sexta-feira, 12 de julho de 2013

A FILOSOFIA DE PLOTINO



       O presente trabalho pretende descrever uma análise que fiz sobre o Pensamento Filosófico de Plotino, a partir dos pressupostos filosóficos antropológicos da visão de homem para Platão e Aristóteles.

         Plotino (205/270) foi o fundador e é considerado o maior representante do movimento chamado neoplatonismo, responsável pelo fim de um longo período de pluralismo, durante o qual as diferentes escolas filosóficas (cética, estoica e epicurista) tinham produzido representações correntes de Platão.
         Sensível à questão religiosa da salvação, típica do seu tempo, ele permaneceu fiel aos fundamentos do racionalismo grego e à autoridade de Platão, cuja teoria gnosiológica, a partir de sua religião (órfica), entendia Corpo e Alma como substâncias completas em si, que se unem acidentalmente.
         Para Platão, a alma, no momento da desencarnação, bebe das águas do rio Lete (do esquecimento) para apagar da memória os pecados contidos na vida passada e, dependendo de quanto beba, no momento da retomada da consciência em novo corpo, pode ainda preservar a base do conhecimento humano, fenômeno que chamou “reminiscência” (recordação do passado; o que se mantém na memória).
         Plotino, fiel a este conceito, entendia a alma como possuidora de diferentes partes, que se superpõem e constituem por seu agrupamento, a realidade humana.
         Algo próximo do pensamento de Aristóteles, que via no seu silogismo dialético, premissas endoxais, aceitas pela maioria dos indivíduos; entendidas como não verdadeiras em todos os casos, mas na maioria deles.
         Para Aristóteles, a primeira forma de conhecimento do homem é a percepção dos objetos sensíveis, de onde se extrai as lembranças, existindo no seu entender três categorias de alma: vegetativa, como nas plantas; sensitiva, como nos animais e intelectiva, nos homens, contendo a superior, potencialmente, a inferior.
         Plotino entendia a parte inferior da alma como sendo aquela que exerce as atividades da alma animal, da sensação e do movimento; da alma vegetativa, que é o crescimento.
         A parte central, entendida como racional, que realiza seu discurso interior ou exterior no tempo, e a parte superior da alma, que exerce a atividade do pensamento puro, típica do intelecto.
         E dizer, como que acompanhando a linha de raciocínio de Aristóteles, Plotino privilegia uma apresentação hierárquica onde os níveis de realidade descem do Uno até a matéria, indo do Ser-Intelecto e da Alma aos corpos inanimados, ou seja, onde o efeito não está separado da causa, estando sempre em seu princípio.
         O “Um”, chamado frequentemente de “Bem”, “Deus” ou “Primeiro”, é o fundamento de todas as coisas, absolutamente simples e único, de onde tudo emana e para onde tudo deseja retornar.
         O ser humano, enquanto corpo, governado por uma alma provida de funções superiores (raciocínio e intelecto) ou inferiores (sensitivas e vegetativas) é verdadeiramente o ponto de encontro dos dois mundos tradicionais de Platão: o inteligível e o sensível.
         Plotino declara que a alma é como um universo inteligível. 
                                                                          (Enéadas IV,7)
         Para poder tocar o “Um”, a alma deve despojar-se de tudo e abandonar o que caracteriza a inteligência para perder toda a forma, como objeto para o qual ela tende.
         Para Plotino, ainda que existam muitas almas, todas elas são uma só alma; uma alma que pode se tornar Intelecto, já que na sua parte superior, ela já é um intelecto.
         Ou seja, Plotino, copiando Platão, diz que existem duas classes de natureza: a inteligível e a sensível, e que, antes de encarnarmos em um corpo, estávamos no inteligível e éramos almas puras e intelecto, onde outro homem, o que nasceu no tempo, juntou-se ao que éramos antes, chegando nossa alma, ligando-se ao sensível a esquecer-se do inteligível.

“Na verdade, antes de acontecer o nascimento, estávamos lá [no inteligível], sendo outros homens e, alguns, também deuses: almas puras e intelectos unidos à totalidade da essência, partes do inteligível, sem separação, sem divisão, mas sendo do todo...”
                                Enéadas VI, 4,14,16-25

         Segundo Pierre Hadot, em sua obra “Les niveaux de conscience dans lês états mystiques selon Plotin” (Journal de Psychologie, n 2-3, p 246-247, 1980) essa tomada de consciência da vida superior não se faz pela consciência ordinária do homem, mas por uma supraconsciência.
         Plotino reconhece ainda que existem sensações que não alcançam a consciência; que existem desejos que permanecem na parte apetitiva (aquela associada à capacidade de experimentar dores e prazeres físicos) e são desconhecidos por nós, antecipando o conceito de inconsciente de Freud, explicando, por exemplo, a busca automática e natural por água, quando o corpo sente sede; por alimento, quando sente fome; por calor, quando sente frio; pelo abrigo, quando cai a noite.

REFERÊNCIAS:

BRANDÃO, Bernardo G.S.L. A União da Alma e do Intelecto na Filosofia de Plotino. Belo Horizonte: Kriterion,  n 116, Dez/2007, p.481-491.
OROSCO, José Carlos. Euskadi. São Paulo: Jaza Editora, 2013.

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