O presente trabalho pretende fazer uma
reflexão sobre a obra de Porfírio ao analisar as “Categorias de Aristóteles”,
que serviram de base para o desenvolvimento de uma lógica da linguagem, que
persiste até nossos dias.
Porfírio
(234/305) foi um filósofo neoplatônico, um dos mais importantes discípulos de
Plotino, responsável por organizar e publicar 54 tratados de seu mestre na obra
“As Enéadas”, composta por seis livros.
Seu livro
“Introductio in Praedicamenta”, traduzido para o latim por Boécio (475/523)
transformou-se em um texto padrão nas escolas medievais.
Nesta obra,
também conhecida por “Isagoge”, Porfírio faz um comentário e uma análise da
obra “Categorias” de Aristóteles (384/322 a.C.), descrevendo como as qualidades
atribuídas às coisas podem ser classificadas, quebrando o conceito filosófico
da substância como gênero/espécie do relacionamento.
Para
compreender melhor o seu trabalho, principalmente para o campo da lógica e da
linguagem, vamos iniciar o presente artigo fazendo uma pequena retrospectiva,
partindo dos conceitos primários da linguagem e dos pressupostos aristotélicos.
A primeira
função da linguagem seja ela realizada da forma que for, por meio da fala, da
escrita ou da transmissão de imagens, é transmitir a informação e, para isso no
exercício da linguagem, principalmente na sua forma escrita, nós podemos
combinar ou não, entre si, aquilo que chamamos palavras, expressões ou frases,
sempre que desejamos manifestar uma ideia.
Ao fazê-lo
nos valemos de um vocabulário do campo semântico da lógica, qual seja, termos,
proposições, etc.
O termo é
uma unidade de representação do conceito; é a encarnação dos conceitos e das
ideias em palavras.
Pode ser constituído
por uma única palavra ou por um grupo de palavras que denota o conceito.
Na lógica,
é um nome associado a um objeto do universo do discurso.
O termo
pode ser unívoco, quando se aplica a uma ideia, ou seja, quando o nome da coisa
significa o mesmo em cada caso e tem a mesma definição.
Exemplo: Um
homem e um boi recebem o nome de “animal”.
Este nome é
o mesmo em ambos os casos, mantendo a definição essencial, já que toda vez que
falamos de animal estaremos dando a mesma definição.
O termo
pode ser equívoco, quando designa várias ideias, ou seja, quando a definição de
sua essência é distinta.
Exemplo: A
palavra manga pode significar uma fruta ou uma parte da roupa (parte da camisa,
parte do casaco, etc.).
O termo
pode ser análogo, quando associa palavras por comparação, ou seja, a uma ideia
comum.
Exemplo: O
termo saudável pode ser associado à comida, a um remédio, a um exercício,
sempre se conotando a ideia comum de coisas que se relacionam com a saúde.
O termo
pode ser derivado, quando os objetos tem seu nome derivado de outro, por meio
de uma nova forma verbal.
Exemplo: de
heroísmo deriva-se herói.
O termo
pode indicar uma localização, como por exemplo, anterior, que só pode ser usado
quando a ordem de existência entre duas coisas for fixa, não podendo ser
reversível.
Exemplo:
entre os números reais, o número um é sempre anterior ao número dois.
Em uma
oração existem dois termos essenciais: o sujeito e o predicado.
O sujeito é
aquele sobre o qual se diz alguma coisa e o predicado é aquilo que se declara
do sujeito.
Existem
três tipos de predicados: o nominal, o verbal e o verbo-nominal.
Predicado
nominal é aquele cujo núcleo significativo é formado por um nome, que pode ser
um substantivo, um adjetivo ou um pronome.
Exemplo:
Gustavo é um estudante.
Predicado
verbal é aquele cujo núcleo significativo é formado por um verbo, seguido ou
não de termos acessórios.
Exemplo: A
caneta caiu.
Predicado
verbo-nominal é aquele que tem dois núcleos significativos: um verbo e um nome.
Exemplo: Eu
acho minha caneta feia.
Preposição
é uma palavra invariável que liga dois elementos da oração, subordinando o
segundo ao primeiro (substantivo a substantivo; verbo a substantivo; adjetivo a
substantivo, etc.).
As
preposições podem ser essenciais: a, ante, até, após, com, contra, de, desde,
em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás...
