ser traído.
Todos os homens rendem homenagens à verdade e à lealdade, tidas e aceitas como virtudes dos homens de honra, mas, da mesma forma que não obedeceram ao código draconiano de leis, "quase" todos, igualmente, se permitem desobedecer à regra que pregam, vez ou outra.
Thomas Hobbes, embora não a tenha citado textualmente, seguramente a classificaria como um dos "direitos naturais do homem", considerando-a uma atitude tão natural como aquelas que visam a própria preservação.
De qualquer forma este tema ocupará, ainda por muito tempo, a atenção e o interesse de muitos filósofos, que buscam compreender a essência humana.
Da moral kantiana à loucura de Nietzsche, o consenso sobre o tema ainda está no campo da utopia.

Professor Orosco



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