Também
podem ser acidentais: afora, menos, salvo, conforme, exceto, como, que,
segundo, mediante...
Proposições
(do latim propositione) referem-se ao ato de propor, referem-se a uma proposta
ou sugestão.
Na
gramática, significa uma oração ou sentença.
A
proposição é um “julgamento” que associa ou dissocia sujeitos e predicados,
podendo ser verdadeira ou falsa.
Costuma-se
usar a palavra proposição para designar o significado de uma sentença ou oração
declarativa.
Argumento é
qualquer grupo de proposições, de tal forma que se afirme ser uma delas
derivada das outras, as quais são consideradas provas evidentes da verdade da
primeira.
Um
argumento envolve sempre, pelo menos, duas preposições: uma conclusão e pelo
menos uma premissa.
A conclusão
de um argumento é aquela proposição que se afirma com base nas outras proposições
desse mesmo argumento e, por sua vez, essas outras proposições que são
enunciadas como provas ou razões para aceitar a conclusão são as premissas
desse argumento.
Nenhuma
proposição, tomada em si mesma, isoladamente, é uma premissa ou uma conclusão.
No universo
da linguagem, existem coisas das quais, quando nos referimos a elas por
palavras sem combinar, podemos predicar algo de um sujeito, ainda que não se
achem presentes a nenhum sujeito.
Exemplo: um
elemento gramatical está na mente ou na inteligência como em um sujeito, mas
não pode predicar-se de qualquer sujeito conhecido.
Por outro
lado, existem algumas coisas que não só se afirma ou se predicam de um sujeito,
senão que se acham, ademais, no sujeito.
Exemplo: a
ciência ou o conhecimento está presente nesta ou naquela inteligência, como no
sujeito.
Existe,
ainda, uma classe de coisas que não pode achar-se em um sujeito e nem podem ser
afirmadas de nenhum sujeito.
Exemplo:
este ou aquele homem; este ou aquele cavalo.
Ou seja, de
forma geral, nunca se pode afirmar de um sujeito aquilo que em sua natureza é
individual ou numericamente um.
Ainda sobre
os predicados, podemos dizer que quando predicamos uma coisa de outra coisa,
como de um sujeito, os predicados do predicado se estendem ao sujeito.
Predicamos
o termo homem, de um homem; igualmente predicamos o termo homem do animal; logo,
como consequencia, podemos predicar o termo animal, deste ou daquele homem.
Isto porque
um homem é ambas as coisas, homem e animal.
Dos
predicáveis, alguns são ditos de acordo com um somente, como os indivíduos,
como por exemplo, Sócrates, este e aquele; e alguns de acordo com muitos, como
os gêneros, as espécies, as diferenças, os próprios e os acidentes, que são em
comum, mas não propriamente em algo; o gênero é, por exemplo, o animal; a
espécie, por exemplo, o homem; a diferença, por exemplo, o racional; o próprio,
por exemplo, a capacidade de rir e o acidente, por exemplo, o branco, o preto,
o sentar-se.
Assim, o
gênero é uma característica arbitrária dos sistemas linguísticos naturais; um
sistema de classificação nominal que possuem algumas linguagens em que os
elementos nominais são classificados dentro de um número finito de classes,
para os quais, geralmente há regras de concordância.
De fato,
diz-se que gênero é a reunião daqueles que possuem, de alguma maneira, algo
relativo a um e um relativo uns aos outros.
É o
princípio de geração de cada um.
Quando os
gêneros não estão subordinados uns aos outros e são distintos, suas diferenças
serão distintas especificamente.
Quando
estão subordinados, uns aos outros, nada impede que eles tenham as mesmas
diferenças.
Desta
forma, predicamos uma magnitude maior de outra menor, ou seja, compreendemos
que as diferenças do predicado afetam e pertencem ao sujeito.
Sendo o
homem espécie, predica-se de Sócrates e Platão, os quais não diferem um do
outro em espécie, mas em número; e sendo o animal gênero, predica-se de homem,
de boi e de cavalo, os quais diferem um do outro em espécie e não somente em
número.
O gênero
difere-se também do próprio, pois o próprio predica-se de acordo com uma
espécie somente, da qual ele é próprio.
Assim, o
gênero distancia-se dos que são predicáveis de acordo com somente um dos
indivíduos; distanciam-se dos predicáveis como espécies ou como próprios e, ao predicar-se
no que é, distancia-se das diferenças e dos acidentes comuns.
A espécie é
dita sobre a forma de cada um, e também do que é sob o dado gênero,
definindo-se como o que se põe sob o gênero e sendo aquilo de que o gênero se
predica no que é.
A
substância, o princípio do ser, aquilo que é permanente, a natureza de uma
coisa, a essência é, ela própria, um gênero; sob ela está o corpo; sob o corpo
está o corpo animado, sob o qual está o animal; sob o animal está o animal
racional, sob o qual está o homem; sob o homem estão Sócrates, Platão e outros
particulares.
Desta forma,
o relativo aos anteriores a si, de acordo com o qual se diz que são espécies
deles e o relativo aos posteriores a si, de acordo com o qual se diz que são
gêneros deles.
Em outras
palavras, os que estão no meio serão espécie dos anteriores a si e gêneros dos
posteriores a si.
Os iguais
devem predicar-se dos iguais ou os maiores dos menores, como o relinchar do
cavalo ou como o animal do homem, mas não os menores dos maiores, pois não se
pode dizer que o animal é um homem, assim como se diz que o homem é um animal.
A diferença
se diz comumente, propriamente e mais propriamente.
Comumente
quando difere do outro por qualquer tipo de alteridade, relativamente a si ou
relativamente a outro.
Exemplo:
Sócrates difere de Platão por alteridade e ele difere de si mesmo, sendo
criança e havendo se tornado adulto.
Difere
propriamente do outro sempre que ocorrer um acidente inseparável, como por
exemplo, a cor dos olhos, uma cicatriz na face, etc.
Difere mais
propriamente do outro sempre que se separar por uma diferença específica, como
por exemplo, o homem difere do cavalo pela diferença específica de ser
racional.
Ou seja, a
diferença é aquilo que é naturalmente apto a separar os que estão sob o mesmo
gênero.
O próprio,
por sua vez, divide-se em quatro possibilidades:
O que é
acidente em somente uma espécie, posto que não em toda, como no homem este ser
médico ou geômetra.
O que é
acidente em toda a espécie, como no caso do homem que é bípede.
O que é em
um somente, em todo e em um período, como todo o homem ficar grisalho na
velhice.
E aquele no
qual concorre o ser em uma espécie somente, em toda ela e sempre, como o homem
ser capaz de rir.
O acidente,
por sua vez, é o que aparece e desaparece sem a corrupção do sujeito, podendo
ser separável, como dormir; e inseparável, como ser preto no corvo ou no
etíope.
O acidente
é o que se admite pertencer ou não pertencer ao mesmo, ou o que não é nem
gênero nem diferença, nem espécie, nem próprio, mas sempre subsistente no
sujeito.
Assim
sendo, pelo que observamos até aqui, podemos dizer que:
É comum do
gênero e da diferença o conterem as espécies.
De fato, a
diferença contém espécies, mesmo que não todas que o gênero contém.
É comum
também, o fato de removidos o gênero ou a diferença, removerem-se também os que
estão sob eles.
No entanto,
é próprio do gênero o ser predicado de muitos, isto é, da diferença, da
espécie, do próprio e do acidente.
O gênero
contém a diferença em potencia, sendo anterior a ela.
Por sua
vez, tomam-se por diferenças aquelas pelas quais o gênero é cindido.
O gênero e
a espécie possuem em comum serem predicados, e diferem-se pelo gênero conter as
espécies e estas estarem apenas contidas nos gêneros.
É comum ao
gênero e ao próprio o seguirem-se às espécies, o gênero predicar-se das
espécies e o próprio dos indivíduos que dele participam.
O gênero é
anterior e o próprio é posterior.
O gênero
predica-se de acordo com muitas espécies, mas o próprio o faz de uma espécie,
do qual ele é próprio.
Os próprios
removidos não removem os gêneros, mas os gêneros removidos removem as espécies
dos quais são próprios.
É comum ao
gênero e ao acidente o predicarem-se, como se disse, de acordo com muitos, seja
dos separáveis, seja dos inseparáveis.
O gênero
diferencia-se do acidente, sendo este anterior às espécies e o outro posterior
a elas.
Os gêneros
predicam-se dos que estão sob ele no que é, mas os acidentes o fazem no como é
ou no como cada um se porta.
É comum da
diferença e da espécie o serem igualmente participadas e o estarem sempre juntas
aos que delas participam.
Por sua
vez, é próprio da diferença o predicar-se no como é enquanto a espécie o
predicar-se no que é.
A diferença
e o próprio têm em comum o serem participados igualmente pelos que deles
participam, estando sempre juntos a tudo.
É próprio
da diferença que ela, por vezes, seja dita em muitas espécies, como o racional
tanto no deus, quanto no homem; mas, o próprio o é em uma espécie, da qual ele
é próprio.
É comum à
diferença e ao acidente o serem ditos de muitos e é comum, com relação aos
acidentes inseparáveis, o sempre estarem juntos a tudo.
Diferem no
fato da diferença conter e não ser contida.
A diferença
não é mais ou menos intensa, mas os acidentes aceitam o mais e o menos.
É comum à
espécie e ao próprio o se antipredicarem um ao outro, ao mesmo tempo em que a
espécie difere do próprio, por ser gênero de outros, enquanto o próprio não
pode ser próprio de outros.
É comum da
espécie e do acidente o predicarem-se em muitos, enquanto é próprio da espécie
o predicar-se no que é dos que é espécie e, do acidente, o fazê-lo no como se
porta.
É comum ao
próprio e ao acidente inseparável que eles não subsistam àqueles que são
contemplados sobre eles dois, e diferenciar-se pelo próprio estar junto a uma
espécie e o acidente inseparável não estar junto a uma espécie.
Para
Aristóteles, cada uma das palavras ou expressões independentes, aquelas que não
se combinam com as outras, significam, possuem, de suas, uma das seguintes
características:
O que é, ou
a substância, essência;
A sua magnitude,
ou a sua quantidade;
Que classe
de coisa é, ou a sua qualidade;
Com o que
se relaciona, ou a sua relação;
Onde está,
ou o seu lugar;
Quando
está, ou em que tempo;
Em que
atitude está, ou sua posição, seu estado;
Quais as
suas circunstâncias, seu hábito, condição;
Qual a sua
atividade, a ação;
Qual a sua
passividade, a paixão.
Nenhum
destes termos, em si mesmo, conota uma afirmação positiva ou negativa, o que só
ocorre quando vários termos se combinam entre si.
O sentido
primeiro, mais verdadeiro do termo substância, é o de que é aquilo que nunca se
predica de outra coisa e nem pode achar-se no sujeito.
No entanto,
podemos falar de substâncias secundárias, entre as quais, se são especiais,
ficam incluídas às substâncias primárias, nas quais, se são gêneros, ficam
contidas às mesmas espécies.
Exemplo:
incluímos um homem particular na espécie chamada homem e, à sua vez, incluímos
esta espécie no gênero animal.
Assim
colocado, das substâncias primárias, somente a espécie e o gênero, entre todas
as coisas, podem ser chamados substâncias secundárias, isto porque, dentre
todos os predicados possíveis, somente eles definem a substância primária.
É comum à
substância não estar presente no sujeito, porque o que chamamos substância
primeira não pode estar presente no sujeito nem predicar-se de nenhum sujeito.
Predicamos
a espécie homem e, sem exagero, homem não se acha no sujeito, já que a
humanidade não está no homem.
A diferença
e a substância tem em comum a característica de quando as predicamos, as
predicamos univocamente.
Toda
substância se nos apresenta como um indivíduo, o que nos indica que é um,
indivisível, não tendo graus ou admitindo ser mais ou menos, muito embora,
mesmo permanecendo uma e a mesma, ela pode receber em si mesma, qualidades
contrárias, por meio de uma transformação realizada em si mesma.
A
quantidade é discreta ou contínua.
Podemos
entender por discreta, o número ou a locução, e por quantidades contínuas, a
linha, a superfície, o sólido, ou às que se podem associar tempo e lugar.
Os números
(reais) são grandezas absolutas, nem mais nem menos, pelo que representam
quantidades discretas, grandezas exatas, não contínuas.
A linha,
por sua vez, é contínua.
Nela
descobrimos um ponto, que separa o antes e o depois, mas como o tempo, são
infinitos para antes ou para depois do ponto.
Também o
espaço está nessa classe da quantidade.
Assim,
pode-se deduzir que as quantidades se compõem de partes; e essas partes,
segundo vimos, tem posições relativas entre si ou carecem de tais posições.
No caso do
tempo, seria melhor poder dizer que suas partes tem uma ordem relativa, isto
porque uma é anterior à outra.
Uma
qualidade, por sua vez, sempre é expressa em relação a outra, mais ou menos,
mais ou menos branca; mais ou menos doce; mais ou menos bonito, etc.
Por
qualidade entende-se aquilo cuja virtude os homens são chamados tais e quais.
As
qualidades que chamamos passivas não são, em verdade, designadas com este nome
por significar que as coisas que as possuem estão afetadas de alguma forma, ou
que experimentam uma mudança em si mesmas, mas sim, que podem provocar uma
sensação.
Todas as
cores, por exemplo, o branco e o negro, são qualidades passivas, e lhes damos
estes nomes pelo fato de que nos provocam, nos despertam, estados afetivos ou
passionais.
As
qualidades também podem indicar as formas e as figuras das coisas (plano, reto,
cilíndrico, etc.) e as coisas que derivam seus nomes delas, ou dependem delas
de qualquer outra forma, são coisas qualificadas de uma ou outra maneira.
As
qualidades admitem a contrariedade, sem bem que não em todos os casos,
admitindo sempre os graus, mais ou menos, maior ou menor, etc.
Por sua
vez, os sujeitos de qualidades contrárias precisam pertencer à mesma espécie ou
gênero.
Dizemos que
uma coisa é relativa quando ela existe do modo que existe; porque existe em
dependência de outra coisa; porque sua existência está relacionada com algo de
alguma forma.
Por
exemplo, dizemos que é o “dobro” por ser duas vezes algo.
Existem,
por sua vez, outras formas de relação, como hábito, disposição, percepção,
posição ou atitude, conhecimento.
Todos
explicáveis por meio de uma referencia a algo que eles possuem.
Assim, um
hábito é um hábito a algo; um conhecimento é conhecimento de algo; uma posição
é posição de algo, etc.
Dizemos que
uma colina é grande, em relação a outra, da mesma forma que dizemos que algo é
semelhante ou igual, se for semelhante ou igual a algo.
Os
relativos, às vezes, permitem contrários.
A virtude é
contrario ao vicio, sendo cada um dos termos, em si mesmo, um relativo.
Os
relativos, em alguns casos, admitem graus, um mais ou um menos, um igual ou um
desigual.
Todos os
relativos têm seus correlativos, e dizer, para existir o “escravo” é necessário
existir o “senhor”; para existir o dobro, é necessário existir a metade, etc.
Assim, para
que se possa perceber um objeto, este precisa existir antes da percepção, pois
o ato da percepção implica primeiro na existência de um objeto, de um corpo que
possa ser percebido, começando a percepção a existir junto com o sujeito que
percebe.
Dito isto,
fica evidente que se um relativo é conhecido de uma maneira definida, aquilo ao
que faz referencia será, também, algo conhecido de uma maneira definida.
A ação e a
paixão, por sua vez, admitem contrários e graus, e dizer, aquecer é o contrário
de esfriar, podendo ser aquecido mais ou menos.
Finalizando,
para Porfírio, os conceitos se subordinam, partindo dos mais gerais até chegar
aos menos extensos.
Em sua
obra, construiu uma árvore, “a árvore de Porfírio”, que tenta representar estes
critérios de subordinação.
Para ele, a
substância pode ser material (a coisa) ou imaterial (o espírito), ou seja, ela
pode ser corporal ou incorporal.
A coisa
pode ser animada, como os viventes, ou inanimada, como os minerais.
Os viventes
podem ser sensíveis, como os animais ou insensíveis, como as plantas.
Os animais
podem ser racionais, como o homem, ou irracionais, como as bestas.
E o homem,
pode ser dividido segundo o número de sujeitos que compõem a espécie.
Professor Orosco
REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
COPI, Irving.M. Introdução
à Lógica.Tradução de Álvaro Cabral. 2 ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978.
OROSCO, José Carlos. Euskadi.
São Paulo: Java, 2013.
SARANYANA, Joseph-Ignasi. A Filosofia Medieval.Das Origens Patrísticas à Escolástica Barroca.Tradução de Fernando
Salles. São Paulo: Instituto Brasileiro
de Filosofia e Ciência Raimundo Lulio, 2006.
www.fflch.usp.br/df/cepame/textos/traducoes/porfirio-isagoge.pdf,
acessado em 14 de julho de 2013.
www.new.pensamentopenal.com.ar/.01032010/filosofia03.pdf.
acessado em 25 de Julho de 2013